012- Choro!¡

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••MELINDA POVS••


Ninguém sabe o peso de se ter depressao, ninguém sabe o peso de se ter ansiedade,mas claro, quando se trata de mim eu faço para chamar atenção.....eu sai da quadra e andei até o jardim me sentando na grama respirando fundo.

Eu sei que só quem vive com depressao e ansiedade sabe o que é, mas porra não precisam julgar tanto quem tem ansiedade e depressão......

Era como o Benjamim falava, "o mundo é fodido, e vai tentar te foder de todas as formas, então seja mais esperta que ele, foda o mundo", Benjamim era meu melhor amigo na época do ensino médio ele se suicidou.....eu nunca havia superado a morte dele, você nunca esquece uma pessoa que era importante para você e ela simplesmente se matou, ele não deixou um adeus, um até logo, nada ele só se foi....e eu me sinto, me sinto responsável todos os dias pela morte dele, eu podia ter ajudado, eu podia ter feito algo a mais, podia ter ajudado ele a se salvar, ou pelo menos ter mostrado a ele que o mundo ainda podia ser bom....

Ele teria adorado conhecer o Victor, teria se juntado com o Caic pra fazer piadas e até mesmo ajudaria o Thiago a pintar as paredes de vários lugares por aí.....O benjamim era o tipo de pessoa que você adorava ter por perto, mesmo que fizesse piadas de humor totalmente duvidoso ou piadas que somente ele entendia.

Perder o Bem, me fez sentir medo de perder as pessoas, e principalmente de me perder.....

Saio dos meus pensamentos sentindo alguém sentar ao meu lado.

—Oie.—a pessoa disse e eu saí dos meus pensamentos.

—Oi henry.—digo olhando para frente.

—Ta bem?.—Ele questiona e eu levo a minha mão até meu colar e fico segurando ele.

—To sim, só tô pensativa.—Digo sincera.

—não liga pro que a Eliana fala não, ela é só uma patricinha que não mede as palavras.—ele diz e eu solto um sorriso irônico negando com a cabeça.

—Eu não tô assim pelo que ela falou, só tô pensando mesmo.—digo.—Eu parei de ligar pro que as pessoas falam a muito tempo.

—Fico feliz por isso, você nunca mais teve crises né?.—ele pergunta.

—Tenho ido a terapia.—digo.—As crises diminuíram.

—Fico feliz, e fico feliz por você e pelo Victor estarem bem.—ele diz e eu solto um sorriso.

—O Victor é a coisa boa no meio do caos que eu sou.—digo sincera.

—Mel, você já se sentiu perdido? Como se nada fizesse sentido.—Ele diz e eu respiro fundo olhando pra frente.

—Ja, grande parte da minha vida eu me senti assim.—digo sincera.

—E como você fez para tentar melhorar? Pra tentar se salvar.—ele questiona e eu o olho.

—Achando minha âncora, sempre que tô em crise, eu penso na pessoa que eu amo, eu penso no Victor, e penso que ele não merece sentir nenhuma dor, e sei o quão dolorido seria para ele me ver num caixão, então é nisso que penso.—digo sincera.

—e se não tiver uma âncora? O que faço.—ele pergunta e eu o olho.

—Seja sua própria âncora, seja sua própria força acredite você é melhor do que o seus sentimentos ruins e você pode vencer isso tudo.—digo.

—Posso te dar um abraço?.—ele pergunta e eu afirmo que sim com a cabeça.

Ele me dá um abraço e eu solto um sorriso, em seguida ele sai do abraço e se levanta.

—Obrigada, por me ajudar.—Ele diz e eu sorrio.

—Não tem de que.—digo e ele sai andando.

Eu não salvei o benjamim, mas pelo menos acho que ajudei alguém e isso me bastava....estava feliz.

—Ai Melinda, você quer matar todo mundo do coração? Eu rodei esse campus todo atrás de você.—Elisa disse se aproximando e eu soltei um leve sorriso.

—Eu tô bem, só precisava pensar um pouco.—digo respirando fundo.

—Eu sei, vem cá vem.—ela disse se sentando ao meu lado me abraçando.—Eu vou tá aqui sempre tá? Não precisa ficar triste.

—eu não tô triste, na real eu tô bem.—digo soltando um leve riso me levantando.—eu sou uma pessoa com problemas, mas que mesmo assim ainda ando sorrindo para as pessoas e tentando ajudar as pessoas.—digo sorrindo.

—E isso é bom?.—elisa me questiona sem entender nada.

—Nao sei, não sei se é bom ou ruim, mas eu sei que eu sempre vou querer ajudar as pessoas sempre vou querer o bem delas, sempre vou querer resolver o problema delas, porque assim eu esqueço os meus.—digo sentindo lágrimas aparecerem em meus olhos.

—Amiga, isso não é bom para você.—elisa disse.

—Claro que não, mas  é sempre, sempre melhor encarar os problemas dos outros do que os seus próprios problemas.—digo passando a mão no rosto.

—Voce quer desabafar algo?.—Elisa pergunta.

—Não, eu só quero, só quero poder me sentir culpada em paz, só quero chorar sem medo, só quero sentir, sentir o que não senti todos esses anos porque achei que não merecia sentir, só preciso ficar sozinha.—digo e saio andando.

Teoricamente eu não teria mais aula então não tinha porque eu continuar ali, então eu saí eu fui direto para minha casa, assim que cheguei joguei minha mochila no chão e me encostei na porta chorando.

Eu andei até o sofá me sentando no mesmo continuando a chorar, eu olhei ao redor e continue a chorar, eu precisava sentir tudo que eu guardei por tantos anos, a morte do bem, o fato dos meus pais não estarem perto, o fato de eu me sentir a pessoa mais horrível do mundo, eu precisava chorar......

Eu estava chorando quando eu vejo a porta do meu apartamento se abrir e o Victor aparecer, ele entra fechando a porta colocando o capacete na mesa e tirando a jaqueta se sentando ao meu lado.

Ele não falou nada apenas ficou ali do meu lado....

Eu chorava eu apertava forte minhas mãos, ele segurou minhas mãos e respirou fundo se aproximando de mim me puxando para seu peito e eu o abracei chorando mais ainda.

—Eu tô aqui, pode chorar, pode chorar tudo eu vou tá sempre aqui.—ele sussurrou e eu o abracei chorando.

NOSSA MÚSICA- LealOnde histórias criam vida. Descubra agora