✝️Capítulo 18: O bom filho à casa torna.

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É gozado como os seres humanos são fáceis de enrolar. Eu nem precisei inventar muita coisa, eles mesmo foram preenchendo as lacunas que faltavam, criando uma história perfeita de rapto de crianças.

Há 6 anos, alguém começou um incêndio no Orfanato das Irmãs Franciscanas e uma das crianças desapareceu. Eleanor Ramirez — no caso, eu. Agora três crianças, Percy Jackson e outras duas até então não identificadas, desaparecem, deixando resquícios de caos por onde passam. O sequestrador, um homem desconhecido e altamente perigoso, obrigou as crianças a seguirem-no até LA, onde Eleanor está escondida. Pobre Eleanor, ficou em cativeiro por tantos anos, quando finalmente conseguiu fugir, foi ao aeroporto e foi vítima de um ataque terrorista, que a deixou entre a vida e a morte. O sequestrador encontrou-a pelo noticiário e foi atrás dela no hospital, levando-a consigo novamente. Por fim, o corajoso Percy Jackson, um menino de apenas 12 anos, pegou um fuzil e atacou seu sequestrador por sua liberdade e de seus amigos, e os dois lutaram quase até a morte. Foi quando a polícia surgiu e o sequestrador fugiu. Atualmente ele está foragido.

Essa história foi tão comovente que passou em todos os noticiários, de todos os canais de TV. Uma vaquinha foi iniciada pela internet para ajudar a pagar as passagens para as crianças voltarem para casa. Contudo, não me deixavam retornar a Nova Iorque, ficavam insistindo que meu lugar era no orfanato. Foi obrigada a ceder — tinha que ser o plot da história. Tive que me despedir de meus amigos:

— Adeus... quer dizer, até logo! — corrigi-me — Digam a Quíron que ele precisa me adotar, é o único jeito de eu conseguir sair do orfanato — e abracei um a um.

— Diremos, pode deixar — disse Grover, com um olhar triste.

— Boa sorte no Olimpo, Percy — encorajei-o, sorrindo. — E me liguem se precisarem de alguma coisa, ou mandem uma mensagem de íris... Me mantenham atualizada sobre Luke.

Havíamos concordado que não o acusaríamos de nada sem conseguir mais informações sobre seu plano para reerguer Cronos. Íamos manter seus crimes em segredo e planejávamos encurralá-lo de alguma forma. Ainda estava trabalhando nesse plano.

Separamo-nos. Os seguranças do aeroporto guiaram-me até meu voo e não me deixaram sozinha por nenhum instante.

Quando pousei em Seattle, estava chovendo — como sempre. "É impressionante como sempre acontece alguma coisa importante quando chove." Se tudo desse certo, hoje Percy Jackson evitaria a Terceira Guerra Mundial.

Na porta da saída, estavam dois policiais me aguardando. Fui escoltada até o orfanato, como uma prisioneira. Tudo em prol da minha segurança, vai que o sequestrador reaparecesse? Eles não podiam arriscar.

Suspirei ao tocar a campainha de casa. Não podia negar que parte de mim estava muito feliz em voltar. Aquela foi minha primeira família e meu primeiro lar. Nunca havia parado de pensar neles, por nenhum segundo... Porém, eu tinha uma missão para completar, um ladrão para pegar, não podia perder meu tempo aqui em meio a nostalgias.

Irmã Frida abriu a porta, seus olhos encheram de água no mesmo instante.

— Minha menina! Como está bonita! — e me abraçou forte, fazendo meus olhos marejarem.

Atrás dela, estavam a irmã Carmelita e a irmã Judith, que também deram-me um abraço apertado. Por fim, deparei-me com Liza — estava mais alta que eu, cabelos negros desciam por suas costas, pele continuava branca como a neve. Eu a abracei com gosto, sentia saudades da minha amiga de infância. Encarei as quatro mulheres por um instante, pensei como queria poder compartilhar a minha vida com elas. Contudo, elas nunca entenderiam. Nunca aceitariam que meu pai era um deus.

O Ladrão dos Sonhos | Percy JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora