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Dominike

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Quanto mais penso no que posso ter menos me sinto feliz pelo que tenho.
Como dizia o filósofo...
Entre a razão de ter e o tédio de possuir. - Hungria.

◇◆◇

Eu não gosto muito de lugares cheios.
Porém...Igor insistiu em vir até esse bar,  hoje ele está triste porque terminou com a quinta namorada do mês.

– você tem que parar de ficar com todo mundo. Uma hora isso vai dar merda. - bebo meu whisky.

– diz assim amigo, porque tem medo de mulher. - ele arqueia a sombracelha.

– provavelmente não. - dou de ombros.

– é sim. Você fica horas no seu escritório e só saí comigo, desde...sempre. - respiro fundo.

– Igor. Eu sou um homem de 27 anos, e  tenho o Deniel e uma empresa pra cuidar. Sério que minha maior preocupação vai ser boceta? - ele bufa.

– exatamente. Você é novo, e já age como um velho. - dou meu dedo do meio pro cretino.

– talvez eu devesse te despedir. - ele estreita os olhos.

– mas eu não trabalho pra você! - ele berra.

– te despedir da minha vida. - me levanto caminhando pra qualquer outra direção.

– seu anel. Você não tem coragem! - Igor ladra atrás de mim.

Coloco as mãos no bolso do terno. Encaro o salão do bar, mas como se fosse uma força sobrenatural meus olhos vão até uma silhueta que eu passei a conhecer bem. Ela está aqui...está sentada usando uma saia minúscula e uma regata vermelha. Porra. Daqui dá pra ver tudo, e se eu vejo os outros homens também vê, então eu deveria furar os olhos deles com meu canivete.

– vejo que encontrou alguém. - a voz de Igor reverba no meu ouvido e eu xingo mentalmente.

– vai se fuder. - me viro encarando o homem.

– deveria ir até ela. - bufo voltando ao lugar que estava antes.

– não. E se olhar pra ela de novo eu vou capar você. - chamo o garçom.

– o que deseja senhor?

– um papel e uma caneta. - aviso e ele some.

– qual é! Porra. Eu te conheço a 8 anos e até hoje você nunca me apresentou uma mulher na vida. - o garçom volta me entregando o pedido.

– isso não significa que eu não saiba trepar Igor. - concluo sem ânimo.

– mas talvez significa que você é gay. - me viro pra ele incrédulo.

– porque? Quer que eu te coma caralho? - ele pensa e eu estreito os olhos.

– talvez.

– sério? - zombo.

– quem sabe. - ele me ignora.

– ei! - chamo o garçom e vejo quando Igor finalmente saí do meu calcanhar.

– sim senhor? - o homem espera.

– entrega isso para aquela moça. - aponto pra mulher. - eu te dou uma gorjeta generosa.

– ok senhor. - ele pega o papel sem mais perguntas.

Espero alguns minutos apenas para ter certeza que ele fez o que eu pedi, deixo o dinheiro no balcão e saio do bar antes que ela olhe em volta.

~

Preciso saber o nome daquela mulher...
Abro a porta de casa, e Deniel corre pela sala.

– você ainda está acordado? - olho pro garotinho.

– é que...eu estava esperando você. - ele encara suas meias cinzas.

Respiro devagar tirando os sapatos e indo em sua direção.

– já vou indo senhor. - Helga diz.

– tudo bem. - A mulher de idade vai embora.

Pego Deniel no colo e ele encosta a cabeça no meu ombro.

– tinha que está dormindo campeão. - aviso indo até seu quarto.

– eu queria contar uma coisa. - ele sussurra.

– o quê? - abro a porta do quarto.

As paredes são azuis e cinza, várias estrelas grudadas no teto, e desenhos de planetas nas paredes. Deniel gosta dessas coisas. Me sento em sua cama e ele desce do meu colo se sentando do meu lado.

– minha professora nova. - o observo neutro.

– o que tem ela? - aliso minha barba.

– ela se chama Anastácia. - ele pucha a coberta.

– e então...? - bagunço seu cabelo e ele rir.

– ela é legal. Mas ainda é muito estranha, disse que não tem cor favorita. A minha obviamente é...- mecho a cabeça levemente.

– Branco Saturno. - seus olhinhos brilham e meu peito aquece.

– isso.

– boa noite campeão. - beijo sua testa.

– boa noite Dom...

Ele começa a fechar os olhos e eu saio do quarto sem fazer barulho.

~

Votem! Bjss

Black swan - Duologia, Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora