É incrível como você consegue sentir o contorno certinho da faca quando ela está dentro de nós.
Ela é incrivelmente fria. Não sei quanto tempo se passou, mas para mim pareceram dias. Dias apenas encarando Cornélius espantado enquanto aquela faca perfurava cada vez mais meu abdômen. O tempo ficando cada vez mais devagar.
Começo a sentir um gosto doce em minha boca que julgo ser sangue, mas não deixo que escorra. Tento distrair minha atenção da dor, porém é praticamente impossível ignorá-la.
Conforme o tempo ia passando, a dor diminuía e uma outra sensação tomou conta de mim. Acho que isso significa que a morte está se aproximando. A cada respiração o ar ficava mais difícil ainda de puxar, parecia que estava levando uma nova facada no peito.
Cornélius vai tirando a faca lentamente, o que faz com que eu sinta milímetro por milímetro dela novamente. Sinto que minha visão vai escurecendo. Não aguentaria muito mais tempo.
Não. Eu não posso deixá-lo sair ileso novamente. Antes dele terminar de puxá-la, ativo minha Hidden blade da forma mais discreta possível e espero até eu conseguir sentir que a faca finalmente sair e o sangue começar a preencher onde outrora ela estava, para em um movimento rápido e preciso, eu fincar a Hidden blade em seu peito.
Ele me olha com uma cara surpresa, e ainda sem tirá-la levo a outra mão até minha aljava e tiro de lá uma flecha, e enquanto eu tirava a Hidden blade de seu peito, levava a flecha até sua cabeça, para o caso de não ter atingido nenhum ponto vital.
Escuto a faca de Cornélius caindo no chão e quicando algumas vezes antes de tudo ficar em silêncio.
Então eu desmaio.
Estou na floresta da tribo. Deitado em uma clareira. A minha volta está cheio de margaridas e girassóis. O sol aquecendo levemente meu rosto. Me sento devagar e observo o começo da floresta. Sinto alguém tocando meu braço de leve e olho para ver quem é.
O meu pai.
Me viro e o abraço. Ele estava com uma expressão preocupada e aflita, mas não me importo.
- Você precisa acordar, Teçá. - Ele diz. O encaro com uma expressão de dúvida.
- Acordar? Mas está tão bom aqui..
- Por favor, filho. Acorda! - Quando ele diz isso, sinto uma dor insuportável em minha região abdominal. Abro a boca para responder, mas começo a cuspir sangue. Minha boca também começa a doer. Parece que estou em dois lugares ao mesmo tempo, porém o outro lugar é frio e doloroso.
Me concentro na clareira.
- Porque tenho que acordar?
- Porque se você continuar aqui, vai morrer. - Ele me olha com uma cara suplicante. - Por favor!
Não sei se consigo.
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Assassin's Creed - Liberdade
Historical FictionNunca havia passado pela cabeça de Alice que um dia ela se tornaria uma assassina. Bom, isso não teria acontecido com ela se uns agentes da Abstergo não tivessem invadido a sua casa naquelas férias de verão para roubar um documento de seu falecido p...