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Dominike

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Meu passado assombroso me fez um homem ruim.
Nunca entendi a lógica do destino, se fui eu o machucado porque eu tenho que ser o único traumatizado? Diante disso adotei a vingança como minha única
Forma de justiça.

◇◆◇

Encaro os vários papéis empilhados na mesa. Ser dono de uma empresa grande de minério me ocupa bastante, no entanto tento não deixar ser sugado apenas por isso. Encaro relógio, 20:00 da noite.

– senhor...o Deniel está aqui. - um de meus funcionários avisa. Me encosto na cadeira.

– deixe-o vir.

– sim senhor. - ele se vira caminhando em direção a porta.

Alguns segundos depois um garotinho surge no meu campo de visão. Ele caminha devagar em minha direção, seus fios escuros e olhar curioso me avalia.

– você trabalha de mais. - ele faz beicinho.

– vem aqui - ele meche a cabeça ficando a minha frente.

– o que... - o garotinho da uma bufada de ar.

– como foi a aula campeão? - me levanto o pegando e o colocando encima da minha mesa.

– foi...eu acho que normal. Tenho uma professora nova - ele dá de ombros e eu coço a barba que fiz a pouco tempo.

– e como ela é? - analiso sua reação.

A última professora de Deniel era péssima...e morreu sendo péssima. O que posso fazer? Eu não sei conversar.

– não é ruim...mas ela é um pouco estranha. - sorrio levemente em divertimento.

A algum tempo Deniel não falava tanto sobre a escola, é bom que essa tal professora tenha despertado isso.

– estranha? - ele franze o cenho.

– é. Ela me disse que brincar com as outras pessoas faz bem - ele parece indignado.

– ela ainda não sabe que as vezes a gente gosta de brincar sozinho - ele meche a cabeça em concordância.

– as outras crianças fazem muito barulho, eu não gosto. - ele cruza os braços.

– nem eu, por isso eu gosto de você. - isso parece pegá-lo de surpresa porque ele encara seus sapatos.

– Dom..

– sim campeão?

– não se livra dela também. - ele diz e eu sei exatamente do que ele está falando.

– eu não vou. - ele volta a me encarar e sorri.

– promete? - eu faço uma cara séria.

– prometo.

Deniel não é qualquer criança, ele percebe as coisas rápido de mais. E eu sei que parte disso foi por conta de tudo que ele já sofreu. E por isso odeio o quanto ele teve que crescer mais rápido. Odeio mais ainda por ser exatamente igual a mim.

~

Encaro a ópera, as poltronas vermelhas e as curtinas brancas, o lugar é bem bonito, e grande. Venho aqui a algum tempo, desde que comecei a tratar alguns negócios com a dona do recinto. Estou na parte de cima da plateia, percebi que tem sempre uma mulher por aqui. Ela toca, e toca muitíssimo bem, na verdade julgo dizer que...ela é a melhor que eu já vi.

– boa demais...e...bonita de mais. - sussurro encarando longe.

Ela chegou, vem sempre no mesmo horário, toca sempre a mesma música.
Ela usa um vestido rosa que pega abaixo do joelho, ele tem um decote nas costas, nos pés usa uma sapatilha branca. Seus cabelos estão presos em um rabo de cavalo. Fios ondulados e castanhos, que combinam perfeitamente com seus olhar. Sua pele morena dá um efeito de drama em toda a cena. Talvez seja a melancolia a qual ela toca. Sua boca carnuda diz algo ao piano sempre que a observo.

E assim ela começa a tocar, como uma obra de arte. Uma fada talvez se eu acreditasse nessas merdas. Dedilha o piano com seus dedos finos, a pior parte é que eu imagino como ele ficaria em volta do meu...

Sou interrompido por um idiota. Ela parou de tocar. Encaro o homem com ódio. Ele sorriu? Porque ele sorriu? E ela...sorriu de volta. Porra ela vai tocar pra ele? Ela vai...e não deveria. A noite acabou de ficar mais interessante.

~

Votem! Bjss

Black swan - Duologia, Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora