Fênix Negra: A Amuleto do Conhecimento

Desafios e Revelações.

No amanhecer seguinte, o sol tingia o céu com tons de laranja e dourado enquanto Khaled e Alid retornavam à Academia Arcana. O caminho de pedras antigas, ladeado por árvores imponentes, parecia mais longo do que de costume. Ambos estavam exaustos, mas uma certa tensão pairava no ar, especialmente para Alid. Ele sabia que, embora tivessem saído vitoriosos de seu confronto, o retorno à academia traria novos desafios - especialmente no que se referia a Mary.
  Ao cruzarem o portão principal da academia, Khaled lançou um olhar para Alid, oferecendo-lhe um sorriso encorajador. A jornada que compartilharam os aproximara ainda mais, mas o retorno à realidade acadêmica prometia testar os laços recém-formados. Mary estava esperando na entrada da Torre Central, onde as aulas eram ministradas. Assim que viu Khaled, seus olhos brilharam de alívio e alegria. Ela correu em sua direção, jogando os braços ao redor dele em um abraço apertado.
- Khaled! Graças aos deuses você está bem! - Ela recuou um pouco, segurando seu rosto entre as mãos e o examinando como se precisasse se certificar de que ele realmente estava ali. - Eu estava tão preocupada...
Khaled sorriu, seus olhos azuis irradiando calor.
- Estou bem, Mary. Foi uma batalha difícil, mas nós conseguimos.
  Quando Alid se aproximou, Mary imediatamente retirou as mãos de Khaled e cruzou os braços, o rosto se fechando em uma expressão de frieza absoluta. Ela sequer se dignou a olhar diretamente para Alid, mantendo os olhos fixos em Khaled.
- Você devia ter sido mais cuidadoso, - ela disse a Khaled, ignorando a presença de Alid por completo. - Nós não sabemos o que poderia ter acontecido se algo tivesse dado errado.
   Khaled, percebendo a tensão crescente, tentou amenizar a situação.
- Alid também esteve lá, Mary. Ele me ajudou muito. Nós não teríamos conseguido sem ele.
  Mary soltou um riso seco, finalmente permitindo que seu olhar encontrasse o de Alid, mas seus olhos estavam cheios de desdém.
- Talvez... Mas isso não muda nada.
  Alid, mantendo a compostura habitual, apenas inclinou a cabeça levemente em reconhecimento.
  Ela virou-se para Khaled, apertando sua mão com uma firmeza que expressava tanto preocupação.
- Vamos, Khaled. Precisamos falar com o Professor Ignatus sobre o que aconteceu.
  Antes que Khaled pudesse responder, um brilho de luz cintilou ao lado deles, e Daemon apareceu, seu corpo envolto em uma aura prateada que lentamente se dissipou. Ele olhou ao redor, seu semblante sempre sereno, seus olhos fixaram-se em Khaled e Alid, notando a tensão entre eles.
- Daemon! - Khaled exclamou, surpreso, mas feliz em ver o amigo.
  Daemon assentiu, caminhando até eles com passos suaves, quase silenciosos.
- Fui chamado de volta pelo mestre, mas agora estou aqui.
  Alid o observou de soslaio, reconhecendo a força tranquila que Daemon exalava, uma força que vinha tanto de seu treinamento quanto da aceitação de sua verdadeira natureza.
- é verdade, - Alid respondeu calmamente, - nenhuma aluno pode chegar atrasado na academia, ou são teletransportado.
  Mary olhou para Daemon, sua expressão suavizando um pouco.
- Fico feliz que esteja bem, Daemon. Precisamos nos reunir e discutir tudo o que aconteceu. E preciso te contar algumas coisas...
- Claro, - Daemon respondeu. - Mas antes de qualquer coisa, já tem algum plano para resgatar o amuleto?
- não, ainda não. - Alid respondeu. - mas estou pensando nisso.
  Khaled assentiu, seu olhar alternando entre seus três companheiros. Ele sabia que, independentemente das tensões ou sentimentos não resolvidos, a Fênix Negra precisava estar unida para o que viria. E enquanto Alid permanecia em silêncio, Mary relutante, e Daemon introspectivo, Khaled sentia que esse seria o verdadeiro teste de suas amizades.

★

  Khaled e Alid caminharam pelo corredor, os olhares de seus colegas acompanhando cada passo. Ao chegarem ao grande salão, foram recebidos por uma pequena multidão de estudantes e professores. Xeipe, líder do Grêmio da Liberdade, aproximou-se de Khaled, seu sorriso misturado com preocupação. Ele demonstrou alívio ao vê-lo, os olhos brilhando.
- Khaled! Alid! - Xeipe exclamou, estendendo os braços como se fosse abraçá-los, mas parou ao ver a expressão séria nos rostos de ambos. - Vocês estão bem? O que aconteceu na missão?
  Khaled trocou um olhar rápido com Alid antes de responder. Ele sabia que não poderia esconder a verdade, não de Xeipe, que sempre foi um amigo leal e confidente.
- Não foi fácil, Xeipe, - começou Khaled, a voz carregada de cansaço. - Vicent conseguiu o Amuleto... apesar de nossos melhores esforços. E não apenas isso, enfrentamos desafios maiores do que esperávamos. Foi um verdadeiro inferno.
  Xeipe franziu a testa, a preocupação evidente em seu rosto.
- Ele tem o Amuleto? Isso é ruim... muito ruim. - Ele deu um passo para trás, respirando fundo. - Mas vocês estão aqui, o que significa que ainda há esperança.
  Alid, cruzou os braços e acrescentou. - Ele nos enganou com uma réplica falsa, e agora que tem o Amuleto verdadeiro, ele está mais perigoso do que nunca. Não podemos subestimá-lo novamente.
  Xeipe assentiu lentamente, absorvendo as informações.
- Precisamos reunir o Grêmio da Liberdade e os outros aliados. Não podemos permitir que ele use esse poder contra nós... contra a Academia.
- Concordo, - disse Khaled, finalmente permitindo que uma pequena chama de esperança se acendesse em seus olhos. - Mas precisamos de um plano. Vicent tem seguidores, e ele não hesitará em usá-los. Vamos precisar de toda a ajuda possível.
  Xeipe olhou para os dois, sua expressão endurecendo com a gravidade da situação.
- Eu vou convocar uma reunião com todos do grêmio. Vamos precisar de estratégias, força e, acima de tudo, união. Vocês fizeram o que puderam, e agora é hora de todos nós enfrentarmos isso juntos.
  Khaled deu um leve sorriso para Xeipe, sentindo um fio de esperança se infiltrar em sua mente.
- Obrigado, Xeipe. Sabíamos que poderíamos contar com você.
  Xeipe sorriu de volta, mais confiante agora.
- Sempre, Khaled. Estamos nisso juntos, não se esqueça.
   Com isso, Xeipe se virou e começou a se afastar, já gritando ordens para reunir o Grêmio da Liberdade. Khaled e Alid ficaram onde estavam por um momento, observando enquanto os estudantes começavam a se mobilizar. Khaled então olhou para Alid, que parecia tão imperturbável como sempre, mas Khaled conhecia-o bem o suficiente para perceber a tensão em seus ombros e o brilho em seus olhos verdes.
- Vamos descansar um pouco antes da reunião. Precisamos estar no nosso melhor.
  Alid assentiu, a expressão de sempre no rosto.
- Sim, mas não podemos baixar a guarda. Essa luta está longe de terminar.
   Juntos, eles seguiram em direção aos aposentos. Daemon caminhou em direção ao pátio de treinamento, os passos ecoando nos corredores vazios. A noite estava tranquila após a batalha na masmorra, mas as questões sobre sua verdadeira natureza como lefou o atormentavam. No pátio, Zed, líder do Grêmio da Justiça, aguardava. Com os braços cruzados e uma expressão séria, mas acolhedora, ele acenou para Daemon se aproximar, a luz das tochas projetando sombras sobre seu rosto.
- Daemon, - Zed começou, a voz calma, mas carregada de respeito. - Eu sei que as últimas horas foram difíceis para você. Gostaria de te apresentar alguém que pode ajudar.
  Daemon assentiu silenciosamente, sentindo uma mistura de curiosidade e apreensão enquanto seguia Zed até um canto mais isolado do pátio. Lá, sentado em uma almofada minúscula, estava uma figura pequena, quase invisível no escuro, mas que emanava uma aura de serenidade e poder. O mestre sprite, Chibi-sensei, levantou os olhos de sua meditação e fixou-os em Daemon com uma intensidade que parecia perfurar a alma. Zed se abaixou levemente, numa reverência respeitosa.
- Chibi-sensei, este é Daemon, o monge que mencionei.
  Chibi-sensei, um ser diminuto com asas translúcidas e uma expressão sábia, assentiu lentamente. Ele se levantou, flutuando suavemente no ar e parou na frente de Daemon, estudando-o com olhos penetrantes.
- O caminho é cheio de sombras, - disse Chibi-sensei, sua voz suave, mas ressoando com uma autoridade inquestionável. - Mas a escuridão não é apenas destruição; ela pode ser transformada em força, se você assim o desejar.
  Daemon inclinou a cabeça respeitosamente, sentindo o peso das palavras do mestre.