O Ladrão dos Sonhos | Percy Jackson

🌙Capítulo 19: "Um ladrão, um sonho, na lua se encontram"

Era noite escura. A luz permanecia encoberta por nuvens escurecidas.

Bom... Assim ninguém me notaria sobrevoando o Acampamento Meio-Sangue em Baltazar. Eu estava em vantagem.

Havia facilmente fugido do orfanato, embora fosse algo que eu não queria. Queria que Quíron tivesse me adotado, assim poderia vistar as Irmãs Franciscanas ocasionalmente. Eu gostava do orfanato e amava minha família de lá, não queria ter que abandoná-las novamente. Porém, não havia tempo para isso, Percy provavelmente estava em perigo.

Peguei o primeiro avião para Nova Iorque com o resto de dinheiro que meu pai me dera. Essa viagem foi tranquila e não houve surpresas. Eu era filha de um deus menor, meu cheiro era muito fraco, não atraía monstros em geral.

As harpias eram exceção. Acredito que, na primeira vez, tenha sido pura coincidência a atendente do trem ser uma harpia. Na segunda vez, elas me caçaram por vingança. Nesse caso, mesmo tendo o cheiro fraco, sabia que elas haviam feito tudo para me encontrar.

Nessa viagem, não precisei me preocupar com nada, pois elas ainda estariam no Tártaro. Graças aos deuses, uma vez que não tinha tempo a perder com lutas inúteis. Precisava chegar ao acampamento antes de Luke. Isso se quisesse que meu plano desse certo.

Quando cheguei em Nova Iorque, ainda peguei um metrô lotado, que me levou direto para meu ponto de encontro com Baltazar. E lá estava ele, em cima do prédio conforme o indicado, todo faceiro em me ver. Eu não entendi porque um cavalo alado como Baltazar gostava tanto de mim. Trouxe-lhe uma maçã que comprei no caminho, ele adorou.

Partimos a caminho do Acampamento Meio-Sangue.

Aproximei-me do chalé 3 sorrateiramente. Escondi-me por entre as nuvens e aguardei o meu ladrão morder a isca. A água gelada delas batendo no meu rosto, logo me deixou completamente molhada.

Vi um vulto entrar no chalé 3 pelos fundos. Hm... O plano estava funcionando. Aguardei impacientemente. Minha vontade era descer e confrontá-lo ali mesmo. Contudo, tinha que seguir o plano. E confiar que Annabeth, Grover e Quíron também o seguissem.

Orientei que Percy fosse deitar cedo hoje, que não fosse a fogueira como de costume. Os dormitórios estariam vazios — todos estariam no anfiteatro, era o último dia do acampamento de verão. Amanhã, a maior parte dos campistas iriam para casa e só restariam os poucos campistas do ano todo. Esse seria o cenário perfeito para uma tentativa de assassinato. Entretanto, era para Annabeth, Grover e Quíron estarem escondidos no chalé 3, prontos para encurralar Luke quando ele chegasse. O objetivo era afugentá-lo e impedi-lo de matar Percy. Depois que ele fugisse, o resto era comigo.

Longos minutos se passaram e nada do meu ladrão sair daquele chalé. Temi que o pior tivesse ocorrido, temi pela vida dos meus amigos. Porém, segui meu plano à risca. Estava determinada em confrontá-lo essa noite.

Gritos ascenderam do chalé 3. Eu preparei meu arco-e-flechas. Talvez se eu fosse espiar só um pouco... Desci, saí de Baltazar e me aproximei silenciosamente da janela aberta. Não tive coragem de espiar, então apenas ouvi, apreensiva.

— Como você tem coragem de reaparecer em meu acampamento, Luke? — disse Quíron, seriamente — Você não é mais bem vindo aqui. — e ouvi o esticar do fio do arco-e-flechas. Provavelmente o centauro tinha o garoto na mira do seu arco.

— Se afastem ou eu mato Percy! — ameaçou Luke.

Minha curiosidade foi maior, eu tive que espiar para ver o que estava acontecendo. Ergui-me o suficiente para enxergar pela janela. Vi Luke com a espada no pescoço de um Percy ainda deitado em sua cama. Aquela espada era nova, era diferente de todas que eu já tinha visto. A lâmina era feita com dois tipos de metal diferentes — um fio de bronze, o outro de aço. "Para matar mortais..." eu conclui. Por que Luke ia querer matar mortais?