Capítulo 15

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Victoria era uma mulher inteligente e perigosa.

A vida para ela nunca foi fácil, nunca foi simples. Acostumada desde cedo com a desgraça. Fruto de uma família disfuncional, precisou cedo demais aprender a se virar sozinha.

Se você é uma mulher, o mundo pode ser um lugar hostil de formas inimagináveis. Você precisa ser forte, precisa ser esperta e precisa lutar pelo seu espaço. Mas isso não pode ser a justificativa, para se tornar uma pessoa ruim e sem caráter.

No entanto, Victoria não se importava com isso.

Ela aprendeu a ler as pessoas para se proteger, mas também para saber manipula-las. Aprendeu que as vezes, por sobrevivência, você deve fingir ser ingênua, mesmo quando você sabe exatamente o que fazer. Soube muito cedo que dinheiro era sinônimo de liberdade e poder. E não teve medo, nem remorso quando precisou passar por cima de princípios e responsabilidades, quando isso significava que algo estava ameaçando sua liberdade ou seu poder.

Quando ela conheceu Joel, ela conheceu a segurança e a força. Mas essas coisas ela podia ter por si própria, através de outros meios. E vindo de um lugar onde ela sobreviveu sem amor, esse simples sentimento não possuía significado para ela. O amor não seria capaz de prendê-la.

E não foi.

Por vezes, Victoria não sentia amor nem por ela mesma, como poderia se dispor a oferecer a outra pessoa?

Ela não nasceu para isso. E ela sabia perfeitamente disso.

Mas ela também sabia, que esse sentimento, o amor, era capaz de fazer pessoas fazerem loucuras. A se sacrificarem. Algo que ela nunca entendeu exatamente, como alguém poderia sacrificar a si mesmo, em nome do amor.

Tédio. Era o que ela sentia ao presenciar cenas em que alguém demonstrava amor. Para ela, era o sinônimo perfeito de fraqueza.

A vida toda dela, foi em prol de provar a si mesma que ela era forte, logo, era incapaz de amar. O único momento em que ela podia dizer que sentia algo parecido com amor, era quando ela se sentia poderosa, quando ela sabia que tinha o controle de algo ou alguém, e logo em seguida, isso a enchia de tédio, então ela sabia que era o momento de cair fora.

O relacionamento entre ela e Joel, foi como um meteoro vindo em direção a terra em alta velocidade, pegando fogo ao entrar em contato com a atmosfera, e destruir o que tocar.

Ela o admirou quando o viu lindo, e imponente. O desejou quando era algo que ainda não tinha o domínio sobre. Mas se entediou quando conquistou. Ela sabia que o que Joel podia oferecer a ela nunca a satisfaria. E foi embora quando percebeu que não tinha mais estômago para fingir ser o que não era.

No entanto, um jogo pode ter as cartas embaralhadas, e mudar a mão, a cada vez que uma carta é revelada.

Era por isso que ela estava ali.

Sentada na mesa do quintal do fundo da casa de Joel. Fazendo o que ela sabia fazer de melhor.

"Ah, para! Joel só tem essa cara de quem está prestes a fazer uma sopa dos seus ossos, no geral ele não passa de um ursinho."

Sarah suspirou um sorriso, balançando a cabeça, enquanto remexia em seu prato.

"É sério. Ele é o tipo de cara romântico." Victoria cantarolou as últimas palavras, dando a Joel um olhar.

Apesar de Joel nem se quer olhar para Victoria, Anna estava observando os dois. Não era como algo que deixasse Anna desconfortável, mas era necessário dizer que Joel sempre se sentava na ponta da mesa, ocupando sempre o lugar do homem da casa. Sarah sempre se sentava ao seu lado direito. Tommy sempre deixou a cadeira do lado esquerdo de Joel vaga, sentando-se na próxima, mas ainda assim, do lado esquerdo do irmão. A cadeira vaga, naturalmente acabou sendo ocupada por Anna. Mas desde que Victoria chegou, esse lugar havia sido reivindicado. Anna agora se sentava ao lado de Sarah em todos os jantares que estava presente, em todas as mesada de almoço de final de semana.

Before the Last - JOEL MILLEROnde histórias criam vida. Descubra agora