Rodolffo ficou perambulando de carro em alguns lugares que lhe agradava, sempre solitário, ele já estava acostumado a ter a própria solitude como companhia, mas naquele início de noite algo o surpreendeu.
Uma menininha de um ano e pouco correu em sua direção e bateu palminhas na sua frente.
- Ôh princesa. Que coisa mais linda é você.
- Papai... - ela dizia e Rodolffo sorria.
Enquanto o pai vinha correndo em busca da pequena.
- Me perdoe senhor. Ela fugiu.
- Não precisa me pedir desculpas. Ela é linda.
- Sim. É a minha primeira filha.
- Vocês estão aqui só passeando mesmo? Ou vão jantar em algum lugar?
- Na verdade a gente tá fazendo hora mesmo... Minha esposa hoje chega tarde do serviço.
- E vocês querem me fazer companhia num lanche?
- Não acho que seja má ideia e essa ferinha come que é uma beleza.
- Então vamos.
Rodolffo pagou tudo que o pai e a filha quiseram. Com ele não havia miséria. Ao fim saíram ambos satisfeitos com a companhia e com o lanche.
- O senhor é um homem muito bom. Deus abençoe.
- Igualmente amigo. Tchau princesa. - a bebê deu tchauzinho para ele e Rodolffo sorriu.
Com alguma curiosidade foi olhar as redes sociais da sua conta secundária e que não lhe revelava, se deparando com um story de Maurício.
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*A minha melhor companhia. Te amo. ❤️
O maxilar ficou rígido e ele bloqueou a tela de novo. Decidindo ir para casa.
...
Cheguei em casa e logo meu cachorro veio me encontrar.
- Oi Toby... Tudo bem lindão?
Junto do Toby surgiu o meu irmão.
- E aí garoto como vai essa força?
Israel e eu nos abraçamos.
- Parece cansado.
- Não só pareço como estou. Cansado, triste, sem muitas expectativas, vivendo no piloto automático.
- Não diga isso meu irmão. Eu vim te ver por que se não nunca nos vemos. Trouxe até pizza para nós dois.
- Eu já comi, mas não vou recusar pizza de jeito nenhum.
Entrei em casa com meu irmão e fomos logo para a cozinha.
- É uma menininha Rodolffo. Maria Eduarda, é o nome que escolhemos.
- Titio de menina... Vai ser o máximo.
- Quero que você conviva com a minha filha.
- Eu vou conviver, prometo.
Israel e Rodolffo comiam a pizza enquanto falavam dos negócios da família.
- Agora eu quero saber de outro assunto. Já conseguiu chamar a misteriosa mulher para um jantar?
- Não. Israel eu cheguei atrasado.
- Atrasado? Logo você... O quê aconteceu?
- Ela namora.
- E você vai aceitar perder desse jeito? Cadê o meu irmão competitivo, cheio de garra e coragem? Quem é você E.T.?
Os dois sorriram.
- É... eu sou um E.T. mesmo. Mas é complicado. Estou precisando de uma secretária, mas tenho medo de convidá-la a vir trabalhar comigo.
- Medo por qual motivo? Sei lá... Isso é estranho. Eu acho esse rolê de classes sociais que impedem um casal de ficar juntos a maior enganação. Quando se quer, ninguém olha para conta bancária.
- Para a minha sim... Mas não é esse o problema que nos afasta.
- Então me fala qual é e eu te digo se esperava.
- Espertinho, mas não. São coisas nossas. Que queira ou não nos limitam.
- Não se limite. Esteja perto. A traga para perto. Mostre a ela o melhor do que você tem aqui...- ele bateu no meu peito. - Ela talvez tenha medo do patrão duro que você se tornou, mas tudo é possível de ser mudado.
- Eu sou um hipócrita. No meu íntimo eu lhe ofereci trabalho por que ela me deixou curioso. Não foi só com a intenção exclusiva de ajudar. Eu queria vê-la de novo.
- Então dado o tempo acho que você já até cansou de vê-la. - Israel disse brincalhão.
- Não cansei ainda... Já são 14 meses a vendo diariamente e ainda quero ver de outros jeitos.
- Claro. Finalmente o meu irmão está voltando.
- Olhe... - peguei no celular e abri uma foto da galeria. - Aqui está ela.
- É bonita... Uma beleza natural.
- Ela aparentemente não tem procedimentos estéticos.
Israel olhou para Rodolffo e lhe disse sincero.
- Se você quer vai a luta. Se foi grosseiro com ela pede desculpas. Se foi outra questão também as pede.
- Não sei se cabe um pedido de desculpa no nosso caso, mas eu vou pensar.
- Pense... Pense muito... Quem sabe quando você pensar em lutar por ela, já seja o casamento do casal. Está virando covarde agora?
- Eu posso acabar o relacionamento dela. Não preciso nem me esforçar para tanto.
- Como assim?
- O namorado tem um namorado.
Israel arregalou os olhos.
- Cê é louco... Sério?
- Sério e eu tenho certeza que ela nem sonha com uma coisa dessas.
- Cara... É sério... Só você pode fazer algo com tudo isso. Então faça o melhor que você puder. O não você já tem Rodolffo, corra atrás do seu sim.
Israel era um bom irmão, amigo e conselheiro.
...
No dia seguinte...
Juliette e eu íamos chegando no mesmo horário na empresa e ela vinha muito distraída.
- Cuidado! - gritei ao mesmo tempo que corri para livrá-la de um veículo em alta velocidade dentro do estacionamento da empresa.
Trouxe ela para junto de mim e impedi que o carro lhe atropelasse.
- Meu Deus... O quê foi isso? - ela disse assustada.
- Acho faltou o freio do carro.
- Ia me acertar em cheio e eu nem tinha visto. Muito obrigada. Senhor Rodolffo Marcondes...
- Só Rodolffo e não precisa me agradecer.
Eu soltei seu corpo de junto do meu, mas ela me abraçou em seguida.
- Estou tonta. Tenho medo de cair.
- Calma. - disse lhe abraçando.
- Estou atrasada.
- Eu também estou. Mas só vamos entrar quando você se sentir melhor.
Ao mesmo tempo que consolava Juliette, meu pensamento era descobrir quem fez isso no meu estacionamento.
