Izuna entrou no quarto de Madara, o ambiente estava pesado com o silêncio da noite. Seu irmão estava sentado à janela, o olhar perdido no horizonte. O tempo parecia não ter passado entre os dois, mas agora havia uma distância emocional que Izuna precisava quebrar.
— Madara — começou Izuna, hesitante, mas determinado. — Preciso falar com você sobre algo importante.
Madara voltou o olhar para o irmão, seus olhos vermelhos brilhando à luz da lua. Ele sabia que aquela conversa seria séria, mas não imaginava o que estava por vir.
— Eu... eu estou apaixonado pelo Tobirama — disse Izuna, sua voz vacilante. — E não é só isso. Eu o amo.
Madara ficou em silêncio, seus olhos se estreitaram, e ele cruzou os braços, mas não parecia surpreso. Era como se já soubesse, como se já esperasse que Izuna lhe revelasse isso.
— Izuna, o que você está me dizendo é perigoso — começou Madara, a voz firme, mas havia algo mais em seu tom, algo que sugeria preocupação genuína. — Você entende o que isso significa para nós? Para você? A guerra entre nossos clãs...
— Eu sei — Izuna interrompeu, a dor evidente em sua voz. — Mas não posso mais esconder isso de você. Tobirama não é meu inimigo. Eu o amo, e estou disposto a lutar por esse amor.
Madara fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Ele passou a mão pela barriga, onde sentia o leve movimento de uma nova vida crescendo. A criança em seu ventre era um lembrete constante de que as coisas haviam mudado para sempre.
— Eu entendo seu sentimento — disse Madara, mais calmo agora. — Porque eu também sinto o mesmo por Hashirama. Sempre senti. E agora, com o nosso filho crescendo dentro de mim, o medo só aumenta. O medo de que ele nunca possa conhecer seu pai, o medo de que essa guerra acabe destruindo tudo que temos. Mas há mais em jogo, Izuna. Muito mais.
Izuna olhou confuso para o irmão. Madara se levantou, caminhando lentamente pelo quarto.
— Existe uma antiga profecia, a de Indra e Ashura — continuou Madara. — Esses dois espíritos sempre foram destinados a ficar juntos, a unir seus poderes, não a lutar entre si. Mas, geração após geração, seus descendentes se enfrentaram em guerras intermináveis. Eu e Hashirama somos os atuais receptáculos dessa antiga rivalidade. Só que eu não acredito mais que o destino deles era a guerra. Não é sobre destruir um ao outro, mas sobre nos unirmos. E eu quero encontrá-lo, quero contar-lhe toda a verdade. sobre nosso clã, sobre nosso pai... sobre tudo.
Madara parou de falar por um momento, como se tivesse tirado um peso imenso dos ombros. A guerra não era mais apenas contra os Senju, mas também contra os anciões do clã Uchiha, que os mantinham presos em uma tradição de ódio e vingança. Ele sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando, mas havia uma leveza em finalmente falar sobre seus sentimentos, seus medos e seus desejos.
Izuna, que ouvia tudo em silêncio, sentou-se ao lado do irmão. Fazia tempo desde que ele estivera ali, naquele quarto, e aquela noite parecia uma lembrança distante da infância, quando as coisas eram mais simples.
— Sabe, Madara — Izuna começou a brincar, tentando aliviar a tensão. — Enquanto todo mundo, inclusive eu, acreditava que você era um alfa, você na verdade era um ômega. E não só isso, se deitava com Hashirama e até engravidou! Estou triste, irmão, você não confiou em mim! — riu Izuna, dando um leve tapa no ombro de Madara.
Madara revirou os olhos, mas não pôde evitar um sorriso.
— Eu nunca confiei em ninguém além de você — respondeu Madara, afagando os cabelos do irmão, como fazia quando eram crianças. — Só precisava de tempo. Mas agora... agora sei que podemos lutar juntos, por nós mesmos e por quem amamos.
Os dois irmãos passaram o resto da noite juntos, relembrando os tempos de criança, quando a guerra não existia em suas mentes. Eventualmente, Izuna adormeceu, e Madara continuou a acariciar seus cabelos, uma sensação de paz momentânea preenchendo seu coração.
Mas ele sabia que essa paz era apenas o prelúdio de uma tempestade muito maior que estava por vir. A guerra com os Senju, com os anciões de seu próprio clã, com o destino. E logo, muito em breve, ele se reuniria com Hashirama para contar-lhe toda a verdade.
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Entre sombras e destinos
Romance"Entre Sombras e Destinos"** No turbulento universo do Japão feudal, onde a guerra entre os clãs Senju e Uchiha se intensifica, a hierarquia social é rigidamente definida por status ABO. Os Uchiha, temidos e rotulados como demônios, lutam para mante...