Capítulo XXI

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Tudo o que aconteceu após sair em disparada do apartamento dos noivos não foi processado direito no cérebro de Sakura. Era como se seu corpo inteiro estivesse em um estado de dormência, onde todos os seus movimentos fossem feitos apenas por instinto. Ela abandonou a residência do ex-marido em um rompante, com o coração batendo acelerado, e dirigiu-se à garagem para pegar seu carro.

Assim que entrou no automóvel, ligou-o sem hesitar, nem prestou atenção nas pessoas que caminhavam apressadas nas calçadas. O trânsito estava caótico, e tudo ao seu redor se resumia a um  emaranhado de imagens borradas. Sua mente insistia repetidamente em voltar ao momento em que tudo deu errado, a expressão de dor no rosto de Hinata, as palavras duras que foram ditas. Cada lembrança era uma facada dolorosa em seu coração.

Ela virou em uma esquina e adentrou em outra rua com vários prédios de dez andares, todos um do lado do outro. Havia um espaço disponível para estacionar os carros ao lado de cada condomínio, e ela facilmente entrou em uma dessas vagas. Antes de se dirigir ao edifício, Sakura correu até a floricultura mais próxima. Onde seus pés quase escorregaram no chão molhado pelo sistema de irrigação que acabara de ser acionado. Optou por escolher um buquê de flores que sabia ser o favorito de Hinata — lírios brancos —, ela amava aquelas flores, foram uns dos primeiros presentes que deu à amante em um dos encontros.

Ainda se lembra, como se fosse ontem, o sorriso que ela lhe deu, como suas bochechas ficaram lindas em um tom rosa escuro quando se beijaram após ter entregado o presente. Suas mãos tremeram levemente enquanto entregava as notas meio amassadas ao florista. Ela apertou o buquê contra o peito com força, quase como se aquilo pudesse servir de escudo contra a ansiedade que crescia dentro dela.

Quando finalmente chegou ao prédio de Hinata, seu coração batia tão rápido que parecia que iria saltar do peito. Sakura passou pelo porteiro quase no automático, só acenou de longe e foi direto para as escadas, sem nem esperar pelo elevador. Subiu os degraus de dois em dois, ignorando o fato de que teria que enfrentar três andares de escadas até chegar ao destino.

Ao chegar na porta marrom, parou por um segundo com as mãos apoiadas nos joelhos, tentando recuperar o fôlego, suas pernas pediam arrego do esforço recente. Depois de alguns minutos, Sakura recuperou o fôlego, já recomposta, puxou o ar para os pulmões e soltou em um bufar longo, sentindo aquilo diminuir a ameaça dos nervos à flor da pele. A mesma olhou ao redor e notou que tudo estava em um completo silêncio, exceto pelo som distante de uma televisão vindo de algum outro apartamento. Não saberia identificar qual, mas chutaria a hipótese de ser um dos vizinhos chatos que sempre reclamava quando Sakura passava as noites com Hinata.

A modelo esticou sua mão trêmula até a campainha, seus dedos finos quase tocaram o botão, mas ao chegarem a poucos milímetros, hesitou. Milhões de pensamentos invadiram sua mente. E se Hinata não quisesse vê-la? E se fosse tarde demais para pedir desculpas? E se a morena realmente quisesse deixá-la, esquecer o que viveram para sempre? E se Hinata se apaixonasse por outro alguém?

Sakura engoliu seco com as várias possibilidades.

A rosada inspirou e pressionou o botão suavemente, por três segundos, esperando com o coração batendo na boca. O som reverberou pelo corredor, e ela sentiu um aperto no peito, como se cada batida fosse a última chance de consertar tudo. Sem esperar, deu mais dois toques rápidos, com o coração acelerado e a respiração curta.

Enquanto esperava, tentava a todo o custo encontrar um jeito de manter a calma, no entanto, parecia ser uma tarefa impossível. Olhou ao seu redor, procurando algo para se distrair, mas todos os seus pensamentos estavam voltados a como Hinata reagiria à situação. A ansiedade fazia suas pernas tremerem, e o medo de não ser atendida começava a tomar conta. Mas então, do outro lado, ela ouviu o barulho da fechadura se movendo.

Prostitute (SasuNaru)Onde histórias criam vida. Descubra agora