"Você está atrasada"
Annya revira os olhos, se ajeitando com as alças da mochila enquanto Tommy caminha em direção a ela com um sorriso torto no rosto.
"Se você me ajudasse em vez de fazer gracinha, poderíamos ir mais rápido." Ela mostra a língua para Tommy.
Joel e Sarah já estavam colocando na carroceria da camionete suas bolsas.
"Meu Deus, o que você está levando aqui? Sabe que é um dia de viagem né? E não um mês..."
Annya colocou as mãos na cintura.
"Pensei que você trabalhava com coisas pesadas, usando as mãos e a força..."
"HA-HA"
Joel revira os olhos, alcançando a bolsa do irmão, e ajeitando na carroceria junto com as demais coisas. Annya abraça Sarah passando o braço pelo seu ombro, a garota agarra a cintura dela.
"Eu preparei lanches, tem água e suco na bolsa térmica." Annya explica.
"Graças a Deus. Ninguém pensou nisso, e provavelmente iríamos comer sódio e tomar água de nascentes."
Joel parou, olhando cético para Sarah.
"Se você pedir um repelente, protetor solar, band-aids para os seus pézinhos, ou papel higiênico, é melhor que peça para Anna, não conte com os meus."
Sarah trocou olhares com Anna.
"Malvado!" Annya sussurrou para Sarah. As duas segurando para não rir.
"O que é isso? Ciúmes?" Tommy perguntou, batendo na carroceria.
Joel revirou os olhos.
"Nada como um clima adorável de uma viagem em família." Annya disse, empurrando os ombros de Sarah para tomarem seus lugares na camionete.
Era curioso como desde que Annya se afastou da loucura de Nova York - uma cidade que parecia ter mais de vinte e quatro horas por dia, onde semanas pareciam dias, e dias pareciam horas - a definição de tempo foi completamente ressignificada.
Desde o dia do mercado, as horas pareciam dias, os dias semanas, e uma semana era o mesmo que um mês. A ansiedade distorce a realidade das coisas. E por mais que ansiedade não fosse sinônimo de felicidade, ela estava curiosamente animada.
Foi à cidade e se certificou de tomar notas dos locais mais adequados e qualificados para comprar os itens que fazem parte do seu dia a dia, filmes de qualidades boas, papéis para as impressões das fotografias. Seus compostos químicos para as revelações. Também comprou filmes para as Polaroids, pensando em como Sarah ficaria animada em ver o resultado em minutos aparecer em suas próprias mãos.
Arrumou um trabalho, freelance, para eventos e ensaios, mas que a ocupou mentalmente como deveria, assim não pensava tão somente nessa viagem que aconteceria apenas no próximo final de semana.
Estudou e repassou informações sobre o uso e funcionamento das câmeras panorâmicas, pensando em como ela poderia explicar de uma forma fácil e útil, tudo que Sarah precisaria saber para poder fotografar. Separou em sua case todos os filmes, colocando extras, para que não faltasse e Sarah pudesse fazer quantos cliques ela quisesse, tentando inconscientemente aumentar a chances de acertos acima das chances de erros. Ela sabia que para boas fotos era necessário uma ligação com seu equipamento - o que Sarah não desenvolveria em um único dia -, entender qual a melhor forma para segurar a câmera, entender ângulos, entender dimensões, entender luz e sombra, entender o timer, mas acima de tudo ter liberdade e conforto para isso. E ela queria proporcionar isso para Sarah. Queria dar a liberdade para que ela descobrisse o jeito dela de fazer as coisas, e que para Anna restasse só as orientações.
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Before the Last - JOEL MILLER
Hayran KurguTudo tem um começo. As vezes pode ter um meio. E nem sempre tem um fim.