O amor estudar ao lado

Capítulo 7: Corações Partidos e Novos Encontros

O final de semana havia chegado, e Raul tentava de todas as maneiras distrair sua mente. Ele estava na casa de sua madrinha, jogando videogame com seu primo, tentando se concentrar no jogo e esquecer os acontecimentos da semana. A cada sorriso ou piada trocada entre eles, Raul tentava esconder a dor que ainda latejava em seu peito. Tudo parecia normal, exceto por aquela constante sensação de vazio que o acompanhava.

Durante uma pausa no jogo, Raul pegou seu celular para checar as redes sociais. Sua mente estava meio distraída até que algo chamou sua atenção: uma nova notificação. Era uma postagem de Renato no Instagram. Com uma mistura de curiosidade e medo, ele abriu a foto. Lá estava Renato, com o mesmo sorriso de sempre, mas desta vez... beijando a garota que ele tinha visto dias atrás.

O mundo de Raul pareceu desmoronar naquele momento. Seus dedos tremeram sobre a tela, e ele sentiu o estômago revirar. Por mais que já soubesse que Renato gostava de mulheres, ver aquela cena diante de seus olhos era uma dor que ele não esperava sentir tão intensamente. Ele queria se segurar, evitar chorar na frente do primo e da madrinha, mas o nó em sua garganta só aumentava. Com um esforço enorme, Raul colocou o celular de lado, disfarçou o melhor que pôde e terminou de jogar como se nada tivesse acontecido.

Horas mais tarde, quando finalmente voltou para casa, a fachada que ele havia construído desmoronou. Assim que entrou em seu quarto, a dor que ele havia segurado explodiu. Ele se jogou na cama e deixou as lágrimas correrem. A frustração, a dor, o amor não correspondido, tudo se misturava em um turbilhão de emoções que ele não conseguia controlar.

Sem saber o que fazer, Raul pegou o celular novamente e, ainda soluçando, enviou uma mensagem para Ana Beatriz. Ele precisava contar a ela, desabafar com alguém que pudesse entender sua dor. Em poucos minutos, Ana Beatriz respondeu, oferecendo todo o conforto que podia, mesmo à distância. Ela o lembrou de que ele não estava sozinho, que tudo ficaria bem, mas naquele momento, nada parecia capaz de aliviar o que Raul sentia.

Enquanto Raul tentava lidar com seu coração partido, do outro lado da cidade, Luís Antônio estava em um ambiente muito diferente. Ele passava seu final de semana na biblioteca, mergulhado em livros de biologia, sua paixão. O silêncio do lugar sempre o ajudava a se concentrar, e aquela tarde não era diferente.

Luís estava focado em um livro específico sobre biologia animal, procurando na estante o volume certo. Quando finalmente encontrou o que procurava, estendeu a mão para pegar o livro. No exato momento em que tocou a capa, outra mão também se aproximou do mesmo livro. Surpreso, ele olhou para o lado e encontrou o olhar de um garoto desconhecido.

Por um breve instante, o mundo pareceu parar. As mãos deles se tocaram, e Luís sentiu algo diferente, uma espécie de eletricidade no ar. Os olhos do garoto, de um azul profundo, brilhavam com uma intensidade inesperada. Eles ficaram ali, parados, ainda segurando o livro, sem dizer uma palavra, apenas se encarando. A conexão foi imediata e inegável.

Luís, que geralmente era muito prático e racional, sentiu seu coração acelerar de uma forma que não conseguia explicar. O garoto sorriu timidamente e recuou a mão, deixando o livro para Luís. Ele deu um passo para trás, ainda olhando para Luís, como se algo também tivesse mexido com ele.

- Pode ficar com o livro - disse o garoto, a voz suave e gentil. - Parece que você chegou primeiro.

Luís sorriu de volta, sentindo o rosto esquentar.

- Obrigado... - murmurou ele, ainda atordoado pelo momento.

Sem saber o que mais dizer, o garoto se afastou, mas não sem antes dar uma última olhada para Luís. Eles trocaram um último sorriso, e Luís ficou ali, parado, segurando o livro, mas completamente perdido em pensamentos.