Capítulo XX

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Naruto Uzumaki

Nunca fui de chorar. O fato de ser órfão me fez aprender a esconder minhas tristezas, pois de acordo com os outros, as lágrimas eram nada mais que demonstração de fraqueza. As cuidadoras do orfanato onde fiquei até a minha maioridade sempre diziam que, para ser um homem forte e amado por todos, eu deveria mascarar meus sentimentos com um sorriso. Com isso, não teria tanta vulnerabilidade. Seria mais forte e consequentemente, seria feliz. Mas no final das contas, não pude seguir esse padrão. Sempre com as emoções à flor da pele.

Bem, não importa mais. Já estou quebrado mesmo. É inevitável não sentir tristeza. Minha melhor amiga, aquela em quem confiei todos os meus segredos, que compartilhava comigo os bons e mais momentos, mentiu para mim. Quebrou a confiança que passamos anos construindo juntos, nossa convivência imaculada, foi destruída em um piscar de olhos. 

Hinata, a pessoa que eu pensava estar sempre comigo, a quem eu jamais atribuiria uma traição, foi capaz de omitir algo tão importante. Entendo seus receios, sei que teve motivos para tal omissão, mas não posso deixar de me perguntar se fui ingênuo demais em lhe dar minha confiança, não consigo afastar o sentimento de traição que assola minha alma. Talvez eu devesse ter percebido antes, se eu tivesse notado algo, isso nunca teria acontecido, mas a verdade é que eu nunca quis ver o pior nos outros, especialmente atribuir coisas ruins à única pessoa que esteve sempre ao meu lado.

Não sei há quanto tempo estou aqui, sentado no chão frio, encolhido como uma bolinha, abraçando meu próprio corpo, tentando parar de chorar. Contudo, a solidão me esmaga aos poucos, me forçado a desejar um local melhor, algo que me traga um conforto. Sinto-me tomado pela dor e a tristeza, foi difícil virar as costas e deixá-la ir. Foi ainda mais difícil não me despedir com nosso abraço costumeiro.

Apenas me deixei ali, virado de costas, evitando olhar os olhos perolados da morena. Já estava chorando quando escutei suas últimas palavras, ouvi quando ela se afastou com passos pesados fechando a porta atrás de si, deixando para trás uma dor imensurável. Sinto meu peito subindo e descendo rápido enquanto soluços dolorosos se rompem pela minha garganta.

Um som além do tic-tac do relógio barulhento na parede branca do apartamento se faz presente em meu campo de audição. É alto e pesado, posso identificar que são passos. E a cada segundo eles ficam mais próximo até pararem diante da porta. O barulho seguinte é de um bip enquanto q porta é destravada.

Meu coração salta freneticamente em meu peito fazendo meu próprio sangue gelar. Não quero que Sasuke me veja assim de novo. A ideia de deixá-lo ver meu lado fraco, embrulha meu estômago. Não estou pronto para conversar agora. Solto um suspiro triste, espero que o moreno entenda.

Sou arrancado de meus pensamentos quando sinto braços fortes me abraçarem por trás. Nenhuma palavra é dita, Sasuke deve ter entendido. Sua mão sobe para minha cabeça e seus dedos entram em contato com meu couro cabeludo, fazendo um cafuné gostoso, trazendo à tona minha suprida vulnerabilidade. Isso foi a gota d’água para as lágrimas antes não derramadas saíram grossas e pálidas do cantos de meus olhos.

Sasuke me envolve com um abraço, um dos mais fortes que ele já me deu. É como se cada centímetro do meu ser estivesse sendo coberto do amor que compatilhamos, e isso me fez chorar ainda mais. No lugar de soluços baixos e reprimidos vem uma onda de dor e sofrimento, não vejo nenhum motivo para continuar segurando toda a mágoa guardada de anos. Seguro o Uchiha e grito com às todas minhas forças. Posso sentir minha garganta arder e minha voz ficar rouca, mas não importa, quero que tudo saia, tudo aquilo que estava engasgado há tempos, só assim vou me sentir melhor. Mais leve.

Não sei por quanto tempo ficamos na mesma posição, mas percebi que eventualmente meus soluços foram diminuindo, até sobrar apenas alguns fungados melancólicos. 

Prostitute (SasuNaru)Onde histórias criam vida. Descubra agora