NIGHTMARE

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'So, pack up your car, put a hand on your heart
Say whatever you feel, be wherever you are
We ain't angry at you, love
You're the greatest thing we've lost
The birds will still sing, your folks will still fight
The boards will still creak, the leaves will still die
We ain't angry at you, love
We'll be waitin' for you, love
And we'll all be here forever
And we'll all be here forever
We sure will'
You're gonna go Far - Noah Kahan





Alice Drugovich
Outubro de 2014. Unidade médica de MIE, Japão.

Eu simplesmente desmaiei... O choque foi tão grande que algo aconteceu e desmaiei.
Estou sentada na maca olhando para um ponto fixo há bastante tempo, minutos ou horas... A enfermeira vem aqui as vezes para checar o soro, quando acordei vimos para o hospital e assim que chegamos a minha pressão caiu, então acharam melhor me medicar.
Minha pressão caiu justamente quando o médico falou que o Jules estava em cirurgia e o estado era grave. Andrea tenta a todos custo me fazer falar, não falo nada desde que acordei do desmaio.

Quando na verdade, quero chorar, gritar, invadir o lugar que ele está e ver com os meus próprios olhos que ele está bem.

' Eu sempre volto, Mon amour.'

E se... E se isso for apenas uma promessa vazia?
E se ele não voltar?

- Os pais dele já estão chegando.- Andrea fala.- Alice - Andrea chama de novo, a voz dele soando quase distante, mesmo que esteja bem ao meu lado. - Você precisa comer alguma coisa, beber água...

Balanço a cabeça, recusando. Como posso pensar em comer, em fazer qualquer coisa, quando não sei se ele vai sobreviver? Quando o mundo parece ter parado de girar desde o momento em que disseram "estado grave"?

- O que eu faço se ele não voltar, Andrea? - As palavras finalmente escapam dos meus lábios em um sussurro quase inaudível. Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto, mas estou muito entorpecida para limpá-la

-

Ele vai voltar. - Mas sinto incerteza na sua voz, o que faz o meu medo crescer.

Andrea força um sorriso, mas seus olhos traem o medo que ele sente. - Ele vai me matar se souber que te deixei com sede e sem comer nada.

Dou uma risada curta, sem humor, e é quase doloroso como o som ecoa no silêncio da sala. Jules odiava quando eu me esquecia de cuidar de mim mesma. Sempre me dizia que eu era péssima em ser "humana". Estar aqui agora, sem ele, sem a sua insistência para que eu coma ou descanse... Parece tão vazio.

- Ele não vai saber, Andrea. Ele não pode saber... - murmuro, e de repente sinto uma pontada de desespero na minha voz. Porque o que realmente estou dizendo é: ele precisa voltar para saber, e brigar com nós dois.

- Já volto. - Andrea sai da sala me deixando sozinha, apenas o medo crescendo a todos momento e deixando o quarto minúsculo.

O medo corrói minhas entranhas, e eu sinto uma nova onda de lágrimas se formar, mas estou cansada demais para chorar. Cansada de esperar, de ter esperança. Sinto como se estivesse vivendo um pesadelo, esperando acordar, esperando que alguém entre pela porta e diga que está tudo bem. Mas ninguém entra. Nada muda. Só o vazio.

Constellations - Jules Bianchi Onde histórias criam vida. Descubra agora