Capítulo 22: Troca Favorável?

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Ouvir aquele relato foi uma das coisas mais dolorosas que já ouvi. Mesmo no ramo em que eu trabalho, foi chocante, como se eu tivesse vendo um caso daqueles pela primeira vez. Ainda mais porque eu conhecia Jake há anos. Talvez não o suficiente, mas foi chocante saber que alguém que conheço, pratica violência doméstica, e ainda mais… com a desconfiança de que trai a própria mulher com a mãe dela.

_Kelly Swest versão_

— Você tinha que ver, Yumi. — Falei enquanto andava de um lado para o outro, abraçando a mim mesma, querendo me auto consolar de tal realidade de outra pessoa. — Enquanto ela falava, eu sentia uma vontade absurda de vomitar.

— Isso não é bom? — Murmurou a japonesa enquanto comia um dos puxa-puxa de açúcar.

— O que? — Paralisei. Ela sempre foi meio indiferente, mas nunca cogitei que pensaria tal coisa.

— É bom pra você, amiga. — Parou finalmente de chupar o açúcar do puxa-puxa e me encarou. Eu conhecia aquele olhar, era malicioso e bem perverso. Não podia negar que sempre que Yumi dava aquele sorriso maroto, vinha boas ideias. — Você quer destruir Jake, não é? Seja lá o porquê disso… — Suspirou para continuar. — Use isso para o seu bem como você sempre fez! Essa tal de Oliver te ajuda a expor o cafajeste e naturalmente você será uma das repórteres mais conhecidas. 

Essa ideia acendeu algo de mim. A nissei tinha razão, estaria fazendo bem para mim e a Oliver. Nós duas saímos ganhando se for esse o caso. Começo até a imaginar o cenário… Jake na cadeia, a loira livre, eu ganhando e esbanjando dinheiro. 

Antes que a conversa continuasse, um som apitou no andar de cima, era o computador dela, recebendo alguma notificação. Poderia ser as câmeras finalmente em resolução e codificadas para serem vistas. 

Corremos sem hesitar escada acima, empurrando uma à outra para chegar ao quarto fedido a chulé da garota de cabelo rosa. Avistamos o computador com a tela ligada. Sempre fiquei surpresa em como ela poderia transformar aquele caixote em uma arma letal na vida social de muitos.

Não foi muito diferente quando conheci ela na faculdade. Com minhas especialidades de investigação e socialização, descobri fácil, quem estava espalhando fofocas pela universidade e cheguei até Yumi Matsuyama, mas não fiquei brava, fiquei contente por achar uma peça que me ajude no meu caminho. Em troca, ela pode ferrar quem merece socialmente, como sempre gostou.

Os dedos da mesma se moveram como uma dança programa sobre o teclado, digitando coisas que não entendi e nem tenho vontade de entender. Programação era uma coisa muito estranha, fora de época e sem graça.

— Bingo. Agora me fala a data e o horário do ocorrido do desaparecimento. — Resmungou ela, olhando de soslaio para mim.

— Dia doze de novembro. — Murmurei, apoiando meu queixo em seu ombro, enquanto meus olhos avaliavam as letras da data aparecerem e logo após aparecer vários vídeos da câmera de segurança da rua, que era bem posicionada na direção daquela casa.

Rolou mais um pouco a tela, até então encontrar o vídeo que começa no pôr do Sol. Ficamos vendo o vídeo de 20 horas de passar, nada aconteceu.

Decidi me deitar na cama dela, que por sorte estava lavada. Encarei o teto por muitos minutos enquanto Yumi continuava a encarar a tela, às vezes me pedindo para buscar guloseimas.

— Kelly, Kelly! — Exasperou com desespero a garota. Me levantei e corri até ela, tomando posição desconcertada enquanto eu olhava a tela novamente. 

A qualidade não era uma das melhores, mas era o suficiente para nos fazer perceber que alguém saí da janela do segundo andar, rolando para o telhado e caindo com graça na grama, sem muito esforço. Era uma estatura masculina, mas não tinha nada a ver com o desaparecido, o marido da senhora Silver. 

Toxic Home/ BR {Dark Dome} +15Onde histórias criam vida. Descubra agora