Tragédia

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Se meu coração parasse hoje
provavelmente minha história seria
a maior tragédia já escrita.

Como dói estar certo,
como dói estar errado,
como eu devo continuar
sem ter mais motivações pra andar.

Como eu devo parar,
com meu coração pulsando,
se eu ainda quero amar.

Eu não quero ter cuidado escolhendo
o verdadeiro para sempre,
minhas últimas palavras,
mas eu não consigo parar.

Deve ter algo de errado comigo,
ser fiel a pessoas, frases e sentimentos,
ser sincero, mesmo nos piores momentos,
ainda estar apegado, aos maiores lamentos.

Parece que somente eu estou acordado,
em um mundo de hipnos,
e eu tive que perder tudo, pra perceber
para acordar para o mundo e ver a arte
para nela sentir, o amor, a dor.

Queria poder escrever sobre a raiva,
sobre a cor verde das fazendas e do certo,
sobre músicas e sobre outubro,
sobre a filosofia e o tédio,
mas é tudo irrelevante
ninguém visitará meu túmulo daqui 100 anos.

A dor se sobrepõe a tudo,
mas não era assim antes.

Provavelmente tenho que ser um demônio fictício, para que você possa viver.

Como a tragédia grega,
três caminhos, escolhas diferentes,
que levam ao mesmo sentimento.

Não se mover, viver, morrer.
É tudo a mesma coisa.
Quero estar errado,
estou certo,
mas qual o ponto?

A estupidez do ateísmo,
tudo que o universo prega
é a imutabilidade do destino,
a insignificância do ser e escolher,
não há um pensamento que um dia
não virará radiação cósmica de fundo,
e quando isso acontecer, espero que minhas
melhores memórias se encontrem com as suas
e deem origem a um universo onde possamos ser.

A ilusão do livre arbítrio,
podemos ir para qualquer lugar que quisermos,
mas não importa a distância que eu me encontre
tudo que me há reservado é a dor.

Que descanse em paz,
o meu amor.

(H) ArtsOnde histórias criam vida. Descubra agora