No dia seguinte, Félix se aproximou da beira da montanha, sua mente fervilhando com o plano de descer para recuperar Marinette. Ele rezava para que ela estivesse inteira, ou, ao menos, que os lobos não a tivessem atacado.
— Kyoko… — chamou, a voz carregada de preocupação. — Preciso que fique de olho na corda enquanto desço.
Kyoko se virou, os olhos fixos nele, cheios de apreensão.
— Félix, você tem certeza de que isso é seguro? A descida pode ser arriscada, e os lobos…
— Eu sei dos riscos — interrompeu, sua determinação inabalável. — Mas não posso deixá-la lá embaixo. Se ela está viva, preciso encontrá-la. E se não estiver... então ao menos terei a chance de dar a ela o descanso que merece.
Kyoko o observou, a preocupação estampada em seu rosto.
— Você está disposto a arriscar tudo por ela?
— Arriscar? — ele repetiu, os olhos ardendo com intensidade. — Não é apenas um risco, Kyoko. É a única coisa que posso fazer por Marinette. Não posso viver sabendo que não tentei.
Ela balançou a cabeça, o coração apertado pela intensidade da situação, mas sabia que a determinação dele não era algo que pudesse ser contido.
— Apenas tome cuidado. Prometa que voltará para mim.
— Prometo — Félix respondeu, sua voz firme. — Farei o que for preciso para voltar.
Com um último olhar de encorajamento, ele se preparou, segurando a corda com firmeza. Enquanto descia pela encosta íngreme, cada passo era cuidadosamente calculado, e o vento gelado parecia sussurrar advertências. Mas a imagem de Marinette era o que o movia; com cada movimento, sua esperança se renovava, guiando-o em direção ao que mais desejava encontrar.
Assim que seus pés pisaram no solo coberto de neve, Félix começou a arrastar os pés em busca do corpo da cunhada. O desespero começou a tomar conta dele à medida que a angústia se instalava em seu peito, cada vez mais pesado. Ele percorria a área, seu coração acelerado e os sentidos em alerta, mas o vazio em torno dele só aumentava.
Depois de vários minutos de busca, a realidade o atingiu como um golpe cruel: Félix não conseguia encontrar Marinette. O silêncio da montanha parecia ecoar sua angústia, e a ideia de que lobos poderiam tê-la devorado se infiltrava em seus pensamentos, cortando sua esperança como uma lâmina afiada.
— FÉLIX!? — Kyoko gritou do topo da montanha, sua voz cheia de ansiedade. — ENCONTROU ELA?
Félix respirou fundo, sentindo uma lágrima escorregar pelo seu rosto. “Desculpa, irmão… eu não pude socorrer sua esposa”, murmurou, segurando a corda com firmeza enquanto começava a escalar novamente.
Ao chegar ao topo da montanha, ele se ajoelhou no chão, a dor esmagadora se espalhando pelo seu corpo.
— Ela... ela foi devorada pelos lobos — ele disse entre soluços, a voz quebrada pela tristeza que o consumia. A realidade da perda se instalava como um peso insuportável em seu coração.
Kyoko correu até ele, envolvendo-o em um abraço apertado, seus próprios olhos cheios de lágrimas.
— Félix... — ela sussurrou, a dor de sua própria perda refletida em seu rosto. — Eu sei que você fez de tudo para socorrer…
Félix permaneceu ali, envolto em sua tristeza, a expressão marcada pela frustração e pela culpa. Ele sentia um peso imenso em seu peito, como se o fardo da responsabilidade o esmagasse.
Enquanto isso, no abismo, Marinette encarava os prisioneiros que se aglomeravam ao redor da mesa, prestes a se servir de uma refeição com as mãos sujas e descuidadas.
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Segunda Chance
FantasyMarinette Agreste, uma jovem duquesa, se vê revivendo sua vida após uma morte trágica. Ao acordar, determinada a garantir a segurança de seu futuro e de seu território, ela decide que está pronta para ter um herdeiro. Essa decisão a leva a confront...