11 anos antes (13)
Anastácia
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A pior parte de ser humano é as nossas emoções. E em alguns casos...a falta dela.
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Conforme o tempo passa me imagino longe. Minha mãe saiu como o de costume e eu encaro as paredes que se tornaram familiares.
Uma ideia surge no meu cérebro. E se...eu seguir ela? Quer dizer é tão chato ficar aqui.
– só uma vez e depois eu volto pra casa. - disse pra mim mesma.
Me levanto e olho meus pés...o que usar? Bom...minha mãe tem ganhado mais dinheiro últimamente. E eu tenho um sapato novo.
O pego do canto da porta, meus cabelos estão soltos e uso como roupa um jeans velho e rasgado com uma blusa grande e cinza.
– já foi pior. - repito como um mantra.
Vou até a porta destrancando, saio pro lado de fora e coloco as chaves nos bolsos.
~
Talvez tenha sido uma péssima ideia. Estou um pouco perdida.
Onde será...a rua brilha com várias vitrines, porém o que me chama a atenção é a casa no final da rua. As paredes são ixageradas e tem leds em torno dela, e um desenho de boca encima.– batom? - arqueio as sombracelhas.
A verdade é que eu não sei muito sobre o mundo fora da escola e saí muitas poucas vezes.
Caminho até o fim da rua, do lado vejo um homem parado me observando mas do outro o vidro, que me deixa ver...minha mãe.
– está perdida garotinha? - ele pergunta.
– o que as pessoas fazem aqui? - digo contrariada.
Se era um lugar tão legal e cheio de luz, porque ela não me trouxe também?
– dançam. - ele diz calmo.
– eu posso dançar também.
– não...não assim. É só adultos. - cruzo os braços.
– e porque estão sem roupas? - faço careta.
– olha...hum...você me parece com alguém. - coloco as mãos pra trás. ‐ Ava.
– minha mãe oras - dou de ombros.
– deveria ir embora. - Seu tom mudou um pouco para como se sussurrasse.
– é...deveria. - aceno levemente me virando.
Não sei exatamente que lugar é esse mas não parece coisa para crianças realmente. Ando pensativa até que estou perdida de novo, um beco.
– merda. - xingo baixo me virando, meus olhos se arregalam quando vejo um homem me encarando na saída do beco.
– está meio tarde para perambular por aí. - Não sei porque mas meu corpo está suando talvez seja culpa desse olhar predatório que estou recebendo.
– não está. E...dá licença. - peço mesmo sem mover um músculo.
Parece que estou pisando em um campo minado prestes a explodir.
– claro... - essa resposta me pega de surpresa então mecho as minhas pernas finas indo em sua direita apenas para passar do lado. - que não.
Sou puchada bruscamente. O homem não é tão alto mas é grande...me debato enquanto ele segura meus cabelos.
– me solta! - berro.
– cala a boquinha se não vai ser pior. - sou jogada no chão e o homem sobe encima de mim.
– sai! - grito em pânico.
– filha da Ava né? Aquela puta de merda roubou o meu dinheiro, nada mais justo que eu veja se sua filha é melhor...de graça. - estou chorando e tremendo nem sei se estou gritando também.
– para. - tento me mecher mas é em vão.
O homem pucha minha blusa tão forte que o tecido fino rasga. Estou em pânico, não consigo reagir a nada, parece que o mundo ficou silencioso. Fecho os olhos por puro medo de descobrir como esse homem pode estar me encarando agora.
– ei seu merda! O que pensa que está fazendo? - ouço outra voz gritar até que um barulho de vidro me faz abrir os olhos.
– você vai se arrepender. - o homem saí de cima de mim e então noto que tem um garoto segurando uma garrafa quebrada. Me afasto rapidamente, me sentando no chão. A brisa sopra em mim e eu tento cubir meu corpo.
Seus cabelos escuros como a noite e os olhos parecem cheio de ódio. Ele parece forte e alto com certeza mas...o outro homem parece mais brutal.
– eu acho que não. - o garoto diz seco.
E uma cena de luta começa a se formar mas as minhas lágrimas borram minha visão e só noto quando o homem leva um murro e caí no chão, não posso evitar dar um pequeno sorriso. Que dura pouco porque ele pega um vidro do chão.
– cuidado! - grito tarde. O rosto do garoto começa a sangrar. Um corte que pegou perto da boca até a orelha.
– seu filha da puta. Ratos como você merecem morrer. - e assim o garoto avança e tira um canivete da calça. Um único golpe, na barriga. O homem urra de dor, caindo e se contorcendo no chão.
O garoto corre em minha direção e eu me encolho de novo.
– tudo bem? - ele pergunta devagar sem encarar nada abaixo de mim apenas meus olhos. Mecho a cabeça em concordância. - veste isso.
Ele tira sua blusa escura me entregando. E aquela foi a primeira e a última vez que o vi, depois que a polícia chegou. E minha mãe surtou.
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Black swan - Duologia, Livro 1.
Romance*O cisnei* Ele é errado pra mim. Eu não sei nem ao menos quem ele é. Mas o fato de não saber torna tudo mais intenso, todas cartas me fazem prender a respiração. Estou fadada a gravitar ao redor do desconhecido. Sendo sugada pela sua aura tenebrosa...