Capítulo 2: Sob o Peso do Destino

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Madara estava exausto. Seus músculos protestavam, mas ele continuava a se forçar, a correr de um lado a outro do campo de treinamento, como se estivesse tentando fugir de si mesmo. A pressão de ser o herdeiro do clã Uchiha nunca diminuía. Mas, naquele dia, algo dentro dele se quebrou. Cada vez que tentava reunir forças para impressionar seu pai, sentia como se estivesse enfrentando uma barreira invisível — uma barreira que crescia a cada segundo.

O sol já começava a se pôr quando Tajima Uchiha interrompeu abruptamente o treino. Seus olhos penetrantes pousaram sobre Madara com uma intensidade que o jovem Uchiha conhecia bem. Havia algo diferente naquele olhar hoje. O que Madara não sabia era que seu pai suspeitava de algo... algo que o transformaria para sempre.

— Madara, venha comigo — ordenou Tajima, em um tom mais sério do que o habitual.

Izuna tentou seguir, mas o pai fez um gesto brusco com a mão, indicando que aquilo não era para ele. Madara, com o coração acelerado e as mãos tremendo, seguiu o pai até uma clareira afastada. Ali, cercados apenas pelas árvores e pelo silêncio do crepúsculo, Tajima parou.

— Madara, há algo que preciso saber. Você está escondendo alguma coisa de mim? — Tajima perguntou, com uma dureza que era ao mesmo tempo protetora.

Madara ficou confuso. Esconder algo? Ele já se sentia um fardo, com o peso das expectativas sobre seus ombros, mas... o que ele poderia estar escondendo?

— Eu não... eu não entendo, pai — disse Madara, a voz vacilante.

Tajima olhou para ele com uma mistura de frustração e dor. Ele sabia, ou pelo menos suspeitava, que seu filho não era um alfa, como esperava. Isso o preocupava, pois, para o clã Uchiha, ser um alfa era sinônimo de liderança e poder. Mas algo mais profundo o preocupava: os conselheiros do clã. Eles não seriam gentis se descobrissem a verdade sobre Madara.

Naquele momento, como se o destino estivesse esperando para agir, uma brisa suave soprou, trazendo com ela um aroma que Tajima reconheceu imediatamente. Um cheiro adocicado e inconfundível... lavanda. O coração de Tajima disparou, e a verdade caiu sobre ele como uma avalanche: seu filho era um ômega.

Antes que pudesse reagir, três dos conselheiros que haviam observado o treino de Madara surgiram das sombras. Tajima sabia que eles estavam tramando algo. Eles se entreolharam e um deles, com um sorriso cruel, disse:

— Então, é verdade. O herdeiro dos Uchiha é um ômega. Isso não pode ficar impune, Tajima. O clã jamais aceitará um líder fraco.

O sangue de Tajima ferveu. Ele, que sempre fora duro com Madara para prepará-lo para um mundo cruel, não deixaria seu filho ser ferido ou humilhado. Antes que os conselheiros pudessem atacar, Tajima sacou sua lâmina com uma velocidade mortal, matando dois deles em um único movimento.

O terceiro tentou reagir, mas Tajima o desarmou facilmente, olhando-o com fúria.

— Não toque no meu filho! — gritou Tajima, antes de silenciá-lo para sempre.

Madara observou a cena com horror, o cheiro de sangue agora misturado ao de lavanda no ar. Ele não sabia o que fazer. Seu pai... havia matado para protegê-lo, mas o que isso significava para o futuro? Ele era uma ameaça para o próprio clã? Sem pensar duas vezes, ele correu.

Suas pernas o levaram até a floresta, seus pensamentos girando descontroladamente. Madara corria como se o próprio ar estivesse tentando sufocá-lo. Ele não sabia para onde ir; só sabia que precisava fugir. O peso das expectativas finalmente o esmagara. O mundo que conhecia estava desmoronando, e a única coisa que conseguia ouvir era o som de seu próprio coração batendo contra o peito.

Ele correu por um tempo que pareceu uma eternidade até que seus pulmões ardessem e suas pernas cedessem. Ajoelhado na terra, ofegante, ele sentiu uma presença. Levantou a cabeça e viu um garoto de sua idade, de cabelos escuros e olhos profundos, que o observava com curiosidade e compaixão.

— Você está bem? — perguntou o estranho, estendendo a mão.

Madara, ainda ofegante, aceitou a ajuda e se levantou. Ele queria responder, mas o cheiro do garoto o atingiu com força. Era um aroma amadeirado, cítrico, que imediatamente acalmou todos os seus medos. Por um breve instante, o mundo pareceu mais leve. O desconhecido sorriu, e naquele sorriso havia uma sensação de paz que Madara jamais havia sentido antes.

— Eu sou Hashirama — disse o garoto, ainda sorrindo, como se tivesse encontrado um velho amigo.

Madara hesitou, sem saber se deveria dizer seu nome ou revelar sua identidade. Mas, naquele momento, nada importava. Ele não era um Uchiha, não era um ômega, não era nada além de um garoto perdido que precisava de um amigo.

— Sou... Madara — disse ele, sentindo-se surpreendentemente leve ao pronunciar aquelas palavras.

Eles passaram horas juntos, conversando sobre tudo e nada. Nenhum dos dois mencionou seus clãs, mas havia uma conexão inegável. O lobo interior de Madara, que ele ainda mal compreendia, parecia reconhecer o lobo de Hashirama. Havia uma química entre eles que não podia ser ignorada, como se ambos soubessem, de alguma forma, que pertenciam um ao outro.

Madara fechou os olhos e inalou profundamente o cheiro amadeirado de Hashirama. Aquele aroma era como uma âncora que o impedia de afundar em suas inseguranças. E, por algum motivo inexplicável, Hashirama parecia sentir o mesmo. Ele, por sua vez, adorava o cheiro de lavanda que Madara exalava. Era doce e tranquilizador, como o abraço que ele não sabia que precisava.

— É estranho... — murmurou Hashirama, olhando para o céu escurecido. — Parece que nos conhecemos há muito tempo.

— Sim... — respondeu Madara, quase em um sussurro. — E, de algum jeito, parece certo.

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