Eu lancei a minha mão para ela e senti o gelo da sua mão tocar a minha pele. Ela buscou o meu abraço e eu apertei seu corpo junto ao meu corpo.
- Vamos comigo... A gente conversa.
- Sim.
Logo depois entramos no carro e não a levei para a minha casa, mas sim para uma praça. Era um lugar arborizado e tranquilo.
Sentamos num banco e Juliette começou a falar:
- Não fui te ver por que eu precisava estudar, vou fazer provas essa semana. Eu pensei que você iria entender.
- Pensei que estava me evitando.
- Evitando o homem que eu me entreguei e que estou emocionalmente envolvida? Rodolffo isso é injusto comigo. Não disse que te amo por que você queria ouvir, mas por que é o quê sinto.
- Me perdoe. Eu errei.
- Errou também quando deixou a impulsividade falar mais alto. O Marcelo e eu nunca tivemos nada.
- Eu sou um cara errado Juliette. Vou tentar melhorar, mas nem sempre consigo ter controle. Não me recomendo para você, mas não quero te perder. Hoje descobri o ciúmes.
- Não precisa sentir ciúmes.
- Mas eu sinto. E isso tem a ver com as minhas inseguranças. Sempre fui acostumado a ter tudo no meu tempo e do meu jeito, mas quando me vi apaixonado por você entendi que o mundo não gira como o meu relógio. Eu não posso controlar tudo.
- Eu acho que isso tem a ver com a sua criação... Sempre teve tudo que quis.
- Nem tudo. Por que no fundo eu sempre fui treinado pelo meu pai a ser o quê ele queria que eu fosse e a minha personalidade foi se moldando a isso. Com relação a relacionamentos, eu não sou muito experiente. Na verdade não coleciono nenhuma relação duradoura até aqui. Na adolescência eu tive uma namorada, mas meu pai tinha medo que eu perdesse o foco e para não desagradar a ele, abandonei o namoro, abandonei os amigos. E a falta de uma vida social me fez ficar amargo e também frio.
- Eu sinto muito.
- Eu não tive autonomia como o meu irmão teve. Era confortável estar na minha zona e assim fui levando a vida. Quando eu me interessava por alguém, simplesmente não investia por que eu não teria tempo. Então buscava coisas vazios para me sentir um pouco vivo.
- Por que só usa roupas pretas?
- Meu pai sempre disse que o preto passa seriedade e confiança. Homens vitoriosos usam preto, mas no final eu não tenho vitórias.
- Eu não vejo dessa forma. Você sempre fez tanto por aquela empresa e também fez por mim.
- Sabe o quê eu acho que sente por mim? - eu disse a olhando e vi seus olhos inundarem. - É gratidão Juliette. E talvez você escolheu aquele rapaz para namorar por que mesmo que ele seja errado, de alguma forma havia uma igualdade entre vocês.
- Rodolffo...
- Você quer namorar escondido. O meu carro pode te causar constrangimento diante do seu bairro. E eu te assumi para o meu pai não lhe pareceu agradável.
- Eu tenho medo que as pessoas saibam a verdade...
- Que verdade?
- Onde você me conheceu. Eu vou morrer de vergonha se souberem.
- As pessoas agem por impulso e se arrependem depois. Nunca deveria ter tomado uma iniciativa tão drástica. Mesmo que amasse muito a sua mãe, tenho certeza que ela não ficou feliz com tal atitude.
- Ninguém da minha família sabe. Minha mãe nunca soube. Esse é o meu maior segredo. Menti para a minha família dizendo que tinha ganhado na loteria.
- Estar comigo põe em risco o seu segredo.
- Eu sei disso. - ela me abraçou e percebi ela chorando.
Eu também chorei.
- Mesmo assim eu quero estar contigo.
- Eu quero assumir para o mundo que estamos juntos. É assim que tem que ser...
- Tudo bem. Isso é o certo.
- Então eu posso te levar em casa?
- Pode meu amor. - eu lhe dei um beijo no rosto e ela sorriu.
...
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Os sonhos do coração
FanficQue sonho te move? O quê está disposto a fazer por ele? Desafios são necessários para chegar onde se quer.