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11 anos antes (13)

Anastácia

♤♥︎♤

A pior parte de ser humano é as nossas emoções. E em alguns casos...a falta dela.

♤♥︎♤

Conforme o tempo passa me imagino longe. Minha mãe saiu como o de costume e eu encaro as paredes que se tornaram familiares.

Uma ideia surge no meu cérebro. E se...eu seguir ela? Quer dizer é tão chato ficar aqui.

– só uma vez e depois eu volto pra casa. - disse pra mim mesma.

Me levanto e olho meus pés...o que usar? Bom...minha mãe tem ganhado mais dinheiro últimamente. E eu tenho um sapato novo.

O pego do canto da porta, meus cabelos estão soltos e uso como roupa um jeans velho e rasgado com uma blusa grande e cinza.

– já foi pior. - repito como um mantra.

Vou até a porta destrancando, saio pro lado de fora e coloco as chaves nos bolsos.

~

Talvez tenha sido uma péssima ideia. Estou um pouco perdida.
Onde será...a rua brilha com várias vitrines, porém o que me chama a atenção é a casa no final da rua. As paredes são ixageradas e tem leds em torno dela, e um desenho de boca encima.

– batom? - arqueio as sombracelhas.

A verdade é que eu não sei muito sobre o mundo fora da escola e saí muitas poucas vezes.

Caminho até o fim da rua, do lado vejo um homem parado me observando mas do outro o vidro, que me deixa ver...minha mãe.

– está perdida garotinha? - ele pergunta.

– o que as pessoas fazem aqui? - digo contrariada.

Se era um lugar tão legal e cheio de luz, porque ela não me trouxe também?

– dançam. - ele diz calmo.

– eu posso dançar também.

– não...não assim. É só adultos. - cruzo os braços.

– e porque estão sem roupas? - faço careta.

– olha...hum...você me parece com alguém. - coloco as mãos pra trás. ‐ Ava.

– minha mãe oras - dou de ombros.

– deveria ir embora. - Seu tom mudou um pouco para como se sussurrasse.

– é...deveria. - aceno levemente me virando.

Não sei exatamente que lugar é esse mas não parece coisa para crianças realmente. Ando pensativa até que estou perdida de novo, um beco.

– merda. - xingo baixo me virando, meus olhos se arregalam quando vejo um homem me encarando na saída do beco.

– está meio tarde para perambular por aí. - Não sei porque mas meu corpo está suando talvez seja culpa desse olhar predatório que estou recebendo.

– não está. E...dá licença. - peço mesmo sem mover um músculo.

Parece que estou pisando em um campo minado prestes a explodir.

– claro... - essa resposta me pega de surpresa então mecho as minhas pernas finas indo em sua direita apenas para passar do lado. - que não.

Sou puchada bruscamente. O homem não é tão alto mas é grande...me debato enquanto ele segura meus cabelos.

– me solta! - berro.

– cala a boquinha se não vai ser pior. - sou jogada no chão e o homem sobe encima de mim.

– sai! - grito em pânico.

– filha da Ava né? Aquela puta de merda roubou o meu dinheiro, nada mais justo que eu veja se sua filha é melhor...de graça. - estou chorando e tremendo nem sei se estou gritando também.

– para. - tento me mecher mas é em vão.

O homem pucha minha blusa tão forte que o tecido fino rasga. Estou em pânico, não consigo reagir a nada, parece que o mundo ficou silencioso. Fecho os olhos por puro medo de descobrir como esse homem pode estar me encarando agora.

– ei seu merda! O que pensa que está fazendo? - ouço outra voz gritar até que um barulho de vidro me faz abrir os olhos.

– você vai se arrepender. - o homem saí de cima de mim e então noto que tem um garoto segurando uma garrafa quebrada. Me afasto rapidamente, me sentando no chão. A brisa sopra em mim e eu tento cubir meu corpo.

Seus cabelos escuros como a noite e os olhos parecem cheio de ódio. Ele parece forte e alto com certeza mas...o outro homem parece mais brutal.

– eu acho que não. - o garoto diz seco.

E uma cena de luta começa a se formar mas as minhas lágrimas borram minha visão e só noto quando o homem leva um murro e caí no chão, não posso evitar dar um pequeno sorriso. Que dura pouco porque ele pega um vidro do chão.

– cuidado! - grito tarde. O rosto do garoto começa a sangrar. Um corte que pegou perto da boca até a orelha.

– seu filha da puta. Ratos como você merecem morrer. - e assim o garoto avança e tira um canivete da calça. Um único golpe, na barriga. O homem urra de dor, caindo e se contorcendo no chão.

O garoto corre em minha direção e eu me encolho de novo.

– tudo bem? - ele pergunta devagar sem encarar nada abaixo de mim apenas meus olhos. Mecho a cabeça em concordância. - veste isso.

Ele tira sua blusa escura me entregando. E aquela foi a primeira e a última vez que o vi, depois que a polícia chegou. E minha mãe surtou.

~

Votem! Bjss

Black swan - Duologia, Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora