- abrigo

47 8 16
                                    

A luz suave do amanhecer começou a emergir no horizonte, iluminando a neve ao redor. Marinette, coberta de gelo, sentiu algo úmido lambendo sua mão gelada. Seu corpo, ainda dolorido, despertou com um sobressalto, a cabeça latejando de dor.

Ela abriu os olhos com dificuldade e olhou ao redor, vendo apenas a vasta imensidão branca da neve. Quando finalmente olhou para frente, seu coração disparou ao perceber a figura de um lobo branco parado diante dela.

— AAAAAAH! — ela gritou, tentando recuar, mas seu corpo estava fraco demais para se mover.

O lobo, no entanto, não se mexeu. Seus olhos, de um azul profundo, não mostravam agressividade, apenas uma calma quase misteriosa. Ele se aproximou novamente e, com delicadeza, encostou o focinho frio em sua mão.

Marinette hesitou, a respiração ofegante, mas aos poucos percebeu que o animal não tinha a intenção de atacá-la. Tremendo, ela estendeu a mão com cautela, tocando suavemente o pêlo macio e branco do lobo.

— Você... não vai me machucar... — murmurou Marinette, ainda incrédula. O lobo branco permaneceu ali, tranquilo, seus olhos fixos nela com uma serenidade quase protetora.

Ela olhou para cima, avistando o topo da montanha, onde Charles havia jogado seu corpo. A distância parecia imensa, e o peso da realidade a atingiu.

— Ok... vai ser difícil sair daqui — ela falou em voz alta, como se o lobo pudesse entender. Seus olhos voltaram para o animal, que agora se aproximava mais. Marinette notou uma cicatriz profunda atravessando o rosto dele, um sinal de que o lobo também já havia lutado suas batalhas.

Ela estendeu a mão lentamente, hesitante, e o lobo a cheirou antes de encostar o focinho suavemente em sua palma. Marinette sentiu o calor do animal em contraste com o frio da neve que a cercava.

— Parece que você também já passou por coisas difíceis, hein? — ela disse com um leve sorriso, ainda tentando assimilar a situação.

 O lobo olhou para ela, como se estivesse compreendendo suas palavras.

— Eu acho que nós dois precisamos sair daqui, não é? — Marinette continuou, seu corpo ainda dolorido, mas agora sentindo uma pequena chama de esperança. Ela tentou se levantar, apoiando-se na neve, mas suas pernas fraquejaram, e ela caiu de volta no chão.

O lobo se aproximou novamente, desta vez, como se estivesse oferecendo apoio. Ele encostou o corpo contra o dela, permitindo que Marinette se equilibrasse. Ela se agarrou no pelo macio, sentindo a força do animal.

— Você... vai me ajudar, não vai? — perguntou Marinette, os olhos lacrimejando, sem saber se de dor ou alívio. O lobo branco a olhou diretamente nos olhos, e como se respondesse à sua pergunta, começou a caminhar lentamente, guiando-a por entre a vastidão de neve.

Conforme caminhavam, Marinette olhava em volta, tentando entender o destino que o lobo havia traçado. Cada passo parecia levá-los para um lugar mais afastado da montanha.

— Espera... onde está me levando? — perguntou, com a preocupação crescendo em seu peito. 

O lobo não parou, mas soltou um uivo longo e profundo, que ecoou pelo vale coberto de neve.

— O que foi? Você está sentindo dor? — ela perguntou, temendo que o lobo estivesse ferido, mas ele continuou caminhando firme, sem demonstrar qualquer sinal de fraqueza.

Então, de repente, quatro figuras enormes surgiram entre as árvores à frente. Marinette congelou no lugar. Eram lobos, mas não qualquer lobo. Eles eram enormes, com olhos penetrantes e pelagem espessa que brilhava à luz do amanhecer. Seus corpos musculosos se moviam com uma graça feroz e ameaçadora. O coração de Marinette acelerou, o medo invadindo seus pensamentos.

Segunda Chance Onde histórias criam vida. Descubra agora