Quando o portão da escola finalmente se abriu, Raul entrou com passos pesados, tentando esconder sua dor atrás de uma expressão neutra. As lágrimas haviam secado, mas o peso do que havia acontecido continuava preso em seu peito. Ele foi direto para sua sala de aula, sem trocar palavras com ninguém, tentando desaparecer entre os outros alunos.Ao se sentar em sua mesa, o som da movimentação da sala parecia distante. Tudo ao seu redor estava abafado pela tristeza que o consumia. Era como se ele estivesse preso em uma bolha, isolado do mundo exterior. Ele tentava não pensar em Renato, nas palavras que ouviu, ou na humilhação que sentiu. Mas, inevitavelmente, os pensamentos vinham à tona.
Pouco depois, Luís entrou na sala, trazendo a energia habitual que Raul não conseguia acompanhar naquele momento. Ele se aproximou de Ana Beatriz, que já sabia de tudo o que havia acontecido mais cedo. Sem hesitar, ela começou a contar o incidente com Michela e Renato.
- Luís, aconteceu uma coisa séria - disse Ana Beatriz em voz baixa. - A Michela ouviu a gente falando do Renato e contou pra ele, na frente de todo mundo, que o Raul gosta dele. Renato disse que só gosta de mulher, e o Raul saiu de lá chorando.
A expressão de Luís mudou de imediato. Ele se aproximou de Raul, que ainda estava cabisbaixo em sua cadeira. Luís cruzou os braços, o rosto cheio de uma mistura de preocupação e frustração.
- Sério, Raul? - Luís começou, a voz carregada de julgamento. - Você achou mesmo que tinha alguma chance com um cara hétero? Olha o que você fez, cara. Isso só vai te trazer mais problemas.
Raul não olhou para ele de imediato, tentando ignorar as palavras duras que vinham de seu amigo. Luís sempre foi direto, mas naquele momento, suas palavras eram como facas perfurando ainda mais o coração já machucado de Raul.
- Você precisa parar com isso - Luís continuou, sem perceber a gravidade de suas palavras. - Amar alguém que nunca vai te amar de volta... isso só vai te machucar mais.
Raul ergueu a cabeça, finalmente olhando diretamente para Luís. Seus olhos, embora sem lágrimas, carregavam uma tristeza profunda. Ele respirou fundo antes de responder.
- Eu sei que ele nunca vai me amar de volta - disse Raul, a voz firme apesar da dor. - Mas eu não escolhi isso, Luís. Eu não escolhi sentir o que sinto. Amar alguém, mesmo que não seja correspondido, não é errado. Eu só... eu só queria ter uma chance de ser eu mesmo, de sentir o que sinto sem ser julgado por isso.
Luís, que havia começado com tanta certeza, agora parecia desconcertado. Ele não esperava uma resposta tão honesta, tão direta. Ana Beatriz, que estava ao lado, apenas observava, esperando que Luís entendesse o que Raul estava tentando dizer.
Antes que Luís pudesse responder, o professor entrou na sala e a aula começou. O barulho dos alunos se ajeitando em suas cadeiras e o som das folhas de papel sendo viradas encheram o ambiente, mas para Raul, o mundo ainda estava um pouco distante. No entanto, algo dentro dele mudara. Embora a dor ainda estivesse presente, a troca de palavras com Luís o ajudou a perceber que, apesar do sofrimento, ele ainda tinha sua verdade, e isso era algo que ninguém poderia tirar dele.
Com o tempo, à medida que a aula avançava, Raul se permitiu mergulhar nos livros e nos exercícios. Por um momento, ele deixou de lado a dor e se concentrou nas lições. A tristeza ainda estava lá, mas, ao menos por agora, ela havia diminuído. Raul sabia que os próximos dias não seriam fáceis, mas também sabia que, de alguma forma, ele encontraria forças para seguir em frente.
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O amor estudar ao lado
РомантикаRenato estuda em uma escola ao lado da de Raul. Desde o início, ele é visto como o garoto popular, extrovertido e que atrai a atenção de todos. Quando Raul se aproxima dele, surge uma conexão, mas Renato, ainda preso a suas certezas sobre sua sexual...