42. Fantasma

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-você se lembra?! das viagens no tempo!- gritou em plenos pulmões, segurei mais firme seus ombros

-anitta fala mais baixo- olhei para os lados- sim lembro, eu quero explicações por que caralhos está tentando mudar a timeline de novo.

-eu? achei que fosse você- nos encaramos.

Nos encaramos por alguns segundos e em seguida falamos em um único som.

-Joel!

-mas qual seria o motivo dele querer mudar a timeline, não tem nem sentido, pelo que lembro ele estava bem de vida estava rico e casado com uma top model.

-eu não sei...nós temos que achar ele- anitta coloca a mão no queixo.

-sim, há tem mais uma coisa, aparentemente eu e ele não estamos nos falando, então é uma coisa a mais para resolver- cruzo os braços nesse instante sinto alguém tocar assim que me viro a imagem de uma senhora mal encarada se fez presente.

-elizabeth vamos, estava procurando você, preciso que arrume a sala de vídeo pra mim- jogou uma chave e encarou anitta- a senhorita deveria estar na aula

-Ah claro, a sala de vídeo que fica aonde?

A senhora revirou os olhos, passando a mão pelo rosto e em seguida colocando as mãos na cintura.

-Segundo piso a direita, anda, anda.

-sim, to indo- olhei para Anitta na expectativa que a mesma entendesse que dessa vez eu deixava a parte difícil com ela- até mais Anitta.

Sai de lá indo na direção que a senhorinha havia dito, não foi difícil me achar naquele lugar já que pequenas plaquinhas nas paredes me guiaram na maior parte do caminho, assim que cheguei na sala, era uma sala imensa com várias cadeiras e um palco com uma mesinha na frente, então já comecei a organizar o Chromecast, o aparelho fica na parte superior da sala onde dá uma boa visão das cadeiras e da amplitude do lugar, quando o aparelho estava quase pronto ouço a porta abrindo, então meu sorriso amarelo foi posto no meu rosto e no mento que me viro para cumprimentar, as palavras travam quando o rapaz se faz presente.

-ah oi liz- o garoto de cabelos castanhos e cavanhaque por fazer, com roupas maiores que ele e o sorriso gentil que me acompanhou em uma das timelines da minha vida- Elizabeth?

vejo ele se aproximando e tocando gentilmente meu ombro, senti minhas pernas cederem mas por sorte o mesmo me segurou firme, me sentou em uma das cadeiras, se sentando ao meu lado, pegou um dos cadernos dentro da mochila e me abanou.

-Elizabeth você tá bem?- tocou minhas mãos- você tá gelada menina.

As palavras não saiam da minha boca, parecia que eu estava vendo um fantasma, o que era isso que estava acontecendo, senti lágrimas surgindo, assim finalmente alguma palavra saiu.

-você tá aqui...

-sim tô aqui- tocou meu rosto gentilmente- você não tá muito bem, o que aconteceu?

Toquei sua mão que estava em meu rosto, não sabia o porque dessa nova timeline e nem se Joel era o culpado por isso mas eu sabia que agradeceria seja lá quem iniciou essa timeline, tirei sua mão de meu rosto e procurei seu pulso, sentir os batimentos de seu coração sentindo o alívio instantâneo de ter uma certeza que não estava ficando louca..

-você tá aqui na faculdade...tá fazendo o que aqui- minha fala era pausada, tentando tomar cuidado com o que saía da minha boca.

-eu tô aqui sim calma, lembra tô fazendo direito- os olhos dele se dirigiram para a porta verificando se alguém se aproximava, mas meu corpo não se mexia parecia que eu era uma estátua de sal.

-E como está a sua mãe...

Ele respirou fundo, o que me confirmou o que eu imaginei.

-Ela morreu no acidente de carro, se lembra...

Eu não sei como, mas essa timeline conseguiu mudar uma parte importante da minha vida.

-ham eu lembro, desculpa Benicio...

-ben por favor não fala isso alto- ele dá um sorriso com um ar de preocupado- você tá melhor liza?

-to...eu...eu..- toquei minha cabeça tentando voltar a agir como se nada tivesse acontecido- eu só tô emotiva, vi um filme ontem que me deixou pensativa.

-você entra de mais nos filmes menina- ele pegou minha outra mão- tem certeza? parecia que tinha visto um fantasma.

Eu tô vendo um fantasma, Benicio moreira, nos conhecemos no ultimo ano do ensino médio em imperatriz, me lembro como se fosse ontem, ele tinha se mudado para a casa do lado da minha, minha mãe me fez levar um bolo para familiarizar os novos vizinhos, assim que bati na porta ele abriu com um sorriso tímido, a mãe dele rapidamente me convidou para entrar, tomei um café rápido e logo voltei pra casa, naquela noite recebi uma solicitação de amizade no floguinho, era ele, conversamos timidamente naquela noite e na manhã seguinte fomos juntos para a escola, depois desse dia nos mantemos juntos, acho que a anitta não vai lembrar dele já que eles não se falavam tanto, ai nós nos formamos, passamos no Enem e em seguida nos escrevemos para a faculdade, ele ia fazer psicologia, nós estávamos animados já que íamos morar juntos e viver a vida universitária dos sonhos e como eu tinha brigado com minha mãe na época a família dele virou a minha, mas antes das aulas começarem ele e dona helena, mãe dele, decidiram ir para a cidade para resolver algumas coisas, infelizmente os dois não voltaram, uma carreta bateu no meio do carro em um retorno, o cara estava bêbado dormindo no volante, o carro deu perda total e os dois morreram, eu me lembro de ter falado pra ele não ir e ficar em casa comigo e com a avó dele fazendo bolo e brigadeiro pro aniversario dela, que seria no dia seguinte, mas não fui tão insistente naquela timeline, eu demorei muito pra aceitar naquela época que meu melhor amigo havia morrido daquele jeito, eu reprimi qualquer tipo de memoria ou ate mesmo assunto que envolvesse ele, como se eu apagasse ele da minha vida, apagasse os sonhos e expectativas que construímos juntos, mas agora aparentemente nesse timeline, eu insisti o suficiente pra pelo menos salvar ele.

-desculpe...o filme mexeu comigo mesmo- sorri tentando melhorar a situação, toco na mão dele tentando passar tranquilidade- eu já arrumei tudo pra aula de seja lá deus quem, vamos? sei lá passear?

-você querendo passear, que loucura em liza- se levantou da cadeira- vamos, não quero nem saber de quem era essa aula.

-Era uma velha bem mal encarada.

Me levantei saindo da sala junto dele, senti um arrepio subindo o meu corpo todo cada vez que olhava pro mesmo, mas a saudade de sua companhia, falava mais alto do que os arrepios irritantes, então juntei nossos braços puxando o assunto mais aleatório que eu consegui.  

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