O peso das expectativas

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**Capítulo 1: O Peso das Expectativas**

A luz da manhã filtrava-se através das frestas da casa dos Uchiha, lançando sombras dançantes sobre o chão de madeira. Madara, com apenas sete anos, estava acordado antes do sol nascer, seu pequeno coração batendo acelerado enquanto ele tentava se preparar para mais um dia sob o olhar severo do pai. Ele ergueu a cabeça e olhou para Izuna, que ainda dormia tranquilamente ao seu lado, o rosto sereno de quem não conhecia o peso do mundo que Madara carregava.

— Izuna — sussurrou Madara, balançando levemente o irmão mais novo. — Acorda!

— Hm? — murmurou Izuna, esfregando os olhos sonolentos. — O que foi, Madara?

— Precisamos treinar antes que pai chegue. Ele... ele vai ficar bravo se não estivermos prontos.

Izuna se sentou na beirada da cama, olhando para o irmão com preocupação.

— Você está preocupado de novo? O pai não vai nos machucar, certo?

Madara forçou um sorriso, mas a verdade era que ele temia seu pai mais do que qualquer coisa. Tajima Uchiha era um líder poderoso e temido, mas em casa, ele era apenas um pai exigente que esperava nada menos que a perfeição de seus filhos.

— Só precisamos mostrar que somos fortes — disse Madara, tentando convencer a si mesmo.

Os dois meninos se levantaram e vestiram suas roupas de treino. Enquanto se preparavam, Madara sentiu um nó no estômago ao lembrar da última vez em que seu pai havia elogiado Izuna por sua força e habilidade. Era como se cada palavra de aprovação fosse uma lâmina afiada que cortava ainda mais profundamente suas inseguranças.

Ao chegarem ao campo de treinamento, Madara viu seu pai em pé, cercado pelos conselheiros do clã. Tajima falava alto e gesticulava com fervor enquanto os homens assentiam com expressões sérias.

— Olhe para ele — sussurrou um dos conselheiros, apontando para Madara. — O filho do líder do clã Uchiha deve ser um alfa forte! E ele... bem, você já viu como ele é?

Madara apertou os punhos, tentando ignorar as palavras cruéis. Ele sabia que não tinha a presença imponente de Hashirama Senju, o filho do líder dos Senju. Isso só aumentava a pressão sobre seus pequenos ombros.

Tajima se virou e avistou Madara e Izuna. Seu olhar se endureceu.

— Vocês estão atrasados! — gritou ele. — Comecem a treinar agora!

Madara engoliu em seco enquanto se posicionava ao lado de Izuna. O medo de decepcionar seu pai era como uma sombra constante em sua mente.

— Vamos lá! Lute como um verdadeiro Uchiha! — Tajima ordenou enquanto cruzava os braços.

Os meninos começaram a treinar sob os olhares críticos dos conselheiros e a pressão crescente de Tajima. Cada movimento era meticulosamente observado; cada erro era amplificado por gritos desumanos.

Após horas de treinamento intenso, Madara estava exausto e suas pernas tremiam sob o peso do esforço.

— Isso é tudo que você consegue fazer? — Tajima rosnou com desprezo ao ver Madara falhar em um golpe simples.

— Pai... eu só preciso de um pouco mais de tempo... — murmura Madara, sua voz quase desaparecendo sob a pressão daquela figura imponente.

— Tempo? Você não tem tempo! Estamos em guerra! Você precisa ser forte! Mais forte do que isso!

Madara sentiu lágrimas quentes brotarem em seus olhos enquanto lutava contra a vontade de desistir. Ele olhou para Izuna, que estava ofegante ao seu lado e parecia tão preocupado quanto ele.

Nesse momento, a lembrança dolorosa de seu irmão mais velho veio à tona: o vazio deixado pela perda dele ainda ardia em seu coração. Ele jurou proteger Izuna a todo custo; não podia deixar mais ninguém partir.

— Eu... eu vou ser forte! — gritou Madara repentinamente, sua determinação tomando conta dele por um breve instante.

Tajima arqueou uma sobrancelha cética.

— Prove isso! Mostre-me que você é digno do nome Uchiha!

Madara respirou fundo e tentou reunir toda a força dentro dele. Mas no fundo de sua mente havia um medo persistente: e se ele não fosse um alfa? O pensamento lhe dava náuseas; ele queria vomitar só de pensar na possibilidade.

Enquanto continuavam a treinar sob o olhar crítico do pai e dos conselheiros, Madara sabia que precisava encontrar uma maneira de ser aceito como um verdadeiro Uchiha — não apenas como o prodígio que todos esperavam ser, mas como alguém capaz de lidar com as expectativas esmagadoras colocadas sobre seus ombros frágeis. E no fundo do seu coração confuso, uma pequena parte dele ansiava por saber quem realmente era além das sombras da guerra e das expectativas familiares.

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