Existe algum manual de instruções?
Um que diga: você deve levar no mínimo cinco meses para se apaixonar por uma pessoa. Três encontros para dar o primeiro beijo. Seis meses para o pedido de namoro. Três anos para o de casamento.
Existe?
Há alguma regra a ser seguida? Um código de condutas?
Deveria existir um código de condutas. Um que diga coisas do tipo: Não se apaixone pelo seu vizinho. Não flerte com alguém que você não tem interesse. Ou, não chame para sair com uma pessoa, e caso houver negativa ao convite, não leve outra mulher no lugar.
Anna tinha questões em si que eram muito mais profundas do que alguém realmente pudesse imaginar. Assim como Joel, também tinha situações com as quais deveriam lidar antes de qualquer coisa em sua vida. Mas a realidade latente, é que ninguém junta a sua merda, a organiza, antes de dar o primeiro passo em qualquer direção. A vida é um eterno improviso. Ninguém foi ensinado a viver, estamos todos improvisando. As coisas vão acontecendo, surgindo, e você vai decidindo por qual caminho seguir enquanto o tempo está passando, o ponteiro continua girando, e você precisa tomar suas decisões enquanto o sol nasce, se põe e a lua ocupa seu lugar. E as merdas que você deveria organizar, acabam sendo empurradas para baixo do tapete.
Não se engane, é assim com todos. Por mais limpa que a sala aparente estar, se você arrastar os sofás, ou levantar os tapetes, tenha certeza que encontrará sujeira por lá. Isso não é sobre qualidade de limpeza. Vai por mim.
Nesta roleta russa de improviso, Anna não planejou se apaixonar pelo vizinho. Anna planejou se mudar para Austin, ponto. Esse era o plano. Assim como Joel também não planejou se apaixonar pela vizinha. Ele apenas quis ajudar alguém, claramente despreparado para as empreitadas que decidiu assumir. Ser gentil, para variar.
Mas agora ela estava se afogando em olhos castanhos brilhantes.
E ele se sentindo culpado e confuso por decisões que não tomou e situações que não causou.
E o curioso, era que, por mais que a vida seja essa roleta russa de improviso, há coincidências. Alguns chamam de destino. Outros de acasos. Mas eles existem. Tanto fisicamente, quanto sentimentalmente. Quero dizer, qual a probabilidade de duas pessoas que se gostem na mesma intensidade, em um planeta com 6,1 bilhões de pessoas, se encontrarem?! As vezes pode até acontecer. Mas quero dizer, realmente se encontrarem. Morarem no mesmo país, no mesmo estado. Na mesma cidade, no mesmo bairro. Na mesma rua. Dividirem o mesmo CEP. Saírem. Almoçarem. Jantarem, juntos. Qual a probabilidade?
Qual a probabilidade de se gostarem, de acabarem no mesmo lugar em um final de semana, ele encontrar um antigo rolo de uma noite só, enquanto ela estaria trabalhando?
É mesmo o acaso? Ou nessa perspectiva, é o destino?
Joel e Anna, não se apaixonaram à primeira vista. Era algo que foi crescendo, que foi sendo cultivado. Por detalhes, pelo jeito um do outro, pela personalidade, pela voz, pelos olhares, pelos cabelos, pequenos toques, pelo humor, pela forma que Joel fazia Anna sorrir. Pela forma como Anna ficava tímida quando ele a encarava. Não houve hesitação. Era quase como se eles precisassem fazer isso; se apaixonarem.
A vida mesmo injusta continuava. Anna precisava entregar as fotos do evento. As fotos. A foto, que ela tirou de Joel e Kate. Isso a fez olhar para cima com ódio de si mesma.
Essa era uma das merdas de Anna. As vezes ela se apegava a coisas que a machucavam, porque a dor era o último elo com aquilo que ela estava perdendo.
Foi assim com a maioria das relações que ela tinha. Se apegando a coisas que a machucavam porque era o que ela tinha. Era ao que ela se sujeitava por medo de ficar sozinha. A promessa dela para ela mesma, era que a vinda dela para Austin traria mudanças, que ela não agiria da mesma forma como vinha vivendo em Nova York, mas agora ela estava parada na frente de vários papeis de foto, em uma luz vermelha, no quarto preto que Joel pintou, prestes a revelar a foto dele com outra mulher.
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Before the Last - JOEL MILLER
Fiksi PenggemarTudo tem um começo. As vezes pode ter um meio. E nem sempre tem um fim.