O Ladrão dos Sonhos | Percy Jackson

👶Capítulo 5: Adotamos um novato.

Despertei com a luz entrando pela fresta da janela. Demorei para processar que havia dormido na cama errada. Quando finalmente percebi, dei um pulo e caí no chão, por cima de Jennifer, que dormia no saco de dormir do lado do meu beliche.

A garota gemeu e, no mesmo instante, a trombeta tocou lá fora. Hora de acordar. Levantei-me e pedi desculpas pra Jen. Menti que caíra da escada. Só agora que eu notava a ausência do dono da cama. O travesseiro tinha leves marcas de duas cabeças, porém meu amigo não estava lá.

— Onze, reunir! — disse uma voz, entrando no chalé.

Achei curioso que Luke havia levantado mais cedo, sem me acordar. Já estava pronto e vestido. "O que será que ele anda fazendo, hein?"

Atravessei o chalé e, no caminho, já levei Percy comigo. Luke e eu tínhamos concordado, enquanto conversávamos ontem à noite, que iríamos "adotar" Percy, para ele não ficar tão perdido.

Pela manhã, como eu não tinha mais aulas — desisti da equitação, por um tempo —, eu ensinava grego antigo a Percy. Era legal, porque nós dois sempre acabávamos desviando do foco e falando sobre outras coisas, principalmente sobre deuses e deusas no presente. O novato era um cara muito legal, com um senso de humor ótimo — além de ser muito querido. Estava sempre me fazendo rir. Era um aluno dedicado também, em poucas manhãs de estudo já conseguia ler, sem muita dor de cabeça, algumas linhas de Homero, tropeçando aqui e ali.

— Eu nunca aprendi algo tão rápido em toda minha vida! — ele disse, entusiasmado.

Eu entendia muito bem essa sensação. Era sempre a pior aluna da sala na escola.

No resto do dia, Luke e eu levávamos Percy para nossas aulas, tentando procurar algo que ele fosse bom.Tentamos primeiro com arco, e logo descobrimos que, com absoluta certeza, aquela não era a sua arma de escolha. Ele conseguiu acertar uma flecha em Quíron! E o centauro estava atrás da sua mira...

Enfim, passamos para corrida. Só que as ninfas do bosque fizeram-no comer poeira.

— Não se preocupe, elas têm séculos de prática fugindo de deuses apaixonados. — brincou Luke.

— Tá bom... Mesmo assim é meio humilhante ser mais lento que uma árvore — resmungou o moreno, fazendo-nos rir.

Tentamos luta, entretanto, infelizmente, Clarisse não deixou barato a brincadeirinha do banheiro. Ela fazia questão de subir na esteira e lutar com ele todas as vezes, destruindo-o de novo e de novo... Era de dar pena. Tentei intervir, contudo Luke me impediu.

— Sem brigas com as garotas de Ares até a captura da bandeira — murmurou ele para mim, alertando-me que tínhamos o nosso combinado.

Havíamos combinado com Annabeth sobre a melhor estratégia para captura dessa bandeira. Nossa última derrota foi lastimável. No nosso tempo livre — único momento em que não podíamos levar Percy conosco — , dávamos os últimos ajustes no nosso plano. Eu teria um papel essencial dessa vez, portanto precisava treinar bastante. Luke e Annabeth estavam me ajudando, com muito empenho. Mesmo que isso lhes fosse um pouco torturante... Pois, quando colocava uma pessoa em estado de sono profundo, ela tinha pesadelos horríveis. Eu nunca imaginei que isso acontecesse, descobrira durante esse treinamento. Isso explica porque Karol parou de implicar comigo desde que a fiz dormir.

Voltando ao pobre Percy, ao menos ele era bom em canoagem. Era realmente muito bom em canoagem. Eu achava uma característica particularmente muito boa – é boa para escapar (eu sou bem dessas). Porém, ele não parecia muito contente ao descobrir essa habilidade.

— Talvez você seja filho de Hermes, meio que "pau para toda obra", mestre de nada... — tentou lhe consolar Luke, certo fim de tarde.

— "Mestre de nada", falando o cara que é o melhor espadachim do acampamento, inclusive é nosso professor de esgrima... — comentei, revirando os olhos, estava cansada daquela busca incessante por um pai para Percy. Todo mundo no acampamento parecia estar curioso e afoito, tentando palpitar quem seria o pai do novato. Era ridículo! Aquilo só servia para fazer o garoto ficar mais ansioso e angustiado. -– Percy, meu pai demorou 6 anos para me determinar, é só ter paciência que sua hora vai chegar...