Anastácia♠︎♡♠︎
Algumas pessoas tem passa tempos
normalmente mais comuns, nem por isso mais fáceis.
Acho que isso serve para aliviar alguma dor, mais do que serve para passar o tempo. Pelo menos pra mim é assim.♠︎♡♠︎
Encaro o piano tradicional, preto. Toda semana venho na mesma ópera tocar por alguns minutos. Não tenho público, a dona do lugar tem uma filha que é minha melhor amiga, por isso elas me deixam vir aqui as vezes.
- só eu e você... - sussurro pro objeto.
Me sento no banquinho, ajeito a coluna e estralo os dedos. Começo a dedilhar nas teclas do piano. Na cabeça relembro a música que sempre toco. Mas quem a canta na minha cabeça...é minha mãe.
Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhantes
Para o meu
Para o meu amor passar...Toco até o fim da canção, é reconfortante do seu próprio modo.
Paro de tocar quando sinto alguém me observando, olho pra trás e procuro por algum sinal de vida. Mas não encontro nada. Dou de ombros me virando de volta pro piano.
- você toca bem. - dou um pulo quando ouço a voz masculina de alguém.
- merda. - me levanto encarando um homem que eu já vi fazendo performances por aqui.
- desculpa...não quis te assustar - ele sorri pra mim
- tudo bem. Qual seu nome? - ele senta e aponta pro piano, me sento ao seu lado.
- Anastácia
- meu nome é Michel. - ele dá uma piscadela pra mim.
- entendi...
- você toca a muito tempo? - ele tem o maxilar quadrado e não tem barba. Seus olhos são claros e gentis. Ele é bonito no geral.
- bem...sim. Eu aprendi com a minha mãe. - ele meche a cabeça levemente.
- é linda... - o encaro - a melodia...e...você também. - ele dá uma risada fraca.
- céus! Obrigada. - mordo a bochecha.
Ficamos ali em frente o piano por mais algum tempo, conversando sobre a ópera. Michel é um homem legal.
~
Encaro minha melhor amiga, Tereza. Ela parece nervosa. Estamos em casa no momento.
- ele morreu. - arregalo os olhos.
- quem? - coloco minhas mãos em seus ombros fazendo ela me encarar.
- Michel. - franzo o cenho.
- o da ópera? - ela balança a cabeça e meu coração acelera.
- puta merda. Eu estive com ele hoje. Mais cedo. - mordo os lábios.
- ele está morto. - a mulher começa a chorar derrepente.
- como ele morreu? - abraço seu corpo pequeno.
- de acordo com a informação ele levou um tiro no peito. Perto de sua casa...ainda não tem mais informações. - ela funga.
- deve que vai ter uma investigação maior. - balanço a cabeça levemente.
- você foi...contratada ontem né. - ela limpa as lágrimas.
- sim. - sorrio levemente.
- e como é lá?
- é...maravilhoso Teza. O lugar é incrível, e as crianças são tão fofas, céus! Foi...incrível. - não consigo evitar.
Meu sonho sempre foi ensinar...e agora...está acontecendo. E na escola de maior prestígio em toda a cidade.
- eu estou feliz por você. - a mulher dá uma piscadela.
O clima está mais leve.
- eu sei. Obrigada, de verdade. - seus olhos puchados e olhar marrom que eu tanto estou acostumada a encarar virou meu porto seguro.
Tereza tem uma condição financeira ótima e mesmo assim insistiu em dormir no meu apartamento todas as vezes que eu telefonei me sentindo só. Sou tão grata pela sua amizade.
- vamos beber para comemorar...e para esquecer o horror que tomou a cidade
- eu não vou beber...amanhã tenho que dar aula. Mas acompanho você. - ela faz beicinho porém não contradiz.
- está certa. Você sempre pensou mais do que eu. - ela revira os olhos em divertimento.
Teza é incrível mas em parte ela não sabe disso. Quando ela começou a cursar artes, sua mãe ficou...feliz. Mas Tereza achou que ela ficou decepcionada. Ela queria que minha amiga fizesse música, e eu apenas acho que ela deveria fazer o que a agrada.
~
Votem! Bjss
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Black swan - Duologia, Livro 1.
Romance*O cisnei* Ele é errado pra mim. Eu não sei nem ao menos quem ele é. Mas o fato de não saber torna tudo mais intenso, todas cartas me fazem prender a respiração. Estou fadada a gravitar ao redor do desconhecido. Sendo sugada pela sua aura tenebrosa...