Confronto.

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  O corredor era longo e claustrofóbico, com paredes de pedra fria cobertas por umidade e musgo. Tochas antigas nas paredes ofereciam uma iluminação oscilante, lançando sombras inquietantes que pareciam se mover por conta própria. O cheiro de mofo misturava-se ao de cera queimada e sangue seco, tornando o ar pesado e difícil de respirar.
  Daemon e Mary caminhavam com cautela, seus passos ecoando em ritmos irregulares no chão de pedras gastas. O silêncio era quebrado apenas pelo gotejar distante de água em algum canto invisível, um som que parecia amplificar a tensão a cada passo. Quando chegaram ao final do corredor, a visão diante deles era tanto hipnotizante quanto perturbadora.
  Alid e Khaled estavam diante de um altar esculpido em uma pedra negra polida, coberto por runas luminosas que pulsavam em tons de violeta e azul. A luz emanada pelas inscrições parecia viva, iluminando os dois com uma aura quase espectral. O brilho da tatuagem no pescoço de Khaled espelhava o das runas, enquanto seus olhos fixavam-se na figura esculpida no centro do altar — uma entidade de formas indefinidas, meio humana, meio bestial.
  O som das botas de Mary e Daemon ao se aproximarem trouxe um vislumbre de normalidade ao momento. A respiração deles era audível, curta e contida, enquanto ambos pararam ao lado de Khaled e Alid, olhos agora fixos no altar.
  De repente, ele apareceu. Um elfo negro emergiu das sombras, como se tivesse sido moldado pela própria escuridão. Sua pele era de um tom negro lustroso, refletindo a luz das runas como obsidiana polida. Os olhos, vermelhos como brasas, pareciam atravessar cada um deles, analisando e ameaçando ao mesmo tempo. Ele usava uma armadura de couro escuro adornada com detalhes prateados em formato de espinhos, que pareciam pulsar com uma magia sombria.
- nunca acaba. - Khaled suspirou frustrado.
O grupo, Fênix Negra, se preparou para o confronto final, os rostos determinados e as armas prontas.
- eu não sei quanto tempo posso aguentar, mas se eu não sair vivo, conte minha história. - Khaled, movido pelo impulso, começou o combate.
Selic atacava o elfo negro com fúria.
No entanto, o elfo negro, ágil e experiente, desviava facilmente dos ataques do monstro, seu corpo escuro se movendo com uma fluidez sobrenatural.
- lento demais.  - falou o elfo. - próximo!
- não subestime, seu ser asqueroso! - disse Khaled.
  A batalha estava se tornando cada vez mais intensa. O elfo negro conjurou feitiços sombrios que preenchiam a câmara com sombras. Ele brandia sua lâmina com maestria, cortando e parando qualquer ataque que se aproximasse.
- e agora? Onde ele está? - Mary parou de repente, ela não conseguia enxergar na escuridão.
- não se preocupe Mary, estamos no pé dele! - gritou Khaled.
  Cada golpe do elfo cortava o ar com precisão mortal, a lâmina se movendo com fluidez e agilidade. A sombra ao seu redor parecia se estender e se encolher, envolvendo-o, tornando-o quase invisível. O som do metal cortando o ar e o impacto contra a carne ecoavam a cada movimento, enquanto o ambiente ao redor ficava tenso com a presença da escuridão. A atmosfera estava pesada, e a sensação de perigo iminente era palpável, como se o elfo pudesse surgir de qualquer lugar a qualquer momento.
  Daemon se lançou contra o adversário ao lado de Khaled, enfrentando uma luta brutal. Seus golpes eram precisos e cruéis, sua técnica de punhos quebrava ossos e deixava marcas profundas em qualquer inimigo que encontrasse. Mas a ferocidade do combate não diminuía. O elfo negro parecia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, sua lâmina cortando o ar com uma violência quase ensurdecedora.
  Mary, embora habilidosa em combate, lutava para manter o controle em meio à intensa batalha.
  A cada golpe do elfo negro, sua energia se esgotava, e o peso da batalha estava começando a pesar em seus ombros. Com a luta alcançando seu clímax, Khaled decidiu usar o máximo de sua magia restante. Ele conjurou uma poderosa rajada de eletricidade, mas, exausto e sobrecarregado pela intensidade do combate, seu foco começou a falhar. A magia não saiu como ele esperava e, em um momento de fraqueza, o elfo negro avançou com uma velocidade sobrenatural. Um golpe certeiro atingiu Khaled, e ele caiu ao chão, desmaiado e sem forças. Afastado, elfo rir satisfeito.
- a academia não ensinou vocês a duelar? - disso o elfo com tom de deboche.
- olhe bem, criatura. - era Daemon. Ele apontou para um corte raso sobre a pele escura do elfo.
- como? - elfo murmurou surpreso.
  Mary, sentiu o pânico tomar conta. Seu controle sobre a energia começou a se desintegrar, e uma onda descontrolada irrompeu de seu corpo. As sombras da câmara se agitaram violentamente e, em um frenesi de energia descontrolada, Mary lançou uma explosão.
- Mary não! - Daemon, correu frenético para tentar parar sua irmã.
  O poder do feitiço era devastador. O elfo negro foi envolto por uma tempestade de energia descontrolada, mas a força da energia também causou um impacto esmagador na própria Mary. A pressão fez com que ela desabasse, desmaiando ao lado de Khaled, o rosto pálido e as mãos ainda tremendo. O combate terminou abruptamente, com a câmara imersa em um silêncio pesado, interrompido apenas pelo som de respiração ofegante dos outros membros da Fênix Negra.
  Alid, agora focado na situação desesperadora, tentou rapidamente avaliar a condição de seus amigos. Ele sabia que a situação era crítica, e precisava agir rápido para garantir a segurança de todos.
- espero que ela não tenha se matado. - Alid avaliava Khaled, checou se ele estava respirando. E para seu alívio, sim. Depois foi vê se a Mary estava bem. - eles estão bem.

A câmara silenciosa, parecia agora um campo de batalha abandonado. A Fênix Negra estava exausto, mas determinado a sair daquele lugar com vida. Alid, com o corpo de Khaled às costas, e Daemon, carregando Mary, avançavam com cautela pelos corredores estreitos. Daemon pega o amuleto em cima do altar.
- agora que estamos com o amuleto, vamos sair daqui o mais rápido possível. - Daemon não perdeu tempo, eles viram uma passagem e seguiu caminho.
  Khaled estava inconsciente, sua energia profundamente esgotada pelo último confronto. Mary também estava desmaiada, sua magia descontrolada havia deixado-a fragilizada. Os membros da Fênix Negra, embora aliviados por terem derrotado o elfo negro, sabiam que tinham que ser rápidos para evitar mais perigos.
- como você sabia que tinha bandidos? - perguntou Daemon.
- eu vim observar uma vez, e vi alguns bandidos entrando e saindo da casa. - disse Alid caminhando, com corpo do amado não tão pesado.
- então porque eles não pegaram o amuleto? - Daemon perguntou, para ele não fazia sentido ter tanto bandido e nem mesmo um sequer ter conseguido pegar.
- eles não podia pegar. Era impossível na situação que estavam, e pensa, aqui estava cheio de criaturas, talvez não seria trabalho para eles, mas armadilhas poderia ser.
  Enquanto avançavam, uma sensação de urgência pairava no ar. Os corredores pareciam intermináveis, e a cada passo, a tensão aumentava. A qualquer momento, poderiam se deparar com novos inimigos ou armadilhas.
  De repente, Khaled começou a recuperar a consciência. Seus olhos se abriram lentamente, e ele sentiu a sensação de estar sendo carregado. O cansaço e a dor eram intensos, mas sua mente estava alerta. Ele tentou se mover, mas logo percebeu que estava nas costas de Alid.
– finalmente acordou, – disse Alid, sua voz suave. – Você está bem?
  Khaled tentou responder, mas a exaustão fazia suas palavras saírem de forma arrastada.
– Sim, só... só um pouco cansado. Mary... como está Mary?
  Alid lançou um olhar para Mary, ainda inconsciente nas costas de Daemon.
– Ela também está em péssimas condições. Daemon está fazendo o melhor que pode para mantê-la estável.
  Enquanto Khaled começava a recobrar os sentidos, Mary também começou a despertar. Seus olhos se abriram lentamente, e ela sentiu o peso das feridas e da fadiga.
– Daemon... Alid... o que aconteceu? – Mary perguntou com dificuldade, sua voz fraca.
– Você desmaiou durante a luta contra o elfo negro, –  explicou Alid. – Estamos a caminho de sair daqui.
  Mary olhou ao redor e viu Khaled sendo carregado por Alid. O rosto dela ficou ainda mais pálido ao ver o estado de seu amigo.
– Khaled... está mal?
– Sim, ele está exausto, – confirmou Alid. – Mas a prioridade agora é sair daqui.
  Com a determinação renovada, o grupo continuou sua marcha. O corredor parecia menos ameaçador agora que estavam todos conscientes novamente. No fim do corredor, revelava um brilho de luz que parecia uma promessa de liberdade.
- logo à frente a saída, finalmente. - disso Daemon.
  A Fênix Negra finalmente emergiu, com o luar da noite iluminando o terreno escarpado que cercava a entrada. Khaled, ainda debilitado, esforçou-se para ficar em pé ao lado de seus aliados.
- estranho, aqui parece familiar. - falou Khaled.
- logo a frente, fica a favela dos globins, - Alid apontou para um caminho que leva a favela. - agora faz sentido.
  Uma voz é ouvida, grave e de alerta.
- eles estão ali!
O ar estava carregado de expectativa e medo.  Vicent e Toede aguardavam na clareira, cercados por uma guarda pessoal composta por brutamontes. O líder do Grêmio da Crueldade estava imponente, com sua armadura negra e seu olhar cruel. Ao seu lado, Toede, com seu sorriso sarcástico, parecia ansioso para a batalha.
- ah finalmente. - Vicent se levanta e junto com sua pequena tropa, caminham.
  Khaled, apesar de sua exaustão. Ele sabia que este era o momento crucial e que não havia volta. Alid, ao seu lado, estava pronto para usar suas habilidades, e Daemon e Mary estavam preparados para enfrentar  o desafio.

 Alid, ao seu lado, estava pronto para usar suas habilidades, e Daemon e Mary estavam preparados para enfrentar  o desafio

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