Capítulo 18

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Quanto mais pessoas você ama, mais fraca você fica. Porque, há mais pelo o que sofrer. Há mais a se fazer, e você acabará fazendo coisas por elas, que sabe que não deveria fazer. Fará papel de tola para fazê-las felizes, e mantê-las seguras.

Tentar unicamente amar aos outros, sem antes amar a si mesma, é como construir uma casa, sem estruturas. E Anna era viciada em tentar preencher o seu vazio interior com algo que não era o amor próprio.

Mas afinal, do que Anna entendia sobre o amor?

Há mais de duas semanas Joel não via Anna. Tentava imagina-la, refazê-la a distância, olhava para seu relógio e tentava imaginar o que a rotina dela reservava para ela em dias normais, se estaria passando na cafeteria antes de chegar ao trabalho na galeria. Se estaria decidindo se no almoço seria comida chinesa ou mexicana. Se estaria em seu studio com o som alto, revelando suas fotos. Mas era cansativo, Joel não queria ter Anna apenas na imaginação.

Quanto tempo dura um tempo? Ele não sabia. Mas esperava que passasse depressa, que Anna se sentisse bem para conversar. Que ele pudesse tê-la ao seu lado. Que estivessem seguros de si mesmos. Desejava e esperava, que Anna pensasse nele como ele pensava nela, e que a dor que ele havia lhe causado em seu coração se aliviasse.

Mas a verdade é que Anna estava presente só de corpo, sua alma estava vagando por aí.

O sentimento, trouxe a tona mais do que ela pensou ser capaz de suportar. E a mente são lugares sombrios para se habitar nesses momentos. A busca pelos motivos, pelas razões, onde e quando foi que tudo começou a dar errado, são caminhos tortuosos, principalmente e quando, não há erros aparentes. Não há a quem culpar.

Em um cenário de probabilidade entre erros e acertos, a única solução é arriscar.

Clark estava atendendo a um cliente na galeria quando o comportamento de Anna chamou atenção. Ela estava completamente parada, olhando para um dos quadros expostos na galeria, os olhos piscando lentamente, até que começaram a ficar vermelhos e algumas lágrimas começaram a escorrer. A tela parecia um quadro de descanso para ela, onde ela pode desligar por alguns minutos e só se permitir sentir. Não sendo nem capaz de perceber que Clark estava ao lado dela. Isso se repetiu muitas vezes.

Agora ela repetia a mesma postura, mas em frente as janelas do apartamento de Clark.

"Anna..." ele dizia como se ela fosse reincidente. E era.

Ela limpou uma das lágrimas, rapidamente, como se pudesse esconder dele.

"Só quero que todo mundo suma, logo." os braços de Anna cruzados como se confessem algo dentro dela, enquanto segurava sua taça de vinho.

Clark piscou algumas vezes ao lado dela, quase descrente com o pedido, enquanto ela encarava as gotas da chuva que escorriam pelos vidros que rodeavam a sala do apartamento. Fúnebre, como o humor dela.

"Ah é?" Ele olhava para ela, enquanto as gotas da chuva batiam violentamente no vidro e ela nem piscava "Por que? Vai ser mais fácil para você viver num mundo sozinha?"

Ele se sentou em seu sofá, logo atrás dela, enquanto a olhava parada olhando a cidade acontecer sob seus pés, do vigésimo quinto andar.

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Before the Last - JOEL MILLEROnde histórias criam vida. Descubra agora