🔪Capítulo 14: Somos cercados por garotinhos em LA.

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Era noite.

Tomamos o ônibus para West Hollywood com o dinheiro que Els tinha na mochila. Percy mostrou para o motorista um recibo que tinha um endereço do Mundo Inferior (não sei onde ele havia conseguido isso). Contudo, o motorista nunca ouvira falar dos Estúdios de Gravação M.A.C - Morto ao Chegar.

— Vocês me lembram de alguém que vi na TV — falou, apontando para Percy e eu — atores infantil, ou coisa assim?

— Ahn... somos dublês... de uma porção de atores infantis — enrolou o moreno.

— Ah! Está explicado.

Resolvemos não arriscar e descemos na próxima parada.

Perambulamos por quilômetros à procura do M.A.C. Ninguém parecia saber onde era. Não constava na lista telefônica.

Duas vezes nos esquivamos para becos, para evitar viaturas de polícia.

Percy ficou paralisado na frente da vitrine de uma loja de eletrodomésticos porque uma televisão mostrava uma entrevista com alguém que lhe pareceu muito familiar — o seu padrasto, Gabe Cheiroso, como ele carinhosamente o chamava.

Ele estava falando com Barbara Walters — parecendo uma grande celebridade. Ela o entrevistava no apartamento deles, no meio de um jogo de pôquer, e havia uma jovem loira sentada ao lado dele, afagando-lhe a mão.

Uma lágrima falsa brilhou na bochecha dele enquanto ele dizia:

— Honestamente, sra. Walters, se não fosse pela Fofinha aqui, minha conselheira nas horas tristes, eu estaria um caco. Meu enteado levou tudo o que me era caro... Minha esposa... meu Camaro... Eu.. desculpe. Sinto dificuldade em falar sobre isso.

— Aí está, América. — Barbara Walters voltou-se para a câmera. — Um homem destroçado. Um menino adolescente com sérios problemas. Deixem-me mostrar agora a última foto desse problemático jovem fugitivo, tirada há uma semana em Denver.

A tela cortou para uma foto granulada em que Percy, Annabeth e Grover estavam falando com Ares do lado de fora do restaurante Colorado.

— Quem são as outras crianças nesta foto? — perguntou Barbara Walters com dramaticidade. — Quem é o homem que está com elas? Percy Jackson é um delinquente, um terrorista ou uma vítima da lavagem cerebral de uma nova e assustadora seita? — Barbara mudou de câmera — Fiquemos agora com a história da nossa adolescente desaparecida, Eleanor Ramirez!

Engoli seco. Eu?

— Vamos. — Grover disse, puxando Percy.

— Esperem. — eu solicitei, me aproximando da vitrine.

Uma fotografia minha de criança apareceu na tela da TV, da época em que eu morava no Orfanato. Depois a tela se alterou, mostrando um lugar que eu reconheci facilmente — era o Orfanato das Irmãs Franciscanas, e ele não tinha mudado nada durante os últimos 6 anos. Uma repórter apareceu, dizendo:

— É isso mesmo Barbara. Eleanor desapareceu quando tinha 9 anos, durante um incêndio que acometeu o Orfanato das Irmãs Franciscanas, em Seattle. Ela nunca mais havia sido vista até semana passada, quando deu entrada no hospital UCLA Emergency Medicine, após uma tentativa de atentado terrorista no aeroporto de Los Angeles. A jovem fugiu do hospital e não foi mais vista. Estou aqui com a Irmã Frida, que criou essa menina desde pequena — a câmera mostrou uma idosa, vestida de hábito.

Irmã Frida sorria para a câmera — aquele sorriso meigo e gentil de sempre. Também não tinha mudado nada nos últimos 6 anos. Encarei a tela da TV, fascinada, com uma ponta de vontade de chorar.

O Ladrão dos Sonhos | Percy JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora