2- Um monstro? Ou apenas uma criança?

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Sn On

Elas me olham como se eu fosse um tipo de ser de outra realidade.

— Como você pode se levantar sem ao menos sentir dor?! — A ruivinha fala me olhando preocupada.

"Sentir" essa palavra tem o significado do que eu nunca soube o que era. Na Hydra ou você se defende ou sofre até conseguir. Não existia compaixão ou empatia, era matar ou ser morto, nunca houve meio termo.

Eu não respondi. Eu seria mantida em cativeiro e provavelmente seria torturada até eu falar algo. Então seria tudo de novo. As torturas, abusos e tudo aconteceria novamente. Mas eu aguentaria, sempre aguentei tudo sozinha e não seria agora que eu precisaria de alguém. Eu sei que se eu voltar para a Hydra serei torturada por 3 meses seguidos sem descanso.

Elas suspiraram parecendo cansadas.

— Iremos te levar para a sala de interrogatório. Então ande. — O loiro falou rude atraindo os olhares das ruivas.

Eu não falei nada, apenas comecei andar como se não tivesse levado tiro nenhum. Mesmo tendo uma dor insuportável em todo o meu corpo mesmo fingindo ou tentando ignorar.

Na sala me fizeram sentar na frente de um cara com um tapa olho. Ele não me dava medo.

— Bom, iremos começar. Há quanto tempo você está na Hydra? Que tipo de monstro você é? Por que nos atacou quando acordou na primeira vez?! — Ele perguntou, mas eu não respondi nenhuma das vezes.

Ele me olha com raiva. Eu senti uma leve tontura. Mas ignorei. Acho que ele percebeu.

— Qual foi a última vez que você comeu? Quantos anos você tem?! — Ele perguntou novamente.

Eu não sabia se respondia ou não. Mas é se talvez eu finalmente deixasse alguém entrar, mais uma vez... mas e se me trair e me esfaquear pelas costas? E se eu me quebrar mais ainda? E se eu me afogar nessa solidão que carrego? Esse peso que carrego desde sempre de tentar salvar todo mundo está ficando cada vez mais pesado.

Suspirei e o olhei de forma neutra.

— Desde os meus 6 anos, o tipo que não deve mexer, tenta acordar acorrentado em um lugar totalmente diferente. Não tenho a menor ideia e eu tenho 19 anos. — Respondi brevemente. Não seria tão fácil assim para eu confiar neles.

Todos daquela sala se espantaram. Não entendia o motivo.

— Você é apenas uma criança! — O loiro fala espantado.

— Não existem crianças para a Hydra. — Falo fria. Me levanto e saio da sala sob o olhar de todos.

Narrador On

Sn estava com a cabeça longe. Ela estava pensando como deveria estar o seu melhor amigo.

Ela estava no terraço da Torre olhando o horizonte. Percebendo que eu literalmente estava livre. Livre da Hydra. Eu finalmente pude respirar, poderia tentar sentir algo.

Sinto alguém atrás de mim e quando essa pessoa se aproximou eu saltei e dei um mata leão. Foi quando percebi que era ruivinha. Então a soltei.

— Desculpa. — Falei me sentando novamente.

— Sou Wanda Maximoff. — Ela fala sentando ao meu lado.

— Sn. Ou, arma número 912. Como você quiser me chamar. — Respondi olhando para o horizonte.

— Onde fica a sala de tortura aqui?! — Pergunto agora olhando para a mulher ao meu lado que me olhava espantada.

— "Sala de tortura"?! A gente não tem uma sala de tortura. — Ela fala como se fosse óbvio.

— Hum.... então não vão me torturar até eu desmaiar ou se cansarem?! — Perguntei confusa.

Ela fica mais pasma ainda.

— Não! Claro que não! — Wanda fala aterrorizada.

— Estranho. Vão testar os meus poderes até eu desmaiar? — Pergunto e vejo ela mais aterrorizada.

— Sn, o que aconteceu com você nesses 13 anos na Hydra?! — Wanda pergunta direta.

— Terá que fazer melhor que isso para ter alguma informação minha Maximoff. — Falei me levantando e indo para aquela cela.

O loiro me encontrou e me olhou com descrença.

— O seu quarto não é aí — Ele fala rude.

Apenas parei de andar e olhei para ele.

— Então onde é?! — Falei fria.

Ele me mostrou onde era o meu quarto. Ele era branco com uma cama que parecia muito macia, mas com anos dormindo em chão duro eu me acostumei.

Eu peguei o tapete e coloquei do outro lado da cama e me deitei. A exaustão me atingiu e eu dormi.

Dia seguinte

Eu acordei às 4 da manhã. Era a minha rotina. Mas quando vi que não estava na minha cela e sim em um dos quarto dos Vingadores eu pude relaxar pelo menos um pouco. Eu peguei o meu caderno que sempre levo comigo em qualquer lugar, pois não confio o suficiente em um local com pessoas.

Eu começo a escrever.

"Monstro Originado do latim monstrum também é indivíduo muito ruim, cruel; indivíduo desumano, atroz.

Eu sei que isso não tem nada haver, mas as pessoas me consideram um 'monstro' sem ao menos se darem ao luxo de me conhecerem.

Mas o que diferencia um monstro de uma pessoa?! Suas atividades? Forma física? Caráter? Seus sentimentos?! Eu sei que deveria entender, mas é inútil. Eu não consigo compreender algo que eu nunca tive.

Mudando um pouco de assunto a Wanda e a ruivinha parecem ser legais. Não gostei do Visão e do loiro oxigenado.

Luck queria que estivesse aqui comigo, daí poderíamos cumprir as nossas promessas. Luck eu irei atrás de você e da Luna. Eu irei achá-los e salvarei de onde quer que estejam." Termino de escrever. E vou para a cozinha. Como era muito cedo não tinha ninguém. 

Apenas uma arma? - Wanda e SnOnde histórias criam vida. Descubra agora