Before the Last - JOEL MILLER

Capítulo 19

Joel tentou se mover lentamente, e ser o mais cauteloso possível para não acordar as duas.

Sarah estava enrolada em Anna, dormindo em um abraço que ele mesmo tinha consciência do quão revitalizador era, realmente um dos melhores lugares para se estar. Ele levantou o braço de Sarah com cuidado, para que pudesse medir sua temperatura. Mas Anna despertou, atenta, e um pouco assustada, sem se mover muito, seu sono era tão leve que ele poderia dizer que ela nunca dormiu de fato, apenas fechou os olhos, ela levantou a cabeça em alerta, os olhos já estalados, a sua mente fazendo todas as ligações assim que os olhos se abriram, e se depararam com Joel ao lado delas. Ela franziu o cenho, a preocupação nunca a deixando.

Joel balançou a cabeça, na tentativa de tranquiliza-la.

"Só estou checando a temperatura dela." Ele sussurra, enquanto o termômetro apita, e ele checa antes de deixar em cima da mesa de cabeceira de Sarah, e acariciar o rosto dela, dormindo pacificamente no abraço de Anna.

Anna fica olhando para Joel, esperando por uma resposta.

"A febre passou..." Ele tranquiliza Anna.

Ela fecha os olhos em alívio, e volta a descansar a cabeça nos travesseiros fofos de Sarah.

Joel ainda acaricia o rosto da filha, quando olha para as duas deitadas juntas, como se fossem uma só. Tantas coisas eram certas na vida, mas muitas delas, ainda sim, mesmo sendo tão certas quando a água é composta de duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio, ainda assim, não são estabelecidas como deveriam.

"Eu fiz café..." Ele sussurrou, apontando o polegar atrás dele. Anna assente, depois olha para Sarah por um tempo, tão pacífica e tão suave, com os olhinhos fechados, segura em sua mente, e em seus sonhos. "Preciso ir trabalhar, fique o tempo que quiser." Ele olha para Anna, sorri um pouco. "Obrigado." Ele murmura antes de sair.

Anna o observa a deixar o quarto com cuidado máximo para não despertar a filha. O silêncio invade os sentidos de Anna, e é como se finalmente ela conseguisse respirar, depois do peso da tensão e preocupação terem sido removidos com a notícia de que a febre de Sarah tinha abaixado.

Ela não sabe quanto tempo exatamente, mas ter relaxado a fez dormir, e quando ela acorda novamente, Sarah ainda está do mesmo jeitinho. Anna se move com cuidado, retirando o braço de baixo do corpo de Sarah, segurando a cabeça dela, para acomoda-la nos travesseiros. Antes de sair da cama, lentamente para que as molas do colchão não a acordassem, ele cobriu Sarah, ajeitando os cabelos dela.

Anna realmente tinha perdido a noção do tempo, saiu no corredor se esticando, as juntas todas pareciam ter sido presas, muito tempo imóvel e tensa.

Estar na casa de Joel, era estranho, como se ela estivesse na casa de um estranho, sem a autorização, era desconfortável, ela caminhava na ponta dos pés, os braços se abraçando, e olhando como se corresse o risco de ser pega no flagra. Passou pela porta do quarto de Joel, e não pode evitar se congelar, mordendo os lábios numa briga interna consigo mesma, se deveria olhar para dentro dele ou não.

A sensação de que a imagem dele e de Victoria ali não pudesse ser apagada de jeito nenhum, foi um desafio para si mesma, fazendo-a olhar por teimosia, a pequena tortura boba e infantil da mente de que, se ela olhasse e a imagem saltasse em seus olhos como havia ficado em sua lembrança, ela poderia agora, lidar de forma diferente e em vez de desmoronar, internalizar a dor e seguir como se aquilo não significasse nada.

Mas para sua surpresa, tudo que ela encontrou - é claro - foi uma cama vazia e feita, os lençóis tão lisos sob a cama, que mal parecia ter alguém dormindo ali por muito tempo. E a imagem de um quarto tão bem organizado, a fez questionar a veracidade do que ela viu da última vez, o que, embora ela soubesse que não fosse verdadeira de fato, ainda assim causava dor, mas que agora parecia ser reduzida a nada. Como se nunca tivesse acontecido e, como se fosse bobagem todo aquele sentimento dolorido que ela carregou consigo essas últimas semanas.