🐶Capítulo 15: A Canção de Ninar Canina

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Estávamos nas sombras da Valência Boulevard, olhando para as letras douradas gravadas no mármore negro: "ESTÚDIOS DE GRAVAÇÃO M.A.C." Embaixo, impresso nas portas de vidro, "PROIBIDA A ENTRADA DE ADVOGADOS, VAGABUNDOS E VIVENTES."

Já era quase meia-noite, contudo o saguão estava iluminado e cheio de gente. Atrás do balcão da segurança estava sentado um guarda de aparência agressiva, com óculos escuros e um fone de ouvidos.

Percy voltou-se para nós e disse:

— Certo. Vocês se lembram do plano?

— O plano — Grover engoliu seco. — Isso. Adoro o plano.

— O que vai acontecer se o plano não funcionar? — Annabeth questionou.

— Sem pensamentos negativos. — ele interrompeu-a.

— Certo — disse ela. — Estamos entrando na Terra dos Mortos e eu não devo ter pensamentos negativos

— Há sempre tempo de desistir, já disse que não devíamos ir... — comentei.

O moreno tirou as pérolas do bolso e fitou-as por alguns instantes, como se considerasse a real necessidade de ir ao Mundo Inferior.

— Se você está com medo, pode ficar, mas eu vou! — disse a loirinha e virou-se para o garoto — Desculpe, Percy. Você tem razão, vamos conseguir. Vai dar tudo certo.

— Eu não estou com medo, só acho que ir ao Mundo Inferior é uma... é uma — então, com um flash, minha mente clareou e completei: — armadilha! É uma armadilha!

— Armadilha? Eu não gostei disso... — resmungou Grover, nervoso.

— Nós não vamos desistir, Els... Vamos ao Mundo Inferior. — disse Percy, determinado, guardando as pérolas no bolso — Se você não quiser ir, você pode ficar...

— Não, eu faço questão de ir. — eu falei, o que era um pouco contraditório — Tenho que proteger vocês da armadilha, agora eu sei.

— Que armadilha? — o garoto indagou.

— Eu não sei, eu não lembro... — respondi e Annabeth revirou os olhos — Mas minha memória está voltando, eu posso sentir...

— Por que ela foi mais afetada que nós pelo feitiço do Cassino Lótus? — perguntou Percy e olhou direto para Annabeth.

— Sei lá, talvez ela tenha ficado mais tempo exposta... Tenha comido as comidas, que nós não comemos... Ou só talvez ela seja mais sensível. — e deu de ombros.

— Eu não gostei muito desse papo de armadilha — falou Grover — Mas chegamos até aqui. Vamos encontrar o raio-mestre e salvar sua mãe. Sem problemas.

— Vamos chutar alguns traseiros no Mundo Inferior — encorajou-nos Percy.

Entramos no saguão do M.A.C.

Alto-falantes embutidos tocavam uma música ambiente suave. O carpete e as paredes eram cinza-chumbo. Cactos cresciam nos cantos como mãos de esqueletos. Os móveis eram de couro preto, e todos os assentos estavam ocupados. Havia gente sentada em sofás, gente em pé, gente olhando pela janela ou aguardando o elevador. Ninguém se mexia, nem falava, não faziam nada. Com o canto do olho, eu podia vê-los muito bem, porém, se me concentrasse em qualquer um em particular, eles começavam a parecer transparentes. Dava para ver através dos seus corpos.

O balcão da segurança ficava em cima de um degrau, portanto tínhamos de olhar para o alto para falar com o guarda. Ele era alto e elegante, com pele na cor de chocolate e cabelo tingido de loiro, cortado em estilo militar. Usava armação de tartaruga e um terno de seda italiano que combinava com o cabelo. Uma rosa negra estava presa à lapela, embaixo de um crachá de prata.

O Ladrão dos Sonhos | Percy JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora