Quando a luz suave da manhã invadiu a cela, Félix apareceu como prometido, movendo-se com cuidado para não acordar as outras prisioneiras. Ele passou primeiro por Kyoko, trocando um olhar carinhoso com ela enquanto pegava a manta e, em seguida, foi até Marinette. O silêncio entre ele e Kyoko era intrigante. "Por que eles fingem que não se conhecem?", Marinette pensou enquanto observava a cena de despedida.
Kyoko, por mais forte que fosse, tinha alguém com quem dividir suas dores. "Pelo menos... ela tem alguém para compartilhar o sofrimento," Marinette refletiu, sentindo uma pontada de solidão que fazia seu coração doer.
Assim que Félix saiu da cela, um nó apertou na garganta de Marinette. As lembranças de Adrien vieram à tona, e ela lutou para conter as lágrimas. "Meu amor, eu não sei se vou sobreviver por muito tempo..." Os pensamentos tomaram conta dela, enquanto seu coração se partia. "Eu também não consegui impedir você de ir para a guerra..." Adrien estava sempre presente em sua mente, como uma sombra que a acompanhava mesmo na escuridão.
A prisioneira velha acordou, seu semblante era de tédio, mas seus olhos brilhavam com malícia.
— E aí, duquesinha? Dormiu bem na sua cama de luxo? — ela soltou uma risada áspera, claramente se divertindo com a situação.
Marinette, que estava há poucos segundos mergulhada em seus pensamentos, ergueu a cabeça lentamente, seus olhos endurecidos.
— Melhor do que você poderia imaginar. — Sua voz saiu firme, seca, surpreendendo até a própria prisioneira. Ela ajustou a postura, determinada a não mostrar fraqueza. — E pelo menos não acordei com um semblante derrotado, como o seu.
A velha prisioneira estreitou os olhos, mas não respondeu de imediato. Marinette estava diferente. Não era mais apenas a duquesa frágil que havia chegado ali. Algo nela mudou, algo que assustava e desafiava.
— Se acha tão valente assim...— a mulher começou, com um meio sorriso debochado. — Vamos ver quanto tempo vai durar.
Marinette não respondeu de volta, seus olhos permaneceram fixos nos da mulher, duros como pedra. Ela não precisava provar nada para aquela prisioneira. "Já sobrevivi a coisas piores," pensou.
O choro suave do bebê ecoou pelas celas, atraindo a atenção de Marinette. Ela se aproximou, seus olhos suavizando ao ver a cena da mulher amamentando.
— Quantos anos ele tem? — Marinette perguntou com curiosidade, encostando-se nas grades da cela.
A mulher, de pele morena e cabelos cacheados, levantou os olhos, um brilho de amor visível ao olhar para seu filho.
— Tem oito meses — ela respondeu com um sorriso suave, enquanto acariciava a cabeça do bebê que agora mamava calmamente. Ele era sua única fonte de conforto naquele lugar sombrio.
Marinette ficou em silêncio por um momento, observando a ternura entre mãe e filho. Era um contraste gritante com o ambiente cruel que as cercava.
— Qual é o seu nome? — Marinette perguntou, com uma voz gentil.
— Sou Aisha. — Ela sorriu levemente, mas seus olhos carregavam um peso evidente. — E este é meu filho, Malik.
— Ele é lindo — Marinette comentou, tentando oferecer algum tipo de consolo. — Vocês dois não deveriam estar aqui...
Aisha soltou um suspiro triste, seus olhos focados no bebê em seus braços.
— Ninguém aqui deveria, mas não é assim que o mundo funciona, não é? — Ela olhou para Marinette com uma expressão cansada. — Eu faço o que posso para mantê-lo seguro, mas não sei por quanto tempo conseguirei.
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Segunda Chance
FantasyMarinette Agreste, uma jovem duquesa, se vê revivendo sua vida após uma morte trágica. Ao acordar, determinada a garantir a segurança de seu futuro e de seu território, ela decide que está pronta para ter um herdeiro. Essa decisão a leva a confront...