Capítulo 15: A Revelação na Biblioteca

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A biblioteca antiga da mansão Uchiha estava envolta em um silêncio sepulcral, as estantes repletas de livros empoeirados pareciam guardar segredos tão antigos quanto o próprio clã. O ar estava pesado, e o cheiro de papel envelhecido misturava-se com o perfume da madeira escura. Tajima, com seu olhar penetrante e uma expressão endurecida pelas cicatrizes de batalhas passadas, entrou na sala com passos resolutos. Ele era um homem de feição forte, um guerreiro impenetrável, cujas cicatrizes eram marcas de um passado violento. Mas agora, seus olhos carregavam a expressão de alguém que havia perdido algo vital e estava prestes a perder tudo o que lhe restava.

Madara e Izuna estavam sentados em cadeiras opostas, observando o pai com uma mistura de apreensão e curiosidade. A frieza no olhar de Tajima era um reflexo do que ele havia se tornado, um homem que carregava a dor de uma perda irreparável e uma raiva que parecia consumir cada parte de seu ser.

Tajima fez um gesto para que os meninos se levantassem e, com um movimento firme, revelou uma passagem secreta oculta por uma estante. A entrada para o corredor oculto era pequena, mas imponente, e Tajima os conduziu por ela com a precisão de um homem que estava acostumado a enfrentar perigos. Eles chegaram a uma sala mais reservada, longe dos olhares curiosos da casa.

"Escutem-me bem," Tajima começou, sua voz carregada de uma frieza calculada. "Todos nós estamos em perigo. Se os anciões descobrirem que Madara se deitou com um Senju e agora está grávido, seremos enviados para a forca. Eles nunca permitirão tal desonra. O que você fez, Madara, pode custar nossas vidas."

Madara, com a expressão sombria e a cabeça baixa, sentiu o peso das palavras do pai. Sentia-se culpado por ter desafiado as expectativas, por ter deixado o clã em perigo. Izuna, ao seu lado, estava em choque, mas a lealdade ao irmão e ao pai era evidente em seus olhos.

"Eu sei que não fui um bom pai para vocês," Tajima continuou, seu tom de voz mudando ligeiramente, como se ele estivesse lutando para encontrar a forma certa de expressar seu remorso. "Se o Omma estivesse vivo, as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas agora, eu juro que se Hashirama tiver te enganado para te trair e levar a morte, farei questão de destruir o clã Senju. Peço que fiquem em alerta. Os anciões são espertos, e nada muda o fato de que a guerra já tirou muito de mim. Ela me tirou o Omma, e agora quer tirar meus filhos. Eu quero paz. Finalmente, eu quero paz."

Os olhos de Tajima, geralmente implacáveis, estavam agora imersos em uma tristeza profunda. Madara e Izuna estavam surpresos, mas o choque logo deu lugar à determinação.

Madara, com a voz embargada, levantou-se. "Pai... Eu sinto muito. Eu realmente sinto muito. Não consegui evitar. Eu e Hashirama somos a reencarnação de Indra e Ashura. Estávamos condenados a esse ciclo de sangue, mas agora Indra e Ashura estão lutando para que possamos ficar juntos nesta vida. A profecia nunca foi como as histórias contam. Ela não é verdade. Eu e Hashirama somos almas gêmeas, e agora, Indra deseja a paz sem mais derramamento de sangue."

Izuna, que havia ouvido com atenção, tomou coragem para falar. "Pai, eu também tenho algo a dizer. Os Senju não são o que dizem sobre eles. Tobirama e eu nos tornamos próximos, e ele também deseja a paz. Os Senju são manipulados assim como nós. Eles também querem acabar com o ciclo de sangue. Revelar a verdade sobre a gravidez de Madara só vai aprofundar a divisão. Mas nós nunca poderíamos evitar o que aconteceu."

Tajima ficou em silêncio, absorvendo a revelação. Sua mente estava uma tempestade de emoções. Ele percebeu que, ao se tornar um guerreiro implacável após a morte de seu amado ômega, havia perdido de vista os laços que realmente importavam. Seu amado, o homem que havia sido seu apoio, sua fonte de força, havia morrido no parto de Izuna. Ele fora atacado pelos Senju enquanto estava enfraquecido, e Tajima sempre suspeitou que os anciões estiveram por trás daquele ataque.

A raiva de Tajima se acendeu novamente ao pensar na morte de seu amado. Seus olhos estavam cheios de vida, amor, e agora só restava um vazio insuportável. Ele lembrava das noites em que o ômega estava ao seu lado, e agora apenas o desespero e a traição o consumiam. A morte do Omma não foi apenas uma perda pessoal, mas uma traição que rasgou o próprio coração de Tajima. Ele sabia que os anciões eram responsáveis por isso, que haviam planejado sua desgraça para enfraquecê-lo e tornar o clã vulnerável.

"Desculpe-me, Izuna," Tajima disse, sua voz quebrada por uma dor que ele nunca havia mostrado antes. "Sempre deixei você na sombra de Madara. Sempre pensei que você não era suficiente, mas agora vejo que você tem um coração bondoso, e por isso peço desculpas. Você merece mais do que eu dei."

Izuna, surpreso com a sinceridade e o arrependimento de seu pai, sentiu uma mistura de alívio e tristeza. Era uma nova perspectiva sobre o homem que ele conhecia apenas como o implacável líder do clã.

"Eu entendo, pai," Izuna respondeu, a voz trêmula. "Eu e Madara apenas queremos o melhor para todos nós. Só queremos acabar com esse ciclo de sangue e encontrar um caminho para a paz."

Tajima respirou fundo, suas mãos tremendo enquanto tentava manter o controle. Ele estava determinado a proteger seus filhos, a esconder o segredo da gravidez e a encontrar um caminho para a paz, se é que isso ainda era possível. Os conselheiros e anciões não poderiam descobrir a verdade, ou seriam todos condenados.

A reunião terminou com um sentimento misto de alívio e medo. A verdade estava agora exposta, e a compreensão entre pai e filhos era palpável. Mas a sombra da traição e do perigo ainda pairava sobre eles. Tajima, agora mais consciente de suas falhas e das intrigas que o cercavam, sentiu o peso de suas decisões como nunca antes. O caminho para a paz seria árduo, mas ele estava disposto a lutar por isso, mesmo que fosse a última coisa que fizesse.

Enquanto ele observava seus filhos saírem da sala, Tajima se deixou cair em uma cadeira, a dor e a raiva ainda queimando em seu peito. Ele estava determinado a lutar, a proteger o que ainda tinha e a confrontar aqueles que haviam se escondido nas sombras, manipulando e traindo. Em meio à dor e à perda, ele encontrou uma nova resolução: acabar com a guerra e salvar o que ainda restava de sua família.

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