(H) Arts

Vampiros

E eu me pergunto,
se houvesse um espelho entre
suas palavras e as minhas
você conseguiria se ver?

Se todas as coisas que se passam
dentro dessa utopia pós apocalíptica
que você chama de mente
fossem verdades
você conseguiria viver?

E se, no espelho, ao meu lado
você conseguisse apenas se ver,
você realmente conseguiria crer?

As mãos se largaram,
as correntes se quebraram
e nos reflexos, você se afundou.

Em um mundo colorido (de tons genéricos)
com amigos e amigas (de temporadas)
de promessas (falsas)
de verdades (negadas)
de elogios (supérfluos)
você vive (você se quer está viva?!)

Na terra das maravilhas, eu me pergunto,
no espelho de "sodem", ao anoitecer,
o meu rosto você consegue ver?

Em  seus pesadelos, sou eu quem faço acordar caindo?

Em seus sonhos, sou eu quem você esquece?

Em seus medos, sou eu quem possuo garras?

Em seus tremores, sou eu quem te observa dormir?

Aposto que deve ter recebido conselhos ótimos de lagartas, gatos que voam e chapeleiros malucos, enfim, pessoas de outro mundo.

Eles devem olhar para a Terra
como o reino do senhor alfa
que merece ser queimado,
em razão das descrições precipitadas
das visões amaldiçoadas
de sangues que derramei.

Nesse universo distorcido, eu sequer estava acordado?

Ah, no além da lua de sangue,
e muito antes de no espelho você entrar
você faz ideia de quantas vezes já me fez
sangrar, chorar, gritar, orar, esperar e amar?

Ainda assim, nos reflexos, eu conseguiria te ver.

E meu bando também.

Mas é claro que seu primeiro pensamento ao ver meu sangue é "comparar" e não "curar".

Todos os grandes concordariam

que a dor não se mede.

Rosto pálido, insônia, frieza e sadismo.
Antes da mordida, você consegue se lembrar
da última vez que sugou meu sangue pra levar embora a dor?

Pois se algum dia isso aconteceu,
tudo que existia em mim também foi levado,
incluindo as memórias.

Eu deveria ter achado as noites estranhas,
quando no espelho, todos os dias
você começou a entrar,
mas eu sempre fui um bobo hipnotizado pela magia da mordida,
mesmo com a sua própria linhagem
tentando me alertar.

Isso é uma droga ou algo do tipo?
Altera sua percepção da realidade de rigor ou por dor?

Você sequer está acordada?

Quão distante se precisa estar para olhar para o céu e não ver amor?

E se meu próprio mundo for de maravilhas,
eu deveria me matar,
mas sem uma estaca de madeira,
pois eu não sou a porra de um monstro

sou?