Tudo parecia sem força, mas Marinette Agreste, viúva de um guerreiro e filha de um Duque, ajoelhou-se diante do altar, com as mãos ensanguentadas e o cabelo cortado.
Ela inclinou a cabeça até o chão e começou a tossir. Perdeu tudo: o marido, o território, a esperança. Sentia-se vazia, despida de qualquer vestígio de vida ou propósito.
— Por favor, Deus... — sua voz frágil mal se sustentava. — Permita-me viver novamente. Eu prometo que farei tudo diferente.
Mesmo no seu estado de fraqueza, havia algo dentro dela que ainda se agarrava à vida, que ainda desejava melhorar, continuar. Marinette suplicava por uma chance de reconstruir aquilo que foi destruído.
Marinette tossiu novamente, dessa vez sentindo o gosto metálico de sangue preencher sua boca. O som da tosse ecoou pelo templo vazio, quebrando o silêncio solene que a envolvia. Ela levou a mão trêmula aos lábios e viu o vermelho escuro manchar seus dedos.
Seu corpo estava fraco, exausto. Cada fibra sua gritava por descanso, mas sua alma, apesar de despedaçada, ainda lutava por uma última chama de esperança. Seus joelhos cederam um pouco mais no chão frio, e por um instante, ela quase desistiu.
— Por favor… — sussurrou, sentindo a escuridão começar a envolver sua visão. — Eu prometo que farei tudo diferente… só me dê mais uma chance.
Mas, por mais que o corpo a traísse, algo nela ainda resistia. Ela fechou os olhos com força, lutando contra a fraqueza, sentindo a vida se esvaindo lentamente, enquanto sua mente insistia em encontrar um caminho, uma razão para continuar. O sangue em seus pulmões era um lembrete cruel de sua fragilidade, mas também da urgência de sua prece. Ela não podia partir assim, não antes de tentar mais uma vez.
Foi assim que Marinette sentiu seu último suspiro escapar, mas... não daquela vez. Um súbito alívio percorreu seu corpo, como se toda a dor e fraqueza fossem dissolvidas num instante de pura leveza. Ela abriu os olhos lentamente, esperando encontrar o céu ou algum reino além da vida. Contudo, ao seu redor, o cenário não era celestial — era familiar.
— Hm? Eu estou... viva? — sua voz, agora firme, ecoou suavemente pelo quarto.
Ela se levantou, surpresa com a facilidade do movimento. Olhou para as próprias mãos, esperando ver as cicatrizes da lepra, as feridas que a atormentavam. No entanto, a pele estava limpa, sem marcas, sem dor. Ela passou os dedos pelos braços, como se testando a realidade, antes de erguer uma mecha de cabelo. Seu cabelo, antes curto e quebradiço, agora caía em ondas sedosas, mais longo e brilhante do que jamais havia sido.
— O que aconteceu...? — ela sussurrou, confusa, mas também tomada por uma estranha sensação de gratidão e renovação.
O quarto ao seu redor era exatamente como ela se lembrava — seu refúgio antes das perdas e das tragédias. Algo havia mudado, porém. Ela não estava apenas de volta à vida; havia renascido de uma forma que nunca imaginou ser possível. Marinette tocou o próprio rosto, percebendo que não apenas estava curada, mas restaurada.
— Eu... eu tenho quantos anos? — Marinette se olhou no espelho, o coração acelerado. Sua pele estava jovem, suas feições sem os sinais do tempo ou do sofrimento. Uma onda de desespero a tomou ao lembrar-se de Adrien Agreste, seu marido.
Sem pensar, ela correu para fora do quarto, ainda de pijama, seus pés descalços ecoando pelo corredor de pedra fria. Nada importava naquele momento, nem sua aparência nem a etiqueta. Ela precisava de respostas.
Ao virar um corredor, encontrou o mordomo Fernando, um homem de cabelos grisalhos e postura sempre impecável, mas agora visivelmente alarmado ao vê-la correr em trajes inadequados.
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Segunda Chance
FantasyMarinette Agreste, uma jovem duquesa, se vê revivendo sua vida após uma morte trágica. Ao acordar, determinada a garantir a segurança de seu futuro e de seu território, ela decide que está pronta para ter um herdeiro. Essa decisão a leva a confront...