(H) Arts

Saudades

Sonhei que estava despencando pelo universo

observando todos os planetas caírem ao meu redor.

Passando por nebulosas e buracos negros procurando teu olhar.

Oxigênio suficiente para a eternidade suportar.

Eu vi a explosão de estrelas e a criação de supernovas

Eu senti a poeira estelar me completar e infectei outras civilizações.

Eu conheci o Deus de seus deuses e vi o tempo se quebrar, 

Mas a expressão vazia em meu rosto parecia sempre estar lá, sem que eu pudesse fazer nada para mudar.

Eu vi os pilares da criação e construí os da destruição.

Vagar o universo sem teu olhar deslumbrar não parece me confortar.

Sinto-me sufocado pelo ar e enterrado pelo tempo. 

Em busca de um oxigênio que consiga me salvar. 

De uma atmosfera qual possa me confortar.

Eu procuro outros universos, onde um cair possa ser um subir, para quem sabe seus braços eu possa voltar.

Não há destino que possa me salvar.

Fui condenado a existir, sentir.

Então que seja o inferno da existência

que possa me salvar.

Pois já não existe um ar

que eu possa respirar.

Não me sobrou nem mesmo o vazio do nada. Tudo que sou é uma alma despencando em seus sentimentos, afundando-se no cosmos.

Lamentando seus arrependimentos, por não poder te tocar.

Meus olhos já não diferenciam o brilho das sombras

E a única disparidade que consigo distinguir é se você está presente ou não.

Vivo por mim em minha confusão, longe de qualquer luz ou escuridão.

Distante do presente e perto de minha criação. Vivendo a amargura de ser uma alma existente inexistente.

Longe do que me criou, sou apenas o ser que se resultou da confusão de todos os mistérios do universo

Da matéria escura.

Do que vem pós morte.

O sentido da vida.

Eu sou o que abriga os segredos de um oceano inexplorado.

Eu sou todas as dúvidas

E confusões.

Não existe uma dimensão em que eu possa me criar.

Não existe uma dimensão em que eu possa existir longe de ti

E sentir novamente o que eu senti.

Você não é luz. 

Não é o doce.

Não é a esperança e o bem do mundo. 

Não é a deusa detentora da beleza do universo.

Você não é nada disso.

Você é apenas

a resposta para tudo.

Você é a minha solução.

Mas quando eu acordei, não houve tantas mudanças...

Você não estava lá.

E o aperto no peito que senti não era o encostar de sua cabeça.

Era a saudade novamente

me jogando para um universo de

solidão.

E até mesmo os mistérios são inúteis se existirem, inexistirem, longe de uma solução...

Então me diga.

Como devo suportar?