Prostitute (SasuNaru)

Capítulo XIV

Hinata Hyuuga

S

e arrependimento matasse, eu já estaria a sete palmos do chão. Ainda me pergunto como fui tão ingênua de ter passado meses acreditando em Sakura. De ainda amar fortemente essa mulher sem escrúpulos, que tanto me usou e se aproveitou do meu amor.

Agora estou aqui, na frente do espelho do meu guarda-roupa, tentando me maquiar para esconder as evidências de noites em claro chorando, e só consigo pensar em como tudo desmoronou. 

Meus olhos inchados e vermelhos de tanto chorar são a confirmação das noites mal-dormidas devido ao peso que carrego em meu peito, e não ajudam em nada. Passo o rímel com as mãos trêmulas, mais borrando do que arrumando, tento colocar uma cor em meus lábios, mas nada disfarça a sombra de tristeza estampada em minha face.

Toda essa situação me esgota de um jeito que nem sei descrever. Cada vez que lembro da expressão de Sasuke, exigindo que eu contasse tudo ao Naruto, sinto um aperto no peito. É como se cada palavra não dita fosse um peso que carrego nos ombros. Saber que estou traindo a confiança do meu melhor amigo, uma pessoa tão amável e bondosa como ele, que me vê como uma amiga leal, só piora tudo. Eu queria ter a coragem de dizer a verdade, mas a cada vez que tento, minha voz some.

Quando olho para aquelas safiras tão lindas, puras, cheias de alegria, não arranjo coragem para contar algo tão grave. Não quero destruir toda essa confiança construída em anos de amizade e convívio sincero. Mas não posso deixar isso assim, as coisas vão piorar se Sasuke contar. Apesar do medo triturando meu peito e dilacerando minha alma, é melhor que seja eu a revelar minhas transgressões.

Levanto o cabelo em um coque bagunçado, mas acabei optando por desfazê-lo e refazê-lo várias vezes. Não importa como eu tente, nada parece certo. Minha mente volta para aquelas conversas com a Sakura, o jeito que ela me envolveu nas mentiras, me fazendo acreditar que estava tudo bem. Só que agora, vendo o estrago que causamos, vejo o quanto fui usada, da maneira que ela me via como apenas um algo descartável. Um brinquedo que a criança usa até se cansar e jogar na lata de lixo.

Eu só queria desaparecer, mas fugir não é uma opção. 

Naruto merece saber a verdade, por mais que isso vá me custar a amizade dele. Talvez ele nunca mais queira olhar na minha cara, talvez eu perca a confiança dele para sempre. E isso dói mais do que qualquer coisa, no entanto, não encontro uma solução. Não há outra saída, não tem uma versão onde eu saio ilesa. Em todas as versões, o estrago é grande demais. Um suspiro deixa meus lábios enquanto eu sigo amaldiçoando Sakura.

Termino de me arrumar, mas minha aparência não esconde o cansaço e o desespero. Olho para a porta, respiro fundo, tentando reunir a pouca coragem que me resta. É agora ou nunca. Se eu não fizer isso, vou me afogar nessa culpa pelo resto da vida.

Saio de casa, cada passo um peso, cada respiração uma luta. Meu destino é o apartamento de Naruto, sinto meu coração batendo como um tambor descontrolado dentro de meu peito dolorido. Sei que essa conversa vai mudar tudo. E eu só desejo que, no fim, ele consiga me perdoar. 

Para minha sorte o Uchiha não vai estar lá, visto que tem uma reunião importante, pelo menos foi isso que o loiro me informou quando liguei para ele horas atrás, com a desculpa de que queria visitá-lo para almoçarmos juntos e conversar sobre os acontecimentos recentes. Pelo seu tom de voz na chamada, notei que não sabe de nada, ou seja, Sasuke ainda não contou. Sinto-me aliviada por um momento, por outro lado, fico indecisa, pois eu mesma tenho que enfrentar tudo isso.

Avisto a porta que vai ser o início do caminho que decidirá se a amizade entre meu melhor amigo e eu durará ou não. Toco a campainha por três segundos, tempo suficiente para a agonia congelar meu sangue e entorpecer minhas veias. Por um mísero segundo, cogitei a possibilidade de dar meia volta e figir, no entanto, quando vi a figura loira aparecer na porta, sorrindo, percebi que era tarde demais. Tarde demais para remediar os danos causados.