Luto Cósmico

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Em um piscar de olhos,

me encontro,

me sento em uma cama fria, mas confortável,

me situo em uma manhã cinza porém calma,

ainda tentando me acordar,

pois se essa é a realidade da terra,

eu prefiro voltar.


Há algumas semanas eu admirava o azul das nebulosas,

se extendendo pelo além da minha visão periferica,

mas agora ela é escura,

e me encontro algumas vezes por dia ajoelhado,

vendo as cores dos alimentos que ingeri,

no fundo do azul escuro de uma privada.


Queria a certeza de que a morte guarda em si soluções,

mas meu alvo está longe de onde vivo e minha mira não possui condições.

Quem sabe eu devesse ir pro próximo na lista,

que este mesmo escreveu.


Mas não, provavelmente não.

Quando alguém riscar seu nome, este será eu.

Não importa o tempo ou lugar

eu ainda vou te matar,

e ver seus olhos se desligando

a alma

que tentarei implorar



Deus, me perdoe pelo sangue em minhas mãos. Eu nunca pertenci a este lugar.

Se eu voltasse no tempo? Faria, erraria, me arrependeria e não mudaria

aqui, ainda estaria, pois sou um enviado dos céus acabando com os males desse mundo

já estava escrito na tábua dos mandamentos, não estava?

Se eu me arrependo?

apenas nos momentos em que não consigo lembrar da sensação de o ver gritar e sangrar.

Meu paraíso é vermelho

e eu ainda vou te matar.




Ao céu, me responda,

algum dia serei perdoado?

pois eu trocaria tudo que tenho hoje,

só pra estar ao seu lado.

Apagaria as estrelas e ascenderia singularidades,

se isso significasse, uma vez mais,

viver sonhos acordados.


Sobrevivo uma queda eterna,

em um planeta de dois polos,

passando por todas essas fases

algumas milhares de vezes ao dia,

mas ontem na noite de um deles,

as leis se quebraram,

e de alguma forma fui lançado ao espaço,

sem mais quedas, mas ainda assim,

assisto, sinto e consinto ao sentimento de gravidade que vive em mim.


No além da atmosfera,

a visão de um pequeno e pálido ponto azul

se emergindo à escuridão

e fazendo minha pupila dilatar.


Sinto a leve queimação de algo tocando minhas costas

mas meu pescoço não vira

com medo de minha pupila se queimar.


De olhos fechados, tento relutar,

e mesmo com a pele de minhas pálpebras

eu consigo visualizar,

um ponto distante de calor e luz


mas eu ainda não estou pronto para olhar.

(H) ArtsOnde histórias criam vida. Descubra agora