006- Traumas!¡

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••MELINDA POVS••

Apesar de eu saber que o Victor estava bem, me dava medo ver ele perder o controle, ele nunca perde o controle a não ser que mexa com a família dele....e isso dele ter perdido o controle pelo cara ter encostado em mim me assustou um pouco, eu confio no Victor a minha vida, mas eu tenho medo quando ele perde o controle, não por mim, mas por ele, ele com raiva é um leão solto na selva procurando caça.

Ele saiu com o Caic e o Thiago pra esfriar a mente e eu não me opôs a isso, ele precisava relaxar eu fiquei ali com as meninas, e começou a passar um filme na minha cabeça.

—vem amiga, passa um pó pra esconder o vermelho do rosto.—Vivian falou chamando minha atenção e eu neguei com a cabeça pegando o pó e o abrindo.

Respirei fundo me olhando no espelho e me vi como uma menininha de novo, me vi assustada de novo, com algo que nem tinha acontecido com coisas que já haviam passado e que mesmo assim estavam me atormentando....

Eu comecei a me sentir sufocada, comecei a me sentir presa, comecei a rever tudo que eu já havia passado na minha frente e tava me deixando atordoada completamente pirada da cabeça.

Eu comecei a tremer a perna e me levantei entregando o pó para Vívian.

—Amiga? Tá bem?.—Manoela perguntou e eu afirmei que sim com a cabeça.

—Eu só preciso de um tempo, só preciso pegar um pouco de ar.—digo e saio andando.

Eu saí andando e sem falar para ninguém aonde eu ia, eu tava chorando, era como se todos, todos meus traumas tivessem voltado na minha cabeça, isso é uma parada da ansiedade que ninguém te conta, quando menos você espera ela te derruba, ela te faz voltar a coisas do passado que você nem precisava lembrar mais, mas a sua mente te sabota pra te fazer lembrar e te fazer ficar exatamente assim, em estado de choque, em estado depressivo e de uma forma que você mal se reconhece.....

Eu estava sem ar, eu estava assustada, eu estava tremendo, eu estava em pânico, era como se tudo estivesse se fechando ao meu redor, como se eu tivesse presa em um lugar que não tinha como sair e esse lugar era minha mente.....

—Melinda? MELINDAAAA.—Eu ouvi meu nome sendo chamado ao fundo e apenas alguém me puxando evitando que eu fosse atropelada por atravessar a rua sem olhar.

Eu olhei pra pessoa e vi que era o Mathias um amigo do Victor, eles se conheciam de festa e andou com a gente algumas vezes.

—Melinda, o que você tem? Amiga? Tu tá bem?.—ele me perguntou e eu não conseguia responder eu só queria sair dali e continuar andando.

—Mel, você não tá bem, quer que eu chame alguém? Você tá tremendo, aconteceu algo? BICHA deixa eu te ajudar.—ele disse e eu neguei com a cabeça.

—Eu só preciso andar.—respondi forçadamente e quase a voz não saiu e ele me olhou.

—quer que eu vá com você? Melinda, não posso te deixar sair assim, o Victor sabe?, quer que eu chame ele?.—ele questionou e eu neguei com a cabeça.

Eu deixei o Mathias lá e apenas saí, eu saí andando tentando me acalmar, tentando ficar bem sozinha.

Eu andei até a praça mais distante, eu me sentei em um dos bancos e comecei a chorar desesperadamente.

—Melinda?.—Ouvi me chamarem.

Mas será que ninguém pode morrer em paz nesse lugar?, me questionei em minha cabeça e levantei o rosto vendo que era o Thiago.

—Melinda, você tá bem?, o Victor tá que nem louco te procurando, tá todo mundo preocupado com você.—ele disse e eu o olhei com os olhos cheio de lágrimas e chorando.

—eu só quero ficar sozinha, eu só quero ficar na minha, será que eu posso?..—eu esbravejo e ele me olha.

—Mel, você não pode ficar sozinha.—Ele diz.

Eu me levanto chorando e me afasto.

—Porque? Porque eu tentei me matar? Porque eu sou uma bomba relógio? Porque a minha cabeça me odeia? Porque eu sou instável?.—digo com raiva em lágrimas e ele me olha

—Voce não é uma bomba relógio, a gente se preocupa com você, é isso.—Ele diz e eu choro negando com a cabeça.

—Eu to cansada, CANSADA.—grito a última frase chorando andando pra trás passando a mão no cabelo.

Eu vi o grupo todo se aproximando e me dava medo, me dava vontade de sair correndo

—Mel, sou eu, manu, deixa eu te ajudar por favor.—manoela disse tentando se aproximar.

—Eu só quero ficar sozinha, PORQUE É TÃO DIFÍCIL ENTENDER.

—PORQUE DA ÚLTIMA VEZ QUE VOCÊ FICOU SOZINHA VOCÊ QUASE MORREU.—-Vivian gritou segurando as lágrimas.

—Vocês não entendem, vocês não sabem o que ou como é viver na minha cabeça.—-eu digo batendo a mão na minha cabeça sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto.

—A gente entende que não é fácil, que você passa por muita coisa que você nunca quis contar pra gente.—Caic disse tentando me acalmar.—Mas se você não deixar a gente te ajudar você nunca vai ficar bem, não conseguimos ficar bem cem por cento sozinhos, deixa a gente te ajudar.—-ele continuou e eu neguei com a cabeça.

—Vocês não entendem, vocês não sabem de nada, vocês não sabem o que eu passei, o que eu sofri, vocês me veem mas não sabem o que eu sinto.—digo chorando.

—Eu não sei o que você sente?.—victor questionou.

Eu olhei pra ele e ele deu um passo a frente e olhou pra todos como se dissesse para que nos deixassem sozinhos, e os meninos tiraram as meninas de lá e só ficamos eu e o Victor.

—Voce quer chorar? Chora, você quer gritar, grita, mas você nunca pode dizer que eu EU não sei o que você sente porque eu sei sim, porque eu sofri, eu chorei sem você saber por medo, MEDO DE VOCÊ SE MATAR, MEDO DE PERDER VOCÊ.—ele gritou a última frase me fazendo engolir seco.

—Victor....—eu digo e ele me interrompe.

—Entao você não olha na porra da minha cara, e fala que eu não sei o que você sente, porque eu tava lá, eu tava lá quando você contou tudo, foi pra mim que você contou sobre ter sido assediada aos três anos de idade, foi pra mim que você contou sobre seus traumas e medo com relação a sua família, EU SAÍ DA MINHA CASA NO MEIO DE UMA CHUVA DO CARALHO PRA TE VER PRA TER CERTEZA QUE VOCÊ TAVA BEM.—ele disse deixando a emoção dele falar mais alto.

—Eu nunca quis despejar meus traumas e problemas em você.—digo passando a mão no rosto.

—Caralho melinda, você acha que eu tenho quantos anos? Dez? Porra, eu sou grande o suficiente para saber o que eu quero para minha vida, e se eu não desisti de você, é porque PORRA EU TE AMO.—-Ele grita a última parte me deixando em choque.

—Victor....—digo e ele me interrompe.

—Eu não sei o que é amor, porque eu nunca senti isso por ninguém, mas eu te amo, eu sei que não quero te perder, eu sei que tenho medo de errar com você, eu sei que tenho medo de perder a minha melhor amiga, MAS CARALHO EU TO PERDENDO VOCÊ PRA VOCÊ MESMA, voce ta deixando seus traumas te vencerem.—ele diz se aproximando de mim.

Ele se aproximou de mim e a única música que tocou em minha cabeça foi "angels like you" eu queria chorar a não poder mais eu queria que tudo sumisse, que a dor sumisse que aqueles medos e traumas sumisse.

—Eu te amo mel, volta pra mim, volta a ser a menina que eu me apaixonei mesmo sem você saber, a menina que tinha vontade de viver a menina que lutava por tudo e que vivia a vida como se fosse o último dia.—ele disse e encostou sua testa na minha segurando meus braços e eu o abracei.

Eu amava o Victor, amava o Victor mais do que ele podia imaginar, mas do que eu mesma podia imaginar, parecia ser coisa de outras vidas parecia ser conexão de outras vidas, eu não assumia que o amava por medo, medo da minha confusão o afastar e eu perder meu melhor amigo, mas caralho eu o amava....

—eu te amo Victor, eu te amo.—digo em sussurro mesmo com lágrimas rolando meus olhos.....

Ele me abraçou forte e eu o abracei mais forte ainda na tentativa de me acalmar e de fazer aquilo tudo parar.....

NOSSA MÚSICA- LealOnde histórias criam vida. Descubra agora