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10 anos antes

Dominike

◇◆◇

A ignorância é uma benção se souber usá-la.

◇◆◇

Chego em casa depressa, meu pai me encara perplexo. Devo estar realmente muito feio...e arde. Droga.

– o que aconteceu? - ele se coloca como uma parede a minha frente. Não que eu seja baixo, mas ele tem uma figura assustadora.

– uma briga... - digo encarando o tapete branco que começa a se manchar de sangue conforme os pingos caem.

– e quem começou? - sua voz é dura e séria, de longe vejo Bianca me observar.

– eu. - oculto o motivo pelo começo da briga...meu pai não entenderia minhas razões pois para ele salvar uma desconhecida é puro capricho.

– e ganhou? - meu corpo fica tenso.

– revidei... - sussurro.

– não é isso que quero saber. - faço uma careta. - terminou o serviço?

– eu...não. - digo baixo e ele coloca as mãos em meu queixo até que eu o encare.

– enquanto eu falar com você, olhe na minha cara garoto. - deixo um grunhido escapar quando suas mãos se enfiam no lugar cortado. - e na próxima não deixe testemunhas.

E assim ele me larga, caminho lentamente até meu quarto. Esse dia não poderia ser pior.

~

Acordo quando sinto algo gelado no meu rosto. Abro os olhos e por extinto seguro o pulso fino de alguém, noto que é Paola.

– mas que porra?!? - a empurro pra longe, a garota de cabelos claros revira os olhos, ela se levanta da cama.

– eu só estava limpando o machucado. - ela encara um ponto abaixo de mim, e percebo que estou sem camisa.

– ok, obrigado. Pode ir. - rosno contragosto.

– porque? Por quê você não gosta de mim? - ela faz bico e eu bufo.

– Conversamos sobre isso amanhã, agora vasa! - me levanto indo em sua direção pronto para expulsá-la. - e já era é hora de criança está na cama.

– olha só...qual é! Eu tenho 15 anos, não sou mais uma criança. - tento puchar seu braço para levá-la até a porta mas ela esquiva.

– e eu tenho 17. O que você quer mais? - respiro fundo, frustrado.

– Dominike! - ela sussurra e eu a encaro com a sombracelha arquiada. - eu queria te contar uma coisa.

– conta logo. - dou de ombros.

– eu sou virgem - franzo o cenho diante da declaração.

– e o que eu tenho haver com isso? - passo os dedos sobre os olhos.

– você...

– é. Eu não sou. E você não tem nada haver com isso...agora pode ir? - ergo o rosto e me assusto quando ela se aproxima derrepente.

– você deveria me ajudar com isso! - tensiono o maxilar.

– quer que eu te arrume algum garoto? Era só falar de uma vez. Quer dizer...você vive namorando...é só escolher. - tento ser pacífico, ela é minha irmã e uma garota afinal. - Não é o taboo que as pessoas dizem ser.

– o que quer dizer? - Paola me fuzila com o olhar.

– o que eu quero dizer é que a sociedade transformou isso em algo supremo mas a tantas coisas piores no mundo do que perder a virgindade. - penso que ela vai me bater mas invés disso ela começa a rir.

– tolinho. Eu quis dizer que quero fazer isso com você. - a frase em sí me deixa enjoado.

– puta que pariu! - vocifero incrédulo. - não. Nunca. Você só pode estar brincando.

– não estou, estou falando bem sério, e olha...você vai gostar.

Meu estômago embrulha com a suposição. Me sinto sufocado, prestes a vomitar.

– isso é um problema grave porra! Pare de agir como uma maluca, e vaza da porra do meu quarto. - grito impaciente. 

Eu não sou obrigado a suportar esssa merda toda. Eu não sou obrigado a suportar a garota que é minha irmã agir como uma...uma...lunática.

– me obrigue. - ela duvida.

– ótimo. - dessa vez invado seu espaço e seguro seu braço firme, não ligando se vai machucar, a pucho até a porta e assim que abro dou de cara com a pior pessoa possível. Bianca. Que me encara horrorizada.

– o que está fazendo com a minha filha? - ela grita com sua voz fina.

– estou tirando ela do meu quarto. - solto o braço da garota a jogando pra fora.

– ela é sua irmã, seja gentil. - arqueio a sombracelha em choque.

– ela acabou de falar que...

– não importa. Seja gentil. - ela corta dando um passo a frente.

– mas...

não importa. - ela sussurra - seja gentil ou eu prometo que você vai sair dessa casa sem absolutamente nada.

E assim percebo que realmente não importa, porque meu pai aparece com o semblante que eu conheço bem.

– Você machucou sua irmã? - ele diz ríspido vendo o braço de Paola que está vermelho no momento.

E naquele dia ganhei 2 cicatrizes. Mas a dor que senti no rosto não se comparou a dor que foi quando meu pai escreveu gentileza no meu peito com uma faca. Ou menos ainda quando ele quebrou o meu braço.

~

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Black swan - Duologia, Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora