O amor estudar ao lado

Capítulo 3: O Peso de um Segredo

Depois de dias de ansiedade, a mensagem que Raul tanto esperava finalmente chegou. Ana Beatriz, com um sorriso vitorioso, lhe entregou o celular com a página do Instagram de Renato aberta.

- Consegui! - disse ela, enquanto Raul pegava o telefone, sentindo o coração disparar.

Era como se um portal para o mundo de Renato estivesse se abrindo diante de seus olhos. Ele não perdeu tempo e, com um entusiasmo misturado à cautela, começou a curtir todas as fotos. Cada imagem revelava mais sobre Renato - suas viagens, momentos com amigos, a vida que ele levava fora da escola. Para Raul, aquilo era como espiar uma vida que parecia perfeita, tão distante da realidade que ele vivia.

Após um tempo, Raul criou coragem e decidiu mandar uma mensagem simples: "Oi". Era um passo pequeno, mas, para ele, significava muito. Porém, horas se passaram e, embora Renato tivesse visualizado a mensagem, não houve resposta. O vazio daquela ausência de resposta era doloroso. Raul se permitiu um momento de tristeza, mas rapidamente se lembrou de que desistir não era uma opção. Renato não sabia quem ele era ainda. Tudo bem, era só o começo.

No dia seguinte, enquanto Raul caminhava para a escola com sua amiga Manu, ele sentiu a necessidade de desabafar.

- Manu, preciso te contar uma coisa - disse ele, com um ar sério.

- O que foi? - ela perguntou, curiosa.

- Lembra do garoto que te falei, o Renato? Eu consegui o Instagram dele. Curti as fotos e até mandei uma mensagem, mas ele só visualizou e não respondeu.

Manu, que sempre fora muito prática, deu de ombros.

- Talvez ele esteja ocupado. Não fica pensando muito nisso. Continua sendo você mesmo. Se ele responder, ótimo. Se não, a vida segue.

As palavras de Manu o confortaram um pouco. Juntos, eles chegaram à escola e, como de costume, Raul se sentou sob a grande árvore à frente do portão. Era seu refúgio, o lugar onde ele podia pensar, observar e, de certa forma, se esconder. Pouco depois, Ana Beatriz chegou e se juntou a eles.

- E aí, alguma novidade? - perguntou ela, sempre entusiasmada.

Raul suspirou e contou sobre a falta de resposta de Renato. Eles conversaram por alguns minutos, Raul desabafando sobre seus sentimentos e sua esperança de que, algum dia, Renato pudesse ao menos notá-lo.

Foi então que algo inesperado aconteceu. Michela, uma garota conhecida por sua maldade e vontade de criar problemas, ouviu a conversa. Sempre atenta às oportunidades de causar constrangimento, ela decidiu agir. Assim que Renato passou pela entrada da escola, despreocupado como sempre, Michela se aproximou e, com um sorriso cruel, fez o que Raul mais temia.

- Ei, Renato! - ela chamou, atraindo a atenção dele. - Sabe que o Raul ali gosta de você? - Ela apontou diretamente para Raul, que congelou no lugar, o sangue sumindo de seu rosto.

Renato, visivelmente desconfortável, parou e olhou na direção de Raul, que sentiu o chão sumir sob seus pés.

- Eu... gosto de mulher - respondeu Renato com frieza, claramente desconcertado pela situação. Ele deu um passo para trás, evitando contato visual, e seguiu em frente, deixando o ambiente ainda mais pesado.

Raul sentiu como se seu mundo estivesse desmoronando naquele instante. As palavras de Renato ecoavam em sua mente. Ele não esperava que tudo saísse assim, tão abruptamente, tão cruelmente. Sem conseguir conter as lágrimas, ele se levantou rapidamente, fugindo daquele lugar. As lágrimas rolavam livremente por seu rosto enquanto ele se afastava, ouvindo apenas os murmúrios e risadas distantes.

Manu e Ana Beatriz tentaram correr atrás dele, mas Raul não queria ver ninguém naquele momento. Tudo o que ele queria era se esconder, fugir daquela vergonha, daquela dor que agora queimava dentro de si. As palavras de Renato haviam sido como um golpe em seu coração, e a traição de Michela só tornava tudo mais amargo.

Raul correu até o lugar mais isolado da escola que conhecia, se encolhendo em um canto, as lágrimas silenciosas lavando sua dor. Ele não sabia como as coisas poderiam melhorar a partir dali, mas, por ora, o único sentimento que restava era tristeza.