10. Helena

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Juntamos nossos lábios. O beijo de Dylan era um furacão, um turbilhão fogoso que me varreu para dentro. Era como se ele estivesse me esperando por uma eternidade, como se cada célula do meu corpo vibrasse em sintonia com a dele. Um beijo que parecia ter estado enjaulado durante séculos, finalmente livre para respirar. Um beijo que renascia todas as energias do amor, que Wilter havia apagado em mim.

Suas mãos deixaram de segurar meu rosto, e foram para minha cintura, me puxando para mais perto. Dylan me colocou por cima da bancada, sem afastar nossos lábios. O calor do seu corpo era um abraço, uma promessa de algo que eu não podia negar. Um desejo estranho crescia em mim, um desejo que me consumia por inteiro.  Eu queria mais, eu queria ele. Mesmo que a imagem de Wilter, a lembrança do seu toque, estivesse na minha mente neste exato momento, eu só queria Dylan.

Gemi com a brutalidade que ele beijava meu pescoço, a pele arrepiando com o seu toque. Seus dedos encontraram o meu corpo, e a sensação era como um raio, percorrendo cada nervo. Ele me conhecia, me entendia, como se fôssemos feitos um para o outro.

— Ele tocou você assim? — a voz dele era rouca, quase um sussurro.

Neguei entre gemidos, segurando o balcão com as mãos, tentando controlar a explosão que se aproximava.

Num instante, meu coração parecia ter parado. O barulho de um motor sendo desligado ecoou, e Dylan e eu nos afastamos rapidamente. Arrumei minha boca e roupa, tentando parecer normal, mas a sensação de Dylan ainda me percorria, como um fantasma.

Que gentil. — a voz de Ester era doce.

Ela sorriu agradecida, e sorriu ainda mais quando olhou para mim.

— Helena! — seu abraço foi tão forte que quase caímos.

Ainda sinto como se Dylan estivesse dentro de mim, me masturbando. Foi a melhor sensação da minha vida. Como se tudo tivesse desaparecido, e o nosso foco era o prazer.

— Como estás?

— Estou bem. — respondi, forçando um sorriso. Mas a verdade é que eu estava em pedaços. Era como se meu corpo estivesse em chamas, mas meu coração estivesse congelado.

A sensação de Dylan ainda me percorria. Eu não conseguia parar de pensar no seu toque, no seu cheiro, na maneira como ele me olhava. Era como se ele tivesse mexido em algo dentro de mim, algo que eu não sabia que existia.

Eu precisava de mais. Eu precisava dele.

— Boa tarde, eu sou a Ester.

— Dylan.

Wilter me encarava, o olhar fixo e vazio, como se estivesse me vendo através de um véu.  A tristeza em seus olhos era tão profunda que me fez estremecer.  Nojento, nojento, nojento.  As palavras ecoavam na minha mente, mas não eram para mim.  Eram para ele, para o que ele havia se tornado.  Eu não sentia culpa, não sentia arrependimento.  Ele não merecia... nunca mereceu.

— Estás linda hoje.

Wilter sussurrou, seus dedos deslizando pela minha pele com uma familiaridade que me deixava inquieta.  Um arrepio percorreu meu corpo, mas não era de prazer.

— O... obrigada. —  murmurei, tentando esconder o medo que me consumia.  Ester, com seu olhar penetrante, me observava atentamente.

 — Helena não me disse nada sobre você.  Eu sinto muito, tive que saber a partir de Wilter.  Meus pêsames...

— Muito obrigado, eu entendo. Praticamente, ninguém sabe que eu estou aqui.

— Eu vou me trocar. — declarei, subindo as escadas com passos hesitantes. 



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