Capítulo 21: Reconhecendo Feridas

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Novamente, naquele lugar que deveria ser obscuro, assombroso e de certa forma que deveria me dar arrepios na espinha. Porém... era onde agora eu encontrava conforto e segurança.

_Oliver Versão_

6 de Dezembro de 2000.

Dyon estava a minha frente, em pé e potente com sua estatura monstruosa e masculina. Observando cuidadosamente enquanto eu mostrava a caixa que encontrei na parede escondida por Jake. Contei também o que vi há dois anos atrás.

— Ainda não conseguiu abrir o cadeado? — Murmurei o ser imponente à minha frente, que estava de braços cruzados, destacando seu peito.

— Não. — Balancei a cabeça e ergui meus olhos a ele. — Pensei em levar a algum chaveiro, algo do tipo... Mas... Jake está sempre de olho em mim. — Cocei minha nuca, sem jeito.

Percebi a mudança de aura que Dyon transmitia, virando mais hostil e raivosa. Ele odiava o Jake, isso era perceptível demais. Também não cheguei a perguntar se foi ele quem destruiu os quadros daquele universo.

— Sinceramente, Oliver... — Descruzou os braços, passando uma de suas mãos grandes no "rosto" em frustração. — Você é o ser mais idiota que já conheci.

Franzi a testa com aquele comentário. Acreditar no meu casamento era idiotice?

— Do que está falando? — Tomei uma postura hesitante.

O ser ficou em silêncio, como se estivesse calculando as palavras que soltaria a seguir, ou talvez só querendo reunir suas piores opiniões sobre mim, com esse pensamento senti minha garganta se trancafiar por um momento ligeiro.

— Aquele porta retrato quebrado... Seu marido quebrou ele no escritório, depois jogou no lixo, como se fosse NA-DA. — Enrolou sua língua de forma proposital, fazendo com que a realidade manchasse minha pele.

Mordi meu lábio inferior, querendo proferir xingamentos. — Toma conta da sua vida. — Sussurrei. Queria que tivesse soado mais firme, mas apenas saiu arrastado, carregando medo e hesitação.

Isso só tirou uma risada que tamborilava em seu peito, percorrendo sua garganta. Deu um passo firme em minha direção, me obrigando a inclinar a cabeça ligeiramente para trás, devido a sua altura de uma geladeira.

— Pare de se fazer de idiota- — Antes que terminasse, eu me levantei.

— Por que se importa tanto? Só porque você diz que fui vendida a você?! Bem surpresa, eu não te pertenço. — Estourei ligeiro, aumentando o tom de voz, querendo o aborrecer com minha pirraça. Mas ele não mudou, continuou a me encarar com os olhos cor de vinho, com aquela frieza e calmaria.

— Só quero que você não se machuque. — Murmurou baixo com a voz grossa. Era notável uma preocupação genuína em seu olhar, obrigando-me a me sentir culpada. Imediatamente calei minha boca, diminuindo o fogo de fúria.

— Também não quero me machucar, Dyon... — Sussurrei em derrota. Eu sabia que ele estava certo, sabia que não poderia o culpar por se preocupar comigo, com o estado do meu casamento, mas eu preferia fingir, fingir que não sabia.

Prefiro pensar que somente fingia que eu ainda era inocente, então decidi fingir que nunca vi aquilo.

— Dói menos se fingir de seco, surdo e mudo. — Forcei um sorriso confortável, enquanto o fitava com desespero, mas tentando cobrir com carinho.

Para um machucado não doer, é só ignorar, fingir que não existe. Mas ainda vai continuar latejando, seu próprio corpo pedindo para aplicar um curativo, implorando para você cuidar.

Toxic Home/ BR {Dark Dome} +15Onde histórias criam vida. Descubra agora