Capítulo 10

118 21 1
                                    

FEITICEIRO

Os jovens não respeitam mais nossas tradições e não as entendem, julgam-se mais fortes e mais poderosos do que os espíritos que nos deram a vida.

— Me diga que ele está mentindo? — Ele é tão ligado a nós quanto o nosso alfa.

Jin, o predestinado do nosso alfa nos ama como um irmão, por isso nos sente e nos protege.

— Não era meu objetivo ouvir a conversa, Jin, apenas recolhia ervas banhadas pela lua e não quis atrapalhá-los. — Estava cansado, então me sentei em um tronco de madeira e pus meu cajado ao meu lado. — Uma mãe vingativa é como se fossem 10 alfas juntos. Uma mãe protetora é como 50 alfas. Uma loba protegendo seu filhote não mede esforços.

— Você está defendendo-a? Ela matará o JungKook, ele não fará a ligação. Eu o conheço. — Mantinha-se de costas para mim, segurando a dor pelo irmão.

— Nem uma folha cai em nosso mundo sem a permissão dos espíritos da floresta, minha criança. — Observei a lua, tão esplêndida nos banhando com sua graça e trazendo um frescor para a noite e para os animais que se recolhiam entre as árvores.

— Mas a magia, feiticeiro...

— Uma mãe que amou e protegeu o filho jamais lhe daria um destino tão cruel como ser amarrado a um ser que nunca lhe pertenceu. Acalme seu coração, ele precisa partir e a criança ficará bem entre nós, mas “Ela” não. Senti sua ira, seu ódio e rancor. Estava tão cega pela vingança que não conseguia apaziguar seu espírito para se aproximar do amado filho, um filho que acalentou durante toda a vida.

— O que o senhor viu no Jimin? Eu sinto um passado tenebroso. O lobo também sentiu escuridão no pequeno, mas ele é tão inocente quanto o Sun.

— Dor, fome, frio, medo e solidão, mas ao mesmo tempo nada, apenas um coração de um lobinho apaixonado por sua ligação, como se o passado não existisse, como se ele tivesse esperado a vida toda por seu companheiro e, ao tê-lo, fosse o suficiente.

— Como ele suportou tanta dor, feiticeiro? Tão pequeno e doce.

— Ele não suportou, meu filho. Me ajude aqui. — Estendi a mão e mais controlado ele veio ao meu encontro, entregou-me o cajado e segurou meu braço. — "Ela" suportou tudo por ele, frio, fome, medo e dor. Toda noite de inverno, "Ela” o abraçou e em toda humilhação, o acalentou. 

— Usou alguma magia para ser o escudo dele e para que nada chegasse ao seu coração. Se era tão poderosa, por que não o tirou do pai, feiticeiro? Por que não o salvou? — Caminhávamos de volta para casa.

— A magia não nos é dada com manuais prontos, precisamos aprender a dominá-la. Ela poderia ter passado anos aprendendo como destruir todos, como pegar seu filho de volta, como matá-los, mas sabia que levaria muito tempo e poderia ser morta. Preferiu dominar algo mais simples, mas tão forte quanto os outros: canalizar a dor do filho para si...

— Eu não entendo, ele está a salvo, então por que não deixa o JungKook em paz?

— A dor da violência ao seu corpo. A dor de ser vendida pelo pai e separada do ser que mais amou, mesmo sendo ele fruto de uma violência, juntou-se a toda crueldade canalizada ao filho. A escuridão a dominou e com a morte tornou-se um espírito vingativo.

— O JungKook não merecia esse destino, nem essa criança.

— Nenhum ser pertence ao outro se os espíritos não permitirem. — Bati em seu braço, que me ajudava a me locomover.

— Ele realmente precisa ir embora tão rápido?

— Para o bem de todos, sim.

O vampiro era do lobinho, mas a criança era fraca e não entendia tudo que a rodeava.

Enquanto ele não se fortalecesse, seu predestinado continuaria sendo soldado da mãe.

Predestined to Vampire - Jikook (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora