Deixa...

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Na manhã seguinte...

Acordei e busquei a minha namorada na cama, mas ao abrir os olhos percebi que ela já se arrumava diante dos meus olhos.

- Onde vai? Por que tão cedo?

Ela sorriu e abanou a cabeça.

- Já são 10 horas. E eu disse que passaria a noite fora e retornava de manhã.

- Não pode ficar um pouco mais?

- Hoje não... O meu irmão já está cuidando bastante do meu pai. É a minha vez agora.

Eu sentei na cama e lhe convidei a vir também.

- Me fala um pouco do seu pai. Da sua família. Será que se eu for te deixar em casa, serei recebido?

- Deixar em casa? Rodolffo não dá muito certo.

- Por que não?

- Por que todo mundo vai comentar. Olha o seu carro.

- Isso te incomoda?

- Eu moro num bairro simples. É evidente que vão comentar coisas. O meu ex tinha um celta.

Eu caí na risada e Juliette me olhou intrigada.

- Não sei do que você está rindo...

- Quer dizer que se eu tiver um celta vou ser bem recebido?

- Não é isso...

- Deixa vai... Eu quero conhecer o seu mundo. A sua vida... A sua história. Não me despreza por que eu tenho uma BMW, isso é injusto.

Agora foi a vez de Juliette gargalhar.

- Me conta um pouco sobre o quê eu não sei...

- Eu nasci e me criei no mesmo bairro. Meu pai mecânico, minha mãe era cabeleireira e eu tenho 4 irmãos homens. Todos filhos do meu pai, mas minha mãe criou eles como se fossem dela por que ela e meu pai se conheceram quando a ex dele o abandonou com os 4 filhos pequenos.

- Então você é a filha única da sua mãe e a princesa do pai?

- Sou...

- Seu pai é ciumento?

- Não sei. Eu nunca perguntei. Mas acho que não.

- Será que me caberia na sua cama?

- Na minha cama? Não brinca. Ele não vai deixar a gente dormir junto e além disso tem um agravante que é você ser o meu patrão.

- Não precisamos dizer isso imediatamente. Eu não quero ser rotulado. Só quero ser um cara que vai visitar a família da namorada.

- Se eu te levar em casa, vão saber que nós...

- Sim e eu aproveito para pedir a sua mão em casamento...

- É melhor não... Vamos devagar. - ela disse cortando o contato visual e se levantando da cama.

- Juliette... Eu quero isso de verdade.

-  Ainda é cedo. Mas agora eu preciso ir.

Ela caminhou até mim e me deu um beijo. Eu fiquei olhando ela sair do meu quarto e só me deixei ficar entre as cobertas.

...

Na próxima segunda-feira, nas dependências da empresa.

Busquei Juliette na minha sala e ela não estava ali. No fim de semana só nos falamos por telefone, mas de forma breve por que ela disse que precisava estudar, mas de alguma forma a senti distante de mim.

- Bom dia Cecília. A senhorita Juliette já chegou?

- Bom dia. Sim senhor. Eu pensei que ela estava na sua sala, seguiu no corredor.

- Obrigado.

Estava me sentindo um pouco contrariado quando vi Juliette se aproximar do elevador e Marcelo colar nela.

- Juliette... Tudo bem?

- Bom dia Marcelo. Está tudo bem. E com você?

- Eu tenho pensado em você.

- Marcelo eu tenho alguém. Não estou disponível.

- Ju... Eu sou um cara do bem e tenho interesse em você...

Enfurecido cheguei junto dos dois e disse em alto e bom som:

- O senhor está demitido e por justa causa. Assédio na minha empresa não tem vez.

Juliette e Marcelo ficaram olhando para mim e logo o homem se pronunciou:

- Não estou assediando. Estou apenas falando do meu interesse na Juliette. O senhor não pode me demitir por justa causa sem que ela se considere assediada.

- Senhor... Por favor não precisa desse extremo.

- Precisa sim e essa é a minha decisão final.

Vi o Marcelo se afastar e Juliette me olhar com raiva.

- Por que fez isso?

- Entra nesse elevador agora!

Juliette caminhou até o elevador e eu fui em seguida.

...

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