Capítulo 3: O Peso das Esperanças

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Desde o instante em que Madara nasceu, Tajima Uchiha soubera que seu filho era especial. Os traços de Madara evocavam seu amado, seu ômega, cuja vida fora tragicamente interrompida durante o parto de Izuna, após um ataque devastador dos Senjus ao clã. A perda de seu ômega deixou Tajima com um vazio profundo, um buraco que parecia impossível de preencher. Mas, ao olhar para o pequeno Madara, Tajima viu uma centelha familiar, uma faísca que lembrava o sorriso de seu amado.

A dor de perder seu ômega foi intensificada pela semelhança de Madara com ele. Era como se o menino herdasse não apenas a aparência, mas uma fragilidade inerente. Tajima temia que seu filho não fosse capaz de enfrentar as duras expectativas do clã Uchiha. Desesperado, ele procurou a ajuda de uma antiga curandeira, a mesma que cuidara de seu amado anos atrás. Ela criou uma pomada especial, projetada para mascarar o cheiro de ômega de Madara e substituir por um aroma de alfa. Tajima sabia que a pomada não era ideal e tinha efeitos colaterais, mas não havia outra alternativa. A sobrevivência e a aceitação de Madara pelo clã dependiam disso.

Na floresta, Madara e Hashirama estavam mergulhados em uma conversa profunda, cultivando uma amizade que parecia desafiar a própria lógica. No entanto, essa tranquilidade foi interrompida por um jovem com cabelos escuros e olhos profundos, que carregava uma tristeza inexplicável. A presença desse estranho era quase sobrenatural.

— Você está bem? — perguntou o desconhecido, sua voz suave e carregada de uma melancolia quase palpável.

Madara, ainda ofegante e perplexo, sentiu uma estranha sensação de calma ao olhar para o jovem. Ele se apresentou como Indra e, com um tom grave e enigmático, advertiu:

— Você deve se afastar de Hashirama. Seu pai está perto.

Hashirama, ao ouvir isso, se despediu rapidamente, prometendo encontrar Madara novamente no mesmo lago no futuro. Madara, confuso e intrigado, sentiu uma conexão inexplicável com Indra, como se o jovem fosse uma parte essencial de um quebra-cabeça que ele ainda não compreendia.

A sensação de frio e dor de cabeça aumentaram, tornando-se quase insuportáveis. Madara caiu no chão, fraco e tremendo. O frio o envolveu, e ele foi encontrado por seu pai, Tajima, que estava à sua procura na floresta. O desespero de Tajima ao ver seu filho em tal estado era palpável. Com mãos trêmulas, ele envolveu Madara em um manto quente, e o jovem, atordoado, olhou para o pai com uma mistura de medo e confusão.

— Madara — disse Tajima com uma voz carregada de preocupação e amor, — precisamos falar sobre a pomada que você usará. É uma medida para esconder seu cheiro de ômega e dar a impressão de que você é um alfa. Eu sei que não é justo e que pode ter efeitos colaterais, mas é a única maneira de garantir sua aceitação pelo clã.

Madara, ainda fraco e angustiado, olhou para o pai com um olhar de desilusão. Ele não conseguia entender por que sua vida tinha que ser envolta em mentiras e artifícios.

— Eu não quero usar essa pomada — disse Madara com um sussurro carregado de dor.

Tajima suspirou, a tristeza em seus olhos refletia a própria dor que ele sentia por forçar seu filho a usar a pomada.

— Eu sei, meu filho. Eu sei que é injusto e doloroso, mas é a única forma de garantir sua segurança e a sobrevivência do clã. Eu prometo que farei tudo que estiver ao meu alcance para que você não sinta tanto o peso disso.

Enquanto Tajima falava, Madara não conseguia tirar de sua mente a figura de Indra. O jovem misterioso, sua aura e a tristeza em seus olhos deixaram uma marca profunda em Madara. Ele sentia que havia algo mais a ser revelado, algo que estava além de sua compreensão atual.

Tajima, vendo a expressão perturbada do filho, continuou:

— Desde que nascemos, todos nós, Uchihas, sabemos das histórias sobre Indra e Ashura, os Deuses da Lua e do Sol. Eles foram inimigos em um passado distante, e a profecia fala sobre essa eterna rivalidade. No entanto, essas histórias são lendas, e a verdade é sempre mais complexa do que qualquer profecia pode descrever. O que importa agora é que você se mantenha seguro e forte.

Madara, com a mente ainda confusa e o corpo fraco, sentiu a pressão das expectativas e das mentiras o esmagando. Ele desejava desesperadamente entender o que realmente estava acontecendo. O desejo de encontrar Indra novamente e descobrir a razão de sua tristeza tornava-se cada vez mais forte.

Ele esperava, secretamente, que a verdade sobre Indra e seu próprio destino fossem reveladas. Talvez, ao encontrar Indra novamente, pudesse descobrir o verdadeiro propósito de sua existência e encontrar a paz que parecia sempre escapar de suas mãos. À medida que Tajima ajudava Madara a se recompor e a aceitar a pomada, o jovem Uchiha sentia que o peso das esperanças e das mentiras o estava esmagando.

Madara ansiava por respostas e esperava que o encontro com Indra no futuro pudesse oferecer-lhe as verdades que ele buscava, na esperança de que algum dia pudesse encontrar a paz e a clareza que tanto desejava.

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