Capítulo 8 - "Ecos de Destinos Antigos"

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O amanhecer banhava o vale em tons suaves de dourado, enquanto a brisa fresca trazia consigo o aroma da terra molhada e o silêncio absoluto de um mundo que ainda despertava. Madara abriu os olhos lentamente, seu corpo dolorido e mente pesada com a lembrança da noite anterior. O calor do corpo de Hashirama ainda estava sobre ele, uma presença reconfortante, mas que agora trazia pânico.

Ele se virou bruscamente, sentindo uma pontada aguda no quadril e uma dor latente em seu pescoço, onde Hashirama havia deixado sua marca. Ao tocar a pele sensível, um misto de vergonha e arrepio o percorreu, trazendo flashes da noite passada — a entrega, o toque, os beijos, e o momento em que se tornaram um só. O medo, no entanto, voltou rapidamente, arrastando-o de volta à realidade. Seu clã, seu pai... o que eles diriam? O que fariam se descobrissem?

Desesperado, ele tentou se levantar, mas seu corpo fraquejou, ainda tomado pelas emoções da noite anterior. Tremendo, ele abaixou a cabeça, as mãos agarrando a grama molhada, enquanto a angústia o consumia. Antes que pudesse se afastar, sentiu os braços fortes de Hashirama ao redor de seu corpo. O toque suave e firme o puxou de volta para a realidade, e Hashirama, com a voz baixa e calma, sussurrou ao seu ouvido: "Vai ficar tudo bem, Madara. Eu estou com você."

Madara fechou os olhos, deixando-se envolver pelo abraço. Os feromônios de Hashirama o acalmaram quase instantaneamente, como uma corrente quente que dissipava o medo e a confusão. Era a promessa silenciosa de proteção, de amor incondicional, e naquele momento, Madara desejou poder se perder para sempre naquele sentimento, esquecendo o mundo lá fora.

"Eu tenho que voltar", murmurou Madara, ainda hesitante, o coração batendo descompassado. Hashirama o soltou apenas o suficiente para poder olhar em seus olhos, e com um toque delicado nos lábios de Madara, ele selou a promessa: "Nós vamos nos encontrar novamente, sempre. Eu juro te proteger de tudo e de todos."

Com esse juramento selado, os dois se separaram, ainda que seus corações permanecessem entrelaçados. Hashirama partiu primeiro, seus passos firmes enquanto seu olhar se demorava sobre Madara, como se não quisesse deixá-lo ali. Madara, por sua vez, demorou mais um pouco antes de reunir forças para retornar ao seu clã. Mas algo dentro dele estava mudado. Ele não era mais apenas Madara Uchiha, o guerreiro implacável — ele agora carregava uma parte de Hashirama dentro de si, e isso o preenchia com um misto de amor e uma melancolia silenciosa.

Quando Madara chegou à sua casa, o que encontrou foi a fúria pura e avassaladora de Tajima, seu pai. Os olhos do patriarca estavam cheios de uma ira incontida, e antes que qualquer palavra pudesse ser dita, ele atingiu Madara com uma bofetada tão forte que o jovem quase caiu ao chão.

"Espero que tenha ao menos matado o maldito Senju!", gritou Tajima, o rosto tomado por uma cólera que parecia consumir tudo ao redor. Madara não respondeu. Por dentro, sentia-se desolado, esmagado pela realidade. Como poderia dizer ao pai que não apenas não havia matado Hashirama, mas que agora o amava com uma intensidade que jamais havia sentido antes?

Izuna, sempre à margem, observava de longe, preocupado com o irmão. Ele sabia que Madara estava diferente, e essa mudança o deixava inquieto. Mas, ao mesmo tempo, Izuna era ignorado pelo pai, sempre ofuscado pela sombra de Madara. Ainda assim, o laço que compartilhava com seu irmão mais velho era profundo, e o medo por Madara crescia dentro dele.

Um mês se passou. A tensão entre os clãs continuava, mas Hashirama e Madara encontravam formas de escapar para o vale secreto, onde se prometiam paz, onde faziam planos para um futuro sem guerra. Nas noites frias, compartilhavam carícias e palavras de amor, e, aos poucos, sonhavam com a possibilidade de, um dia, liderarem seus clãs juntos, unidos pelo desejo de um novo mundo.

Entretanto, algo estava errado. Madara começou a se sentir fraco, sua energia parecia ser drenada mais rapidamente do que o normal. Naquela manhã, enquanto caminhava ao lado de Hashirama, ele simplesmente desmaiou por alguns minutos, seus olhos se fechando e sua consciência sendo engolida por uma escuridão repentina. Hashirama ficou desesperado, segurando Madara nos braços, seu coração disparado de preocupação.

"Madara! O que está acontecendo com você?" Hashirama sussurrava, a voz carregada de medo. Madara abriu os olhos lentamente, sentindo-se exausto, mas fingiu estar bem. "Estou... estou cansado. Nada mais." Mas ele sabia que algo mais profundo estava errado. Seu corpo parecia traí-lo, e a necessidade de estar perto de Hashirama crescia de maneira avassaladora, como se o alfa fosse sua única âncora.

Enquanto isso, em outro plano, Indra e Ashura observavam de longe. Eles sabiam que a história estava se repetindo, mas desta vez, haviam decidido intervir. Não deixariam que os erros do passado destruíssem a nova chance que tinham diante de si. Indra, com a marca de seu antigo sofrimento, murmurou para Ashura: "Dessa vez, iremos ajudá-los. Eles não sofrerão como nós sofremos."

E naquela mesma noite, enquanto Madara estava em casa, seu corpo finalmente cedeu. Ele desmaiou novamente, mas dessa vez, foi levado a um sonho vívido e aterrador. Ele viu Indra, seu ancestral, em trabalho de parto, dando à luz um bebê — Izuna. Ashura estava ao seu lado, ambos sorrindo, mas o momento de paz logo foi interrompido por uma tragédia. O ataque foi rápido e brutal. Ashura tentou proteger Indra, que estava fraco após o parto, mas ambos foram abatidos.

Nos momentos finais, Ashura prometeu a Indra que eles se encontrariam em todas as suas vidas, que seu amor transcendia a morte. E Madara, em seu sonho, viu tudo — sentiu a dor, a fúria e a promessa feita.

Quando acordou, estava suado, seu corpo tremendo e sua mente cheia de perguntas. Algo dentro dele estava mudando, e o peso do passado e do presente começava a se fundir, como se os destinos de todos estivessem se entrelaçando mais uma vez.

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